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      Preços de carros, roupas e café devem subir nos EUA com nova rodada de tarifas

      Tarifas do governo Trump atingem maior nível desde a Grande Depressão e devem impactar duramente consumidores e empresas nos Estados Unidos

      Café brasileiro (Foto: Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Com a entrada em vigor, nesta sexta-feira (8), da nova rodada de tarifas comerciais do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os preços de diversos produtos no país — como carros, roupas, calçados e até o café — devem subir significativamente. A informação foi publicada originalmente pelo The Washington Post, em ampla reportagem assinada por Abha Bhattarai.

      Segundo a matéria, a nova rodada de tarifas eleva a média de taxas de importação para 18,6% — o maior índice desde 1933. Economistas alertam que a medida deve provocar aumentos imediatos nos preços ao consumidor. “As tarifas deixaram de ser provisórias para se tornarem permanentes — e isso muda a forma como as empresas americanas vão reagir”, afirmou Justin Wolfers, professor de política pública e economia da Universidade de Michigan. “Você vai começar a ver preços mais altos assim que os negócios se convencerem de que isso veio para ficar, e esse momento começa hoje.”

      Impacto direto no bolso dos consumidores

      De acordo com estimativas do Budget Lab da Universidade Yale, as novas tarifas devem custar, em média, US$ 2.400 por ano às famílias americanas. O aumento será sentido especialmente no setor de vestuário, com previsão de alta de até 39% no preço de sapatos e bolsas de couro, além de um salto de 37% nos preços das roupas em geral.

      Produtos alimentícios também devem encarecer: o café importado do Brasil foi taxado em 50%, o que deverá pressionar os preços já no café da manhã. O professor Robert Blecker, da American University, foi categórico: “Os consumidores vão pagar, começando pelo café da manhã.”

      Frutas e verduras frescas, por sua vez, podem ficar até 7% mais caras. Já os automóveis — que dependem de peças importadas de diversos países — devem registrar alta média de 12%, com impacto estimado de US$ 6.000 no valor de um veículo novo.

      Empresas já começam a repassar custos

      Muitas empresas ainda estavam absorvendo os impactos das tarifas, utilizando estoques adquiridos anteriormente ou reduzindo margens de lucro. No entanto, esse fôlego está se esgotando. Gigantes do varejo como Walmart, Target, Williams-Sonoma e Costco começaram a aumentar os preços de brinquedos, utensílios domésticos, fraldas, calçados e produtos de limpeza.

      A Procter & Gamble, fabricante de marcas como Tide, Pampers e Oral-B, anunciou um reajuste de 2,5% em seus preços a partir de agosto para compensar custos adicionais de US$ 1 bilhão gerados pelas tarifas. A Nike, por sua vez, já reajustou os preços de parte de sua linha de calçados.

      Incerteza preocupa pequenos e médios empresários

      Para empreendedores como Sharon Azula, fundadora da empresa Tooth Brigade, a situação traz incertezas profundas. “Sabemos que teremos que aumentar os preços em algum momento”, disse ela. “Se nosso bicho de pelúcia de US$ 16 passar a custar mais de US$ 20, os consumidores ainda vão querer comprar? Não conseguimos absorver o aumento, mas também não sabemos se conseguiremos seguir em frente com o negócio.”

      O setor de brinquedos, que importa mais de 75% de seus produtos da China, já foi duramente afetado. De abril a junho, os preços subiram 3,2% — oito vezes mais que a inflação média do período.

      Trump justifica com foco na indústria americana

      O presidente Donald Trump tem defendido as tarifas como forma de combater práticas comerciais “injustas” de outros países, revitalizar a indústria americana e impulsionar o que chamou de “Nova Era de Ouro” da produção nacional.

      Mas para setores com forte dependência da China, como o de brinquedos, substituir fornecedores não é simples. “A China tem décadas de vantagem em infraestrutura, tecnologia e processos éticos de manufatura”, afirmou Greg Ahearn, presidente da Toy Association. “Não é algo que se replique nos EUA do dia para a noite.”

      Setores automotivo e industrial sentem os efeitos

      Apesar de as montadoras terem tentado absorver parte dos custos, o setor automotivo também começa a repassar os aumentos. Segundo a Cox Automotive, carros montados no Japão devem ficar 9% mais caros (cerca de US$ 3.010 adicionais), enquanto modelos produzidos no México, como o Chevrolet Equinox e o Ford Maverick, podem subir 10% (cerca de US$ 3.550).

      Na indústria de engrenagens, Dean Burrows, presidente da Gear Motions, descreve o cenário como o mais incerto em 140 anos de existência da empresa. “Temos engrenagens a caminho dos EUA vindas da Itália, e ainda não sabemos se a tarifa será de 15% ou 27,5%. Mas, de qualquer forma, teremos que pagar — e repassar ao consumidor.”

      Economistas alertam para consequências mais amplas

      Ainda que o impacto inflacionário esteja, por ora, restrito a algumas categorias específicas, analistas projetam efeitos mais amplos nos próximos meses. “Começamos o ano com tarifas médias entre 2% e 3%”, explicou Şebnem Kalemli-Özcan, professora da Brown University. “É ingenuidade pensar que isso não terá consequências econômicas graves.”

      A atividade econômica já mostra sinais de desaceleração, com queda em investimentos, contratações e gastos. E as medidas mais drásticas — como tarifas de até 145% sobre importações da China — ainda nem foram implementadas.

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