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Trump pressionou Netanyahu a pedir desculpas ao Catar após ataque de Israel

Enviados de Trump revelam que ataque em Doha quase inviabilizou negociações de cessar-fogo

Netanyahu indica Trump ao Nobel da Paz (Foto: Reuters)

247 - O enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, e o genro do presidente Donald Trump, Jared Kushner, detalharam em entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS, os bastidores do acordo que resultou no cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Os dois afirmaram que o ataque israelense contra líderes do grupo palestino em Doha, no Catar, foi um ponto de ruptura nas negociações. O jornal Haaretz relata em reportagem que a ação militar de Israel quase inviabilizou o diálogo, gerando desconfiança no Catar, peça central no processo de mediação. Eles revelaram ainda que Trump exigiu um pedido formal de desculpas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ao emir do Catar, em uma ligação feita do Salão Oval. “O pedido de desculpas precisava acontecer. Simplesmente precisava”, disse Witkoff.

Um ponto de virada 

Os enviados norte-americanos relataram que, após o bombardeio em Doha, sentiram-se “traídos” pela falta de coordenação com Washington. Kushner afirmou que alertou Trump sobre a gravidade da situação e garantiu que as chances de êxito no cessar-fogo eram de “100%”, porque “não podíamos nos dar ao luxo de fracassar”.

Netanyahu sob pressão de Washington

De acordo com os negociadores, Trump interveio diretamente ao perceber que Israel “estava saindo de controle”. Kushner relatou: “Era hora de ser muito firme e pará-los de fazer coisas que não estavam no interesse de longo prazo de Israel.”

O pedido de desculpas de Netanyahu ao primeiro-ministro do Catar ocorreu semanas depois, acompanhado da apresentação do “plano de paz” em 20 pontos. Witkoff explicou que a medida foi decisiva para restaurar a confiança do Catar e reabrir o canal de comunicação com o Hamas.

Negociações diretas com o Hamas

Os enviados confirmaram também que receberam autorização de Trump para dialogar diretamente com lideranças do Hamas, entre elas Khalil Al-Hayya, que perdeu o filho no ataque israelense em Doha. Witkoff relatou ter expressado condolências pessoais: “Eu disse a ele que também havia perdido um filho e que éramos parte de um clube terrível: pais que enterraram seus filhos.”

Segundo Kushner, o raciocínio do acordo foi transformar os reféns em um fardo, e não mais em um ativo político para o Hamas. Ele questionou: “Qual foi o ganho do Hamas ao manter esses reféns, quando dezenas de milhares de palestinos foram mortos e metade de Gaza está destruída?”

Gaza devastada e desafios para o futuro

Antes da implementação do cessar-fogo, Kushner descreveu a destruição no território palestino: “Parecia que uma bomba nuclear havia explodido ali. As pessoas voltavam para as ruínas de suas casas apenas para montar uma tenda. É muito triste, porque não têm para onde ir.”

Apesar da devastação, Kushner defendeu que Israel precisa agora “ajudar os palestinos a prosperar” se quiser avançar na integração regional. Tanto ele quanto Witkoff rejeitaram categoricamente as acusações de genocídio contra Israel, embora admitam que o conflito deixou marcas profundas.

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