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Bolsonarismo e Centrão tentam salvar mandato de Eduardo Bolsonaro

Deputado do PL é alvo de processo no Conselho de Ética da Câmara

Eduardo Bolsonaro - 14/08/2025 (Foto: REUTERS/Jessica Koscielniak)

247 - Os aliados de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já articulam uma ofensiva política para tentar impedir a cassação do mandato do deputado. Ele é alvo de processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados sob a acusação de quebra de decoro, em razão do lobby realizado nos Estados Unidos em defesa de sanções contra a economia brasileira e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com Malu Gaspar, do jornal O Globo, a primeira etapa do plano dos bolsonaristas consiste em atrasar ao máximo o andamento do processo no Conselho de Ética. A expectativa é que, aproveitando brechas regimentais, o caso possa se arrastar por até 90 dias úteis — o que empurraria a análise para o próximo ano. O relator do processo, o também bolsonarista Delegado Marcelo Freitas (União Brasil-MG), é peça-chave nesse movimento.

Suspensão como tática de sobrevivência

A estratégia prevê que Eduardo Bolsonaro seja suspenso temporariamente, em vez de cassado. Isso permitiria que ele evitasse o acúmulo de faltas que poderia agravar sua situação e chegasse à data de desincompatibilização ainda no cargo. O objetivo é que a suspensão seja aprovada pelo plenário da Câmara com apoio do Centrão, transformando o caso em uma demonstração de força corporativa dos deputados.

O fantasma da PEC da Blindagem

A segunda parte do plano se ancora em um sentimento de revanche dentro da Câmara após a derrota da chamada PEC da Blindagem. A proposta, aprovada na Casa com ampla participação de bolsonaristas, foi rejeitada no Senado, apesar de garantias dadas pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que haveria acordo com Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

A rejeição da PEC foi vista como um gesto de humilhação aos deputados, aumentando o desejo de retaliação contra os senadores. Nesse cenário, a defesa de Eduardo Bolsonaro poderia ser apresentada como uma resposta política e uma forma de preservar a autonomia da Câmara.

Centrão entre pressão e desgaste

Para os bolsonaristas, após o apoio maciço à PEC derrotada, o Centrão teria o dever de retribuir ajudando a salvar Eduardo. Além disso, sustentam que a suspensão reforçaria a imagem de uma Câmara capaz de se proteger diante de ataques externos.

Apesar disso, ainda há incerteza sobre até que ponto o Centrão estará disposto a gastar capital político em defesa do filho de Jair Bolsonaro. O desgaste provocado pela votação da PEC da Blindagem já foi significativo, e líderes avaliam se vale a pena enfrentar novas pressões da opinião pública em troca de preservar o mandato de Eduardo.

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