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      Especialista chinesa vê mudança de rota da Índia e aproximação com Brasil após tarifas de Trump

      Conversa entre Lula e Modi sinaliza aliança estratégica diante do isolacionismo dos EUA e fortalece BRICS e Mercosul-Índia

      Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante condecoração do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, com o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no grau de Grã-Cruz. Palácio da Alvorara, em Brasília - 08/07/2025 (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – As tarifas punitivas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra Brasil e Índia provocaram uma reação coordenada entre os dois países. Em conversa telefônica na quinta-feira (7), os líderes Luiz Inácio Lula da Silva e Narendra Modi reafirmaram a importância do multilateralismo e discutiram o aprofundamento da integração econômica bilateral. A informação foi divulgada pela Xinhua News Agency e repercutida pelo jornal Global Times nesta sexta-feira (8).

      A conversa de cerca de uma hora aconteceu após o governo norte-americano anunciar o aumento de tarifas para 50% sobre produtos brasileiros e indianos, medida que entra em vigor em 28 de agosto. No caso da Índia, o objetivo declarado foi punir o país por manter importações de petróleo russo. Já contra o Brasil, Trump alegou que a decisão se relaciona com o que ele classificou como “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

      Para Liu Xiaoxue, pesquisadora do Instituto Nacional de Estratégia Internacional da Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS, na sigla em inglês), a reação da Índia marca um ponto de inflexão. “Embora a Índia tenha, em um primeiro momento, buscado colaboração com os Estados Unidos, ela começa agora a reconhecer os limites dessa parceria e a realinhar sua estratégia internacional”, afirmou Liu ao Global Times.

      Segundo a especialista, o endurecimento das medidas comerciais por parte dos EUA levou a Índia a enxergar os BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai (SCO) como plataformas mais estáveis e vantajosas para defender seus interesses geopolíticos e econômicos. “O diálogo entre Lula e Modi reflete esse novo movimento de convergência entre as economias emergentes e sua resistência às pressões unilaterais norte-americanas”, acrescentou.

      Na conversa, os dois líderes relembraram a meta de elevar o comércio bilateral para mais de 20 bilhões de dólares até 2030 e discutiram a ampliação do acordo entre o Mercosul e a Índia. Lula e Modi também confirmaram a visita oficial do presidente brasileiro à Índia no início de 2026.

      Pelas redes sociais, Modi descreveu o diálogo como “bom” e reafirmou o interesse em expandir a parceria estratégica em áreas como comércio, energia, defesa, tecnologia e saúde. Lula, por sua vez, publicou: “Brasil e Índia são, até agora, os dois países mais afetados pelas tarifas dos EUA. Reafirmamos a importância de defender o multilateralismo e a necessidade de enfrentar os desafios da situação atual, bem como explorar possibilidades de maior integração entre os dois países”.

      Os dois líderes também abordaram a cooperação no âmbito dos BRICS. A conversa serviu para revisar os desdobramentos da cúpula realizada em julho no Rio de Janeiro e articular a presidência indiana do grupo em 2026, quando será realizada a 18ª Cúpula do BRICS.

      Além disso, segundo relatos da imprensa indiana, Modi poderá visitar a China no final de agosto para participar da cúpula da SCO, que acontecerá em Tianjin entre os dias 31 de agosto e 1º de setembro — ainda sem confirmação oficial.

      Durante a cúpula dos BRICS, os países-membros expressaram “sérias preocupações com o aumento de tarifas unilaterais e medidas não tarifárias que distorcem o comércio e são incompatíveis com as regras da OMC”. Wang Youming, diretor do Instituto dos Países em Desenvolvimento no Instituto de Estudos Internacionais da China, lembrou que “uma guerra tarifária não tem vencedores — isso não é um slogan político, mas senso comum em economia”.

      Com a nova ofensiva tarifária dos Estados Unidos, o Sul Global parece ganhar impulso em sua articulação por mecanismos mais equilibrados de cooperação internacional. Brasil e Índia, ao que tudo indica, estão na vanguarda desse realinhamento.

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