Protestos pró-Palestina reúnem 1 milhão em Roma e denunciam o genocídio de Israel em Gaza
Ato histórico na capital italiana reuniu até 1 milhão de pessoas em solidariedade ao povo palestino e em repúdio aos crimes de guerra
247 – Mais de um milhão de pessoas tomaram as ruas de Roma neste sábado (4) em um dos maiores atos pró-Palestina da história recente da Europa. Foi o quarto dia consecutivo de manifestações em toda a Itália, desde que Israel interceptou uma flotilha internacional que tentava levar ajuda humanitária a Gaza. Segundo a Reuters, que acompanhou o protesto, os organizadores estimaram mais de 1 milhão de participantes, enquanto a polícia calculou 250 mil.
O ato, marcado por gritos de “Free Palestine” (“Palestina livre”), percorreu o centro da capital italiana, passando pelo Coliseu, e contou com a presença de famílias inteiras — crianças, estudantes e idosos. O músico romano Francesco Galtieri, de 65 anos, expressou o sentimento que unia os manifestantes: “Estou aqui com muitos amigos porque acho importante que todos nós nos mobilizemos individualmente. Se não nos mobilizarmos, nada vai mudar”, afirmou à Reuters.
A marcha transcorreu de forma pacífica durante grande parte do dia, mas terminou em confrontos próximos à Basílica de Santa Maria Maior. De acordo com a polícia, cerca de 200 manifestantes se separaram do grupo principal e enfrentaram agentes em equipamento antimotim, que responderam com gases lacrimogêneos e canhões de água. Dois carros e diversas lixeiras foram incendiados, e doze pessoas foram presas.
Denúncia internacional contra o massacre em Gaza
Os protestos na Itália expressam a crescente indignação mundial com o massacre sistemático do povo palestino. Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, Israel lançou uma ofensiva devastadora contra Gaza que, segundo o Ministério da Saúde palestino, já matou mais de 67 mil civis, em sua maioria mulheres e crianças. As imagens de destruição e fome generalizada levaram juristas, organizações humanitárias e chefes de Estado a denunciarem o que se tornou um verdadeiro genocídio em curso.
Israel justifica sua ofensiva como resposta ao ataque do Hamas, que deixou 1.200 mortos e 251 sequestrados, mas sua reação extrapolou qualquer parâmetro de legítima defesa. Bombardeios indiscriminados, ataques a hospitais, escolas e campos de refugiados e o bloqueio total de alimentos, água e medicamentos configuram crimes de guerra segundo o direito internacional.
Em Gaza, bairros inteiros foram varridos do mapa, e mais de 2 milhões de pessoas vivem sob cerco e fome forçada, uma estratégia que especialistas da ONU classificam como punição coletiva.
A solidariedade do povo italiano
As manifestações na Itália têm ocorrido diariamente desde a interceptação da flotilha humanitária. Na sexta-feira (3), centrais sindicais convocaram uma greve geral em solidariedade a Gaza, que mobilizou mais de 2 milhões de pessoas, segundo os organizadores — número que o governo reduziu a 400 mil.
Em Roma, Milão, Nápoles e outras cidades, a população exigiu o fim imediato do bombardeio e do bloqueio israelense, além do julgamento de seus líderes por crimes contra a humanidade. Cartazes e faixas denunciavam a cumplicidade de governos ocidentais e pediam sanções internacionais contra Israel.
Governo Meloni tenta criminalizar o movimento
A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, de extrema direita e aliada do governo israelense, tentou deslegitimar os protestos ao culpar manifestantes por pichações em uma estátua do papa João Paulo II, em Roma. “Dizem que vão às ruas pela paz, mas insultam a memória de um homem que foi verdadeiro defensor e construtor da paz. Um ato vergonhoso cometido por pessoas cegas pela ideologia”, disse Meloni em nota oficial.
As declarações foram duramente criticadas por setores progressistas italianos, que acusam o governo de tentar silenciar a solidariedade com o povo palestino e de alinhar-se a uma política genocida que choca a consciência mundial.
Um clamor global por justiça
Os protestos em Roma fazem parte de uma onda de manifestações globais que exige o fim imediato da guerra e o reconhecimento da Palestina como Estado soberano. Em toda a Europa, cresce o apoio a boicotes e sanções contra Israel, diante da omissão das potências ocidentais e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que segue dando respaldo militar e político à ofensiva israelense.
O que se viu em Roma neste sábado foi uma demonstração de humanidade e resistência diante de um dos maiores crimes de nosso tempo. A Itália, assim como boa parte do mundo, parece ter deixado claro: o genocídio em Gaza não será esquecido nem perdoado.