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Após lançar novos ataques, Israel deve interromper ajuda para a Faixa de Gaza

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou uma “forte retaliação” e determinou que aviões atacassem alvos no sul do território palestino

Criança palestina entre recipientes de água no sul da Faixa de Gaza 16/10/2025 (Foto: Ramadan Abed/Reuters)

247 - Israel vai suspender a entrega de ajuda humanitária a Gaza até segunda ordem, informaram diversos meios de comunicação israelenses neste domingo (19), de acordo com informações publicadas pela agência de notícias Reuters. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou uma “forte retaliação” e determinou que aviões atacassem alvos no sul de Gaza contra supostos ataques do Hamas. O grupo, que governa a Faixa de Gaza, afirmou que 33 pessoas morreram e negou participação em possíveis ataques. 

Troca de acusações

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Bandeiras do Hamas (verde), de Israel e Benjamin Netanyahu. Foto: Reuters

No sábado, Israel disse que a passagem de fronteira de Rafah entre Gaza e o Egito vai permanecer fechada e que sua reabertura depende de o Hamas cumprir suas obrigações sob o cessar-fogo.

Israel acusa o grupo de lentidão na entrega dos corpos dos reféns mortos. Na semana passada, o Hamas libertou todos os 20 reféns vivos em seu poder e, nos dias seguintes, entregou 12 dos 28 reféns mortos.

O grupo diz que não tem interesse em manter os corpos dos reféns restantes e que é necessário equipamento especial para recuperar aqueles soterrados sob os escombros.

A passagem de Rafah está praticamente fechada desde maio de 2024. O acordo de cessar-fogo também inclui o aumento da chegada de ajuda humanitária a Gaza, onde centen

Estatísticas: mortes e fome

De acordo com o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, mais de 68 mil palestinos morreram vítimas do genocídio cometido por Israel desde outubro de 2023. Os ataques de Israel também fizeram mais de 1,9 milhão de pessoas, ou 90% do enclave, serem deslocadas.

Em 22 de agosto, a Organização das Nações Unidas afirmou que mais de meio milhão de pessoas em Gaza estão passando fome, segundo a análise da Classificação Integrada de Segurança Alimentar. Esta é a primeira vez que a fome é declarada no Oriente Médio. E o quadro deve piorar.

A ONU comentou os dados. “Relatório de segurança alimentar, apoiado pela organização, retrata situação de inanição generalizada, miséria e mortes evitáveis”, afirmou a entidade na época, acrescentando que o “quadro é uma falha da própria humanidade”. “Primeira vez que a fome é declarada no Oriente Médio”.

Acordo

Para tornar possível o cessar-fogo na Faixa de Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao lado de representantes do Egito, Catar e Turquia, assinou um acordo na última segunda-feira (13). No mesmo dia, de acordo com autoridades israelenses, foram soltos 250 palestinos condenados a penas longas ou prisão perpétua, além de 1.700 mantidos sob detenção sem acusação formal. Do total, 154 prisioneiros foram encaminhados ao Egito, segundo a Sociedade de Prisioneiros Palestinos.

O documento prevê que Israel realize uma retirada parcial de suas tropas da Faixa de Gaza. Em contrapartida, está prevista a libertação de pessoas detidas em ambos os lados: o Hamas deverá soltar todos os israelenses capturados desde outubro de 2023, enquanto Israel aceitou liberar aproximadamente 2 mil palestinos, incluindo mulheres, crianças e presos mantidos há décadas.

Outro ponto acordado é a abertura de rotas para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza. A trégua assegura o envio de alimentos, medicamentos e combustível.

A supervisão do cumprimento das medidas ficará sob responsabilidade de uma coalizão internacional composta por Estados Unidos, Egito, Catar, Turquia e pela Organização das Nações Unidas (ONU), que terá a função de monitorar a aplicação do acordo.

Denúncias

Em dezembro de 2023, Israel passou a ser alvo de uma ação apresentada pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ). A petição do governo sul-africano solicitava medidas imediatas contra autoridades israelenses, alegando que o país estaria praticando atos de genocídio contra a população palestina na Faixa de Gaza.

Segundo a argumentação da África do Sul, tanto as operações militares quanto a falta de ação do Estado de Israel representariam violações à Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. A defesa israelense, por outro lado, afirmou que suas ações são estritamente defensivas diante de ataques terroristas e rejeitou integralmente as acusações. O Brasil manifestou apoio formal à iniciativa sul-africana.

Em janeiro de 2024, a CIJ determinou que Israel deveria adotar medidas para evitar o genocídio, responsabilizar pessoas que incitassem a destruição do povo palestino e assegurar a chegada de ajuda humanitária a Gaza. A corte, no entanto, não atendeu ao pedido da África do Sul para interromper imediatamente as operações militares israelenses. Vários países, entre eles o Brasil, declararam apoio ao processo.

Posteriormente, em novembro de 2024, a CIJ emitiu ordem de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o então ministro da Defesa Yoav Gallant e líderes do Hamas, acusando-os de crimes de guerra. Tanto o governo israelense quanto o grupo palestino rejeitaram as acusações.

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