HOME > América Latina

Banco Central da Argentina intensifica venda de dólares para conter o peso

Intervenção ocorre após queda de ativos argentinos e pressões crescentes sobre Javier Milei

Banco Central da Argentina (Foto: Marcos Brindicci/Reuters)

247 -O Banco Central da Argentina ampliou de forma expressiva sua intervenção no mercado cambial nesta quinta-feira (18), em meio ao aumento da pressão sobre o presidente Javier Milei e às fortes perdas registradas nos ativos do país. A informação foi divulgada pela Bloomberg, que detalhou as medidas adotadas pela autoridade monetária para sustentar o peso.

Segundo a agência, o banco central vendeu US$ 379 milhões em apenas um dia, valor muito superior aos US$ 53 milhões da véspera, na tentativa de manter a moeda dentro da banda de flutuação acordada em abril com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Foi a segunda intervenção consecutiva da instituição, o que reforça a gravidade da situação financeira.

Queda nos mercados e desconfiança dos investidores

Os investidores, que inicialmente apostavam nas eleições de meio de mandato de outubro como uma chance de ampliar a base de apoio de Milei no Congresso e aprovar reformas, passaram a abandonar os ativos argentinos diante do aumento da desaprovação popular, da recessão econômica e de reveses políticos.

Os títulos em dólar com vencimento em 2035 caíram 4,5 centavos, negociados abaixo de 48 centavos por dólar, seu menor nível em quase um ano. O índice acionário S&P Merval registrou queda de 4,7%, o pior desempenho entre 92 índices globais monitorados pela Bloomberg.

Peso no limite e intervenção oficial

A moeda argentina encerrou o dia a 1.474,5 por dólar, próxima ao teto da faixa cambial. O porta-voz da presidência, Manuel Adorni, afirmou que “o banco central nunca terá problemas em responder quando o limite superior da banda for alcançado”.

O acordo com o FMI prevê que a banda se expanda em 1% ao mês, dividida em incrementos diários. No entanto, como o sistema oficial só permite lances de 50 centavos, o valor é arredondado, obrigando o banco central a intervir quando a cotação se aproxima do limite.

Riscos e desafios à frente

Para analistas, a combinação de fragilidade política e pressão cambial aumenta os riscos. Juan Sola, do Banctrust & Co., alertou que esse cenário eleva “as chances de uma forte perda de reservas para sustentar o atual esquema cambial ou de um abandono prematuro e desordenado do mesmo”.

Apesar da instabilidade, parte dos investidores institucionais deve manter posições no país. Alberto Bernal, estrategista-chefe da XP Investments em Miami, avaliou que “eles vão assumir o risco, na esperança de que, nas eleições nacionais, o governo consiga superar os 35-37% dos votos”.

Já Guillermo Guerrero, da EMFI Securities, destacou a importância das avaliações de longo prazo: “Definitivamente foi um mês ruim para Milei, mas os investidores devem observar quais são os cenários para os próximos dois anos e a forte disposição do governo em honrar seus compromissos”.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...