Mercados argentinos disparam após promessa de apoio dos EUA
Anúncio do Tesouro norte-americano impulsiona ações, bônus e moeda em meio à crise pré-eleitoral
247 - Os ativos da Argentina registraram forte valorização nesta segunda-feira (22) após os Estados Unidos prometerem apoio financeiro ao presidente Javier Milei. A informação foi divulgada pela Bloomberg, que destacou o impacto imediato da sinalização de Washington sobre um mercado em queda livre desde o início de setembro.
De acordo com a reportagem, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, declarou em publicação na rede X que estão sendo avaliadas “todas as opções de estabilização”. Em entrevista à CNBC, Bessent acrescentou que os EUA estão preparados para uma “intervenção ampla e contundente” no país.
Reação dos mercados
O anúncio provocou disparada dos ativos argentinos: os títulos soberanos em dólar registraram a maior alta diária desde que foram emitidos em 2020, com valorização de quase 9 centavos, superando os 56 centavos por dólar. O índice S&P Merval saltou 8,1% e o peso argentino obteve sua maior recuperação desde maio, subindo até 4,4%.
“O choque positivo de confiança reduz as preocupações e coloca de lado a ansiedade das últimas semanas”, avaliou Pedro Siaba Serrate, diretor de pesquisa da consultoria PPI Argentina.
Contexto político e econômico
O movimento ocorre em meio à turbulência provocada pela derrota do partido de Milei nas eleições provinciais de Buenos Aires, que levantou dúvidas sobre a continuidade de sua agenda de reformas após as legislativas do próximo mês. Apenas na semana passada, o Banco Central argentino gastou US$ 1 bilhão em dois dias para tentar conter a queda do peso.
Com a melhora desta segunda-feira, a autoridade monetária não precisou intervir. A valorização também foi impulsionada pela decisão do governo de suspender tarifas de exportação sobre cargas agrícolas, numa tentativa de atrair mais dólares para o país.
Apoio estratégico dos EUA
Especialistas apontam que a rapidez e o tom do apoio norte-americano surpreenderam o mercado. “Ele caracterizou a Argentina como um aliado sistêmico e indicou que todas as ferramentas de estabilização estão sendo consideradas”, disse Pedro Quintanilla-Dieck, estrategista do UBS.
Para Thierry Larose, gestor da Vontobel Asset Management, a magnitude da alta nos bônus argentinos foi inédita: “Não me lembro de um rali como esse em títulos globais em dólar em um único dia”.
A expectativa agora se concentra no encontro entre Milei, o secretário Scott Bessent e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previsto para esta terça-feira (23) em Nova York, quando deverão ser revelados detalhes do pacote de ajuda.