Von der Leyen viaja à Escócia para tentar acordo comercial com Trump

247 - A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou que viajará neste fim de semana à Escócia para um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o objetivo de finalizar um acordo comercial antes de 1º de agosto — data a partir da qual tarifas de 30% sobre exportações europeias poderão entrar em vigor.

Após meses de negociações intensas entre Bruxelas e Washington, as conversas avançaram nesta semana em torno de um acordo que reduziria as tarifas para 15% sobre a maioria dos produtos europeus, com algumas exceções previstas. Segundo informações da Bloomberg, devem escapar das tarifas integrais setores como o de aviação, dispositivos médicos, medicamentos genéricos, alguns tipos de destilados e equipamentos industriais estratégicos para os EUA.

Acordo parcial e cotas para aço e alumínio

Entre os itens mais sensíveis, as importações de aço e alumínio deverão ficar sujeitas a um sistema de cotas. Acima do limite estabelecido, os produtos enfrentariam uma tarifa punitiva de até 50%. A medida visa proteger a indústria norte-americana sem causar ruptura total nas trocas bilaterais.

Em declaração feita nesta sexta-feira (25), antes de embarcar para a Escócia em viagem de lazer, Donald Trump afirmou que as chances de um acordo com a União Europeia são de "50-50". “Acho que a UE tem uma boa chance de fechar um acordo”, disse o presidente dos EUA.

Trump instituiu em abril um pacote de tarifas generalizadas sobre parceiros comerciais dos EUA, como parte de sua estratégia para reindustrializar o país, financiar a extensão de cortes de impostos e “impedir que o mundo continue tirando vantagem dos americanos”, como costuma declarar. As medidas incluem taxas de 25% sobre automóveis e autopeças, além de tarifas ainda mais altas sobre aço e alumínio. Ele também ameaça impor taxas sobre setores como farmacêutico e semicondutores, além de já ter anunciado tarifa de 50% sobre o cobre.

UE quer salvaguardas contra tarifas futuras

Enquanto busca um entendimento, a União Europeia pressiona por garantias contra novas tarifas futuras. A expectativa é de que o acordo inicial seja formalizado por meio de uma breve declaração conjunta, que dependerá da aprovação dos Estados-membros do bloco. Essa etapa funcionaria como um passo preliminar para futuras rodadas de negociação mais abrangentes.

Entre os temas que podem entrar nessa etapa inicial estão as barreiras não tarifárias, a cooperação em segurança econômica e compras estratégicas em áreas como energia e inteligência artificial.

Plano B europeu em caso de fracasso

Diante do risco de fracasso nas conversas, a UE prepara um pacote de retaliações que poderá atingir exportações norte-americanas no valor de até € 100 bilhões (cerca de US$ 117 bilhões), com tarifas de até 30% sobre produtos como aviões da Boeing, veículos fabricados nos EUA e bourbon. O bloco também avalia restrições a exportações de sucata metálica.

Caso Trump leve adiante sua ameaça de tarifar amplamente os produtos europeus, os europeus prometem ativar o chamado “instrumento anti-coerção”, que poderá atingir também setores como acesso a mercados, serviços e contratos públicos — desde que haja maioria entre os países do bloco para tanto.