Argentinos marcham por mais financiamento para educação e saúde
Manifestantes pedem mais verbas para universidades e saúde em meio a cortes orçamentários do governo
Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - Dezenas de milhares de argentinos encheram as ruas do centro de Buenos Aires nesta quarta-feira para exigir mais verbas para universidades e atendimento pediátrico, que sofreram cortes com as medidas de austeridade do presidente Javier Milei.
A popularidade de Milei caiu após seus profundos cortes orçamentários, e ele se depara com as consequências de um escândalo de corrupção e uma derrota legislativa nas eleições provinciais de Buenos Aires no início deste mês.
Milei enfrenta eleições de meio de mandato de alto risco em outubro, nas quais seu partido busca garantir assentos suficientes para impedir que o Congresso, controlado pela oposição, anule seus vetos.
O protesto desta quarta-feira tem como objetivo pressionar os parlamentares a rejeitarem os vetos de Milei, no início do mês, a leis que teriam aumentado o financiamento de universidades públicas e hospitais pediátricos. Milei argumentou que as leis prejudicariam o equilíbrio fiscal do país.
Desde que assumiu o cargo em dezembro de 2023, o presidente argentino reduziu drasticamente os gastos públicos e conseguiu reduzir a inflação mensal de dois para um dígito.
Na segunda-feira, ele anunciou a proposta do governo para o orçamento do próximo ano, que, segundo ele, garantiria o equilíbrio fiscal e, ao mesmo tempo, incluiria aumentos de 17% nas alocações para a saúde, 8% para a educação e 5% para as aposentadorias, acima da inflação.
Mas em uma declaração, a Universidade Nacional de Buenos Aires afirmou que o orçamento "não faz mais do que aprofundar a crise sem precedentes" pela qual o sistema universitário público passa. Ela afirmou que a proposta não leva em conta a retomada dos projetos de infraestrutura e manutenção interrompidos e o aumento dos salários dos professores.
(Reportagem de Leila Miller)