China e UE reafirmam parceria estratégica e desafiam unilateralismo global, diz editorial do jornal chinês Global Times
Segundo a publicação, encontro entre Xi Jinping e líderes europeus marca nova fase da relação e reforça compromisso mútuo com o multilateralismo
247 - Em editorial publicado nesta quinta-feira (24), o jornal estatal chinês Global Times celebrou os avanços diplomáticos e econômicos nas relações entre a China e a União Europeia durante a 25ª Cúpula China-UE, realizada em Pequim.
O texto destaca o encontro entre o presidente chinês, Xi Jinping, e os presidentes do Conselho Europeu, António Costa, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como um momento “crucial” na trajetória de meio século da relação bilateral.
“China e União Europeia chegaram a mais um ponto de inflexão na história”, afirmou Xi Jinping, segundo o editorial. O líder chinês enfatizou que, diante de um cenário internacional em transformação acelerada, as duas potências devem exercer “visão e liderança” e tomar “decisões estratégicas corretas” que respondam às expectativas populares e resistam ao julgamento da história.
Cooperação climática e recado ao mundo
Após a cúpula, os líderes divulgaram uma declaração conjunta sobre mudanças climáticas, considerada pelo jornal um gesto simbólico e estratégico em meio à retirada de alguns países desenvolvidos de compromissos ambientais multilaterais. Para o Global Times, o posicionamento sino-europeu fortalece a governança climática global e demonstra “liderança responsável” diante da crise ambiental.
A iniciativa também foi bem recebida pela opinião pública internacional e por parte da mídia ocidental, de acordo com o editorial.
Avanços econômicos e pragmatismo em meio à turbulência
O texto resgata os marcos da relação desde 1975, quando o intercâmbio comercial somava apenas US$ 2,4 bilhões, até alcançar a marca de US$ 785,8 bilhões em 2024 — um aumento superior a 300 vezes. Outro símbolo do aprofundamento das trocas é a expansão da malha ferroviária de carga entre a China e a Europa, que hoje conecta 229 cidades em 26 países europeus.
Apesar das turbulências causadas pelo protecionismo e por tensões geopolíticas, a cooperação tem se intensificado. O jornal cita como exemplos os investimentos da Volkswagen e da BMW em solo chinês, a instalação de fábricas da CATL e da BYD na Europa, além de aquisições e expansões protagonizadas por Siemens e Tencent.
“Esses desenvolvimentos refletem a forte demanda por cooperação e o vasto espaço de benefício mútuo”, avalia o editorial.
Três princípios e a crítica ao pensamento da Guerra Fria
Segundo o Global Times, Xi Jinping apresentou três proposições centrais para o futuro da relação sino-europeia: respeito mútuo e consolidação da parceria, abertura com gerenciamento adequado das diferenças, e o reforço do multilateralismo com base nas regras internacionais.
A União Europeia, por sua vez, expressou apoio às propostas e reafirmou que não busca um “desacoplamento” da China. Bruxelas também acolheu positivamente a continuidade dos investimentos chineses e reiterou o compromisso com a Carta da ONU e com a autonomia diplomática europeia.
Nesse ponto, o jornal critica a leitura ocidental de que a cúpula serviria como um “termômetro” para medir o distanciamento entre Europa e Estados Unidos. Para o editorial, esse enquadramento ignora “a racionalidade e a resiliência” da parceria sino-europeia, construída ao longo de 50 anos, e reflete a “pressão externa para que a Europa escolha lados” — o que seria expressão de uma “mentalidade da Guerra Fria”.
Multipolaridade e expectativas globais
Xi Jinping definiu China e UE como “dois grandes atores” no cenário internacional. Juntas, as duas economias representam aproximadamente um terço do PIB mundial e 30% do comércio global. Para o Global Times, a estabilidade dessa relação tem implicações diretas não apenas para os dois lados, mas também para o futuro da globalização e para a consolidação de uma ordem mundial multipolar.
“A Cúpula China-UE reflete o desejo mútuo de aprimorar os laços e responde às expectativas globais por um modelo de convivência baseado no respeito, na cooperação e no benefício mútuo”, afirma o editorial. Em tom otimista, o texto conclui que os dois blocos devem continuar a ampliar os interesses comuns e resistir às pressões de “politização” e “nacionalismo econômico”.
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