Neto de Mandela afirma que a situação dos palestinos é pior que o apartheid sul-africano
Mandla Mandela afirma que a comunidade internacional deve pressionar Israel para por fim ao genocídio em Gaza
247 - Mandla Mandela, neto do ícone sul-africano Nelson Mandela, afirmou que a vida dos palestinos sob a ocupação israelense é mais difícil do que qualquer coisa vivida pelos sul-africanos negros durante o regime do apartheid. Ele pediu à comunidade internacional que intensifique o apoio à Palestina, comparando a situação atual à luta pela liberdade na África do Sul.
A declaração foi dada em entrevista à Reuters, na noite de quarta-feira (3), no Aeroporto Internacional O.R. Tambo, em Joanesburgo, enquanto se preparava para embarcar em um voo rumo à Tunísia, onde se unirá à Flotilha Global Sumud. A missão tem como objetivo levar alimentos e suprimentos humanitários a Gaza, apesar do bloqueio naval imposto por Israel.
Mandla Mandela, de 51 anos, declarou que muitos ativistas que visitaram os territórios palestinos chegaram à mesma conclusão: "Os palestinos estão vivendo uma forma de apartheid muito pior do que qualquer coisa que nós, negros da África do Sul, já experimentamos". Ele reforçou a importância do apoio contínuo à Palestina, salientando que o mundo precisa se posicionar, assim como fez durante o movimento antiapartheid. "Acreditamos que a comunidade global deve apoiar os palestinos, assim como esteve ao nosso lado", afirmou o neto de Mandela.
Por outro lado, Israel rejeita comparações entre a situação dos palestinos, que vivem sob ocupação militar e bloqueio econômico há mais de 50 anos, e o regime do apartheid na África do Sul, quando a minoria branca dominava o país, oprimindo a maioria negra. O governo israelense também justifica o bloqueio a Gaza como uma medida para evitar que armas cheguem ao grupo militante Hamas.
A crise humanitária em Gaza, onde a fome está se espalhando, é alarmante, com o Programa Mundial de Alimentos relatando condições extremas de escassez. Um monitor de fome internacional alertou que um quarto da população da região está enfrentando níveis críticos de desnutrição. Mandla Mandela integra a flotilha formada por ativistas de 44 países, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg. O Partido Congresso Nacional Africano (ANC) de seu país manifestou apoio à missão, afirmando que ela "ecoou a luta pela nossa própria liberdade".
Em suas palavras, Mandela ressaltou a importância da pressão internacional que, no passado, foi decisiva para o fim do apartheid na África do Sul. "A África do Sul foi isolada pelas nações e, finalmente, o apartheid foi derrubado. Acreditamos que chegou a hora de fazer o mesmo pelos palestinos", concluiu.