Putin sugere negociações para acabar com a guerra na Ucrânia, mas alerta para uso da força se necessário
Presidente russo diz que ainda há uma chance de resolver o conflito por meio de negociações, mas reafirma condições rígidas para Kiev
247 - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira (3) que existe uma possibilidade de encerrar a guerra na Ucrânia por meio de negociações, desde que haja "bom senso" por parte das partes envolvidas. Em declaração durante uma visita à China, Putin demonstrou-se otimista, destacando os esforços dos Estados Unidos em buscar uma solução para o conflito. No entanto, ele deixou claro que, caso as negociações não avancem, a Rússia está disposta a recorrer ao uso da força para alcançar seus objetivos.
Falando em Pequim, no final de uma visita que resultou em um acordo para um novo gasoduto que levará gás russo à China, Putin reconheceu sinais de "uma certa luz no fim do túnel" para a resolução do impasse. "Parece-me que, se o bom senso prevalecer, será possível chegar a um acordo sobre uma solução aceitável para acabar com esse conflito. Essa é a minha suposição", afirmou o presidente russo, de acordo com a agência Reuters.
Putin também elogiou a postura do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como positiva nesse processo de busca por uma solução. "Especialmente porque podemos ver a disposição da atual administração dos EUA sob o comando do presidente Trump, e vemos não apenas suas declarações, mas seu desejo sincero de encontrar essa solução... E acho que há uma certa luz no fim do túnel. Vamos ver como a situação se desenvolve", disse Putin, destacando a importância das negociações. No entanto, ele advertiu que, “caso contrário, teremos que resolver todas as tarefas que temos pela frente pela força das armas."
Apesar da disposição para conversar, Putin manteve suas exigências de longa data, como a demanda de que a Ucrânia desista de qualquer intenção de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a eliminação das alegadas discriminações contra falantes de russo no território ucraniano. Ele também se mostrou aberto a conversar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, caso este aceite viajar para Moscou. No entanto, Putin insistiu que qualquer encontro precisaria ser bem preparado e resultar em decisões concretas.
Por outro lado, o governo ucraniano descartou a possibilidade de realizar uma reunião com Putin em Moscou, considerando-a "inaceitável". O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, deixou claro que Kiev não aceitaria uma proposta de encontro em território russo.
Em meio a essa tensão, Zelensky tem pressionado por um encontro com Putin para discutir os termos de um possível acordo de paz. No entanto, as negociações ainda parecem distantes, com os dois lados afastados em suas condições. O presidente ucraniano também pediu que os Estados Unidos imponham mais sanções à Rússia, caso o Kremlin não aceite um acordo. Trump, por sua vez, tem tentado atuar como mediador nesse processo, reiterando seu desejo de ver os dois líderes se encontrando. No entanto, o presidente dos EUA ainda não aplicou novas sanções secundárias à Rússia, embora tenha ameaçado fazê-lo.
Putin, cuja economia tem mostrado sinais de estresse devido às severas sanções econômicas impostas pelo Ocidente, ainda se mantém favorável a uma solução diplomática para o conflito. "Preferiria terminar a guerra por meios pacíficos, se possível", afirmou, reforçando a ideia de que, caso não haja outro caminho, a Rússia estará pronta para buscar seus objetivos por meios militares.
A Rússia continua a afirmar que anexou quatro regiões ucranianas, embora esta alegação seja amplamente rejeitada pela Ucrânia e pela maioria da comunidade internacional, que considera essa ação uma apropriação ilegal de territórios, caracterizada como uma guerra de conquista de estilo colonial.