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Forças de Israel voltam a fazer ataques contra a Faixa de Gaza

Os novos bombardeios abalam o cessar-fogo que ainda enfrenta dificuldades de ser implementado no território palestino, onde ocorre o genocídio

"Gaza está queimando", anunciam os sionistas genocidas (Foto: REUTERS/Amir Cohen)

247 - Israel lançou uma série de ataques em Gaza neste domingo, em resposta a ataques contra suas forças, informou o Exército israelense, abalando um já frágil cessar-fogo no enclave devastado pela guerra, enquanto trocava acusações com o grupo militante Hamas por violações da trégua.

Moradores de Gaza e autoridades de saúde locais relataram que ataques aéreos israelenses e disparos de tanques no enclave mataram pelo menos 11 pessoas.

Uma autoridade militar israelense afirmou que outros ataques contra alvos do Hamas ainda podem ser lançados, em retaliação a pelo menos três ataques contra tropas israelenses neste domingo.

Segundo o Exército israelense, os ataques aéreos e os disparos de artilharia tiveram como alvo militantes na área sul de Rafah, que haviam disparado contra seus soldados e lançado um míssil antitanque.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que ordenou ao Exército que respondesse com força ao que descreveu como violações do cessar-fogo por parte do Hamas.

O braço armado do Hamas disse em um comunicado que o grupo segue comprometido com o acordo de cessar-fogo em toda a Faixa de Gaza, acrescentando não ter conhecimento dos confrontos em Rafah e que não tem contato com os grupos de lá desde março.

A escalada foi o teste mais sério até agora para o cessar-fogo em Gaza -- que entrou em vigor em 11 de outubro e interrompeu dois anos de guerra --, diminuindo ainda mais as esperanças de que a trégua mediada pelos EUA possa levar a uma paz duradoura.

O ministro da Defesa, Israel Katz, disse que a "linha amarela", para onde as forças israelenses recuaram sob o acordo de cessar-fogo, será fisicamente demarcada e que qualquer violação do cessar-fogo ou tentativa de cruzar a linha será recebida com fogo.

Acordo

Para viabilizar o cessar-fogo na Faixa de Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, juntamente com representantes de Egito, Catar e Turquia, assinou um acordo na última segunda-feira (13). No mesmo dia, segundo autoridades israelenses, foram libertados 250 palestinos condenados a penas longas ou prisão perpétua, além de 1.700 detidos sem acusação formal. Do total, 154 prisioneiros foram transferidos para o Egito, conforme informou a Sociedade de Prisioneiros Palestinos.

O acordo estabelece que Israel deve promover uma retirada parcial de suas forças da Faixa de Gaza. Em troca, haverá libertações de detidos em ambos os lados: o Hamas concordou em soltar todos os israelenses capturados desde outubro de 2023, enquanto Israel aceitou liberar cerca de 2 mil palestinos, entre eles mulheres, crianças e presos mantidos há décadas.

Outro ponto previsto é a abertura de rotas destinadas ao envio de ajuda humanitária. A trégua garante a entrada em Gaza de alimentos, medicamentos e combustível.

A supervisão do cumprimento das medidas será realizada por uma coalizão internacional formada por Estados Unidos, Egito, Catar, Turquia e pela Organização das Nações Unidas (ONU), responsável por monitorar a execução do acordo.

Impasses

A passagem de fronteira de Rafah, entre Gaza e o Egito, permanecerá fechada até segunda ordem, disse o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu neste sábado, acrescentando que sua reabertura dependerá da entrega dos corpos dos reféns mortos pelo Hamas.

A declaração de Netanyahu ocorreu pouco depois de a embaixada palestina no Egito anunciar que a passagem de Rafah, principal porta de entrada e saída dos habitantes de Gaza, seria reaberta na segunda-feira para a entrada em Gaza.

Tribunais internacionais

Em dezembro de 2023, Israel passou a responder a uma ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ). A acusação apresentada pelo governo sul-africano solicitava medidas imediatas contra autoridades israelenses, alegando que o país estaria cometendo atos de genocídio contra a população palestina na Faixa de Gaza.

De acordo com os argumentos da África do Sul, tanto as ofensivas militares quanto a inação do Estado de Israel violariam a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. A defesa israelense, por sua vez, sustenta que suas ações têm caráter unicamente defensivo diante de ataques terroristas e nega todas as acusações. O Brasil declarou apoio formal à iniciativa sul-africana.

Em janeiro de 2024, a CIJ determinou que Israel adotasse medidas para prevenir o genocídio, punisse indivíduos que estimulassem a destruição do povo palestino e garantisse o envio de ajuda humanitária a Gaza. A corte, entretanto, não aceitou o pedido da África do Sul para a suspensão imediata das operações militares israelenses. Diversos países, incluindo o Brasil, manifestaram apoio ao processo.

Meses depois, em novembro de 2024, a CIJ expediu ordem de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o então ministro da Defesa Yoav Gallant e também contra líderes do Hamas, sob acusação de crimes de guerra. Tanto o governo de Israel quanto o grupo palestino rejeitaram as acusações (com Reuters).

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