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      "Se Zelensky estiver pronto, que venha a Moscou e a reunião acontecerá", diz Putin

      Em coletiva, presidente russo também criticou o uso da questão ucraniana para fins políticos internos nos EUA

      Vladimir Putin (Foto: Tass)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Durante visita à China, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, abordou temas importantes sobre a situação da Ucrânia, a relação com a China e a governança global. Em uma coletiva de imprensa no encerramento de sua participação na cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), ele fez declarações que podem ter implicações tanto no cenário internacional quanto nas negociações de paz com Kiev.

      Segundo a Sputnik Brasil, a visita de Putin à China foi marcada por um encontro bilateral com o presidente chinês, Xi Jinping, onde ele expressou apoio à Iniciativa de Governança Global proposta pelo líder chinês. Essa iniciativa visa promover uma maior cooperação e uma relação de confiança entre diferentes nações. "Acredito que seja muito oportuna e visa promover um trabalho positivo entre os países", afirmou Putin, destacando a importância da confiança mútua para a construção de um futuro mais cooperativo.

      No campo energético, o presidente russo detalhou a longa negociação que resultou no acordo para a construção do gasoduto Power of Siberia 2, que visa fornecer gás à China a preços de mercado. "Isso é o resultado de muitos anos de trabalho de entidades econômicas de ambos os lados", declarou Putin, confirmando que a Gazprom está expandindo sua atuação no setor energético global.

      Porém, o tema mais esperado foi, sem dúvida, o da crise ucraniana. Putin reafirmou sua posição contra a adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mas expressou que nunca questionou o direito do país de buscar sua adesão à União Europeia (UE). "Sempre fomos contra a Ucrânia ser membro do bloco do Atlântico Norte, mas nunca questionamos seu direito de conduzir atividades econômicas e comerciais como bem entendesse", disse o presidente russo.

      A questão territorial da Ucrânia, no entanto, continua sendo um ponto central para Putin. O presidente da Rússia afirmou que a resolução dos conflitos territoriais deveria ser feita por meio de um referendo, conforme prevê a Constituição ucraniana. "De acordo com a Constituição ucraniana, quaisquer questões territoriais são resolvidas apenas por referendo, mas um referendo não pode ser realizado sob lei marcial", destacou.

      Em relação à segurança da Ucrânia, Putin afirmou que ela não pode ser garantida "às custas da segurança da Rússia". Ele acrescentou que a Rússia luta pelos direitos das pessoas que vivem em territórios disputados, destacando o direito de falar sua própria língua e manter sua cultura. "Estamos lutando não tanto por território, mas sim pelos direitos humanos", disse Putin, ressaltando que a democracia e o direito internacional devem ser respeitados.

      Putin também propôs uma possível reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, caso ele esteja disposto a dialogar. "Se Zelensky estiver pronto, ele deveria vir a Moscou. A reunião acontecerá", declarou o presidente russo, sublinhando que nunca descartou essa possibilidade. Ele ainda mencionou que informou ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a chance de tais negociações. "Eu disse a ele: 'Sim, é possível'", relatou.

      Em um ponto mais amplo, Putin criticou o uso da questão ucraniana para justificar tarifas impostas ao Brasil, alegando que essa conexão não faz sentido algum. "Usar a questão ucraniana para aplicar tarifas ao Brasil por questões de política interna não tem lógica", afirmou o presidente russo.

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