Putin propõe encontro com Zelensky em Moscou após ligação com Trump
Kiev rejeita sugestão, mas Rússia e EUA sinalizam possível reunião trilateral para discutir o fim da guerra na Ucrânia
247 - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu a realização de um encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Moscou. A informação foi divulgada pela agência AFP, que destacou que a proposta surgiu durante uma ligação telefônica de Putin com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na segunda-feira (18), logo após a reunião de Trump com Zelensky e líderes europeus na Casa Branca.
Segundo a agência, Kiev rejeitou a proposta de imediato. Zelensky, que estava acompanhado dos chefes de governo europeus durante o telefonema, teria respondido “não” quando questionado sobre a possibilidade de uma reunião na capital russa.
Trump fala em encontro trilateral
Após a reunião em Washington, Donald Trump afirmou que está articulando uma reunião trilateral entre ele, Putin e Zelensky, embora não tenha revelado local ou data. Em entrevista à Fox News, o presidente americano declarou que a Ucrânia deve manter “muito território”, em referência às áreas atualmente ocupadas pela Rússia, mas sem especificar quais.
Trump também avaliou que Putin pode não estar disposto a assinar um acordo de paz: “O Putin está cansado dessa guerra. Mas vamos descobrir mais sobre o presidente Putin nas próximas semanas... É possível que ele não queira fechar um acordo”, disse, destacando ainda que a relação entre ele e o líder russo é “calorosa”.
Moscou sinaliza disposição para negociar
Nesta terça-feira (19), o chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou que Moscou “não rejeita nenhum formato” de discussão sobre o processo de paz. Ele também sugeriu que a Rússia poderia abrir mão de parte dos territórios ocupados, mas insistiu que o acordo deveria incluir garantias de segurança para Moscou.
O assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, classificou a conversa entre Trump e Putin como “franca e construtiva”, mas tratou a ideia de encontro entre os presidentes russo e ucraniano ainda de forma vaga, falando apenas em “explorar a possibilidade” de negociações diretas.
Garantias de segurança em debate
Durante a cúpula realizada na Casa Branca, líderes europeus reforçaram a necessidade de garantias sólidas para a Ucrânia em caso de acordo de paz. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, defendeu que o compromisso seja semelhante ao Artigo 5 da Otan, que prevê defesa mútua entre aliados.
Zelensky, por sua vez, afirmou que já iniciou o desenho de propostas para assegurar a defesa do país: “Haverá garantias de segurança”, declarou. O líder ucraniano também reiterou sua disposição em se encontrar com Putin, mas ressaltou que o encontro não deve vir acompanhado de pré-condições.
Ceticismo europeu
Embora Trump tenha demonstrado otimismo quanto a um possível fim da guerra, a posição europeia foi de cautela. Emmanuel Macron e Alexander Stubb afirmaram que Putin não é confiável e não busca a paz, enquanto Giorgia Meloni alertou para a necessidade de assegurar que uma nova invasão russa não ocorra.