Marco Rubio chega a Israel para discutir sobre Gaza após ataque a líderes do Hamas em Doha
Secretário de Estado dos EUA vai discutir sobre ofensiva israelense e o impacto nas negociações de trégua com o Hamas
247 - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, desembarcou em Israel para uma visita oficial em meio à escalada da guerra na Faixa de Gaza, informa neste domingo (14), o jornal The Times of Israel. A viagem acontece poucos dias depois de um ataque israelense em Doha, capital do Catar, que tinha como alvo líderes do Hamas.
Segundo o jornal, Rubio foi recebido no Aeroporto Ben Gurion por autoridades locais e pelo embaixador norte-americano em Israel, Mike Huckabee. Ao lado da esposa, Jeanette Dousdebes Rubio, o secretário destacou que sua missão inclui reafirmar o apoio dos EUA à segurança de Israel e avançar nas negociações para o retorno dos prisioneiros israelenses ainda mantidos em Gaza.
Ordem de evacuação em Gaza
Ainda no domingo, o exército de Israel (IDF) ordenou a evacuação de civis que vivem próximos a um edifício no bairro de Rimal, na Cidade de Gaza. O porta-voz militar, coronel Avichay Adraee, afirmou em árabe que as IDF atacarão o prédio em breve devido à presença de combatentes do Hamas dentro ou nas proximidades.
As autoridades israelenses orientaram os moradores a se deslocarem para uma “zona humanitária” no sul da Faixa. Estima-se que, dos cerca de 1 milhão de palestinos que viviam em Gaza, mais de 280 mil já tenham deixado suas casas diante da ofensiva militar.
Reações dos Estados Unidos
Antes de embarcar, Rubio reconheceu em Washington que os EUA estavam “descontentes” com o ataque em Doha, mas ressaltou que o episódio não altera a relação estratégica com Israel.
“Não vai mudar a natureza da nossa relação com os israelenses, mas precisamos conversar sobre o impacto que isso tem nos esforços de trégua”, declarou.
O secretário também ressaltou a posição do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump:
“Trump quer a derrota do Hamas, o fim da guerra e a libertação de todos os 48 reféns, inclusive os que já faleceram, e ele quer tudo isso de uma vez.”
Netanyahu sob pressão
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu informou que ele e Rubio visitarão o Muro das Lamentações, em Jerusalém. No entanto, a viagem acontece em meio a forte pressão interna.
O Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos acusou Netanyahu de ser o “único obstáculo” a um acordo de cessar-fogo. Em comunicado, a organização afirmou que “a operação em Doha provou além de qualquer dúvida que há um obstáculo para trazer de volta os 48 prisioneiros e encerrar a guerra: o primeiro-ministro Netanyahu”.
Milhares de israelenses voltaram às ruas para pedir um acordo imediato.
Impacto regional e internacional
Autoridades anônimas em Israel admitiram à emissora Kan que a posição diplomática do país no Golfo está ainda mais fragilizada do que após o assassinato do líder do Hamas Mahmoud Mabhouh em Dubai, em 2010.
O ataque em Doha, que não atingiu os principais chefes do Hamas, recebeu forte condenação no Oriente Médio e colocou em risco negociações conduzidas por Washington para um cessar-fogo.
Enquanto isso, em Gaza, médicos relataram ao Times of Israel que pelo menos 32 pessoas morreram em bombardeios no sábado, incluindo 12 crianças. Autoridades de saúde ligadas ao Hamas também informaram a morte de sete pessoas por causas relacionadas à desnutrição nas últimas 24 horas, elevando o total de vítimas para mais de 420 desde o início da guerra.
A visita de Marco Rubio acontece em um dos momentos mais delicados da guerra genocida de Israel contra os palestinos. Israel está intensificando sua ofensiva terrestre e aérea em Gaza e enfrentando crescentes críticas internacionais pelo alto número de civis mortos, enquanto Donald Trump pressiona por uma solução rápida que combine a derrota do Hamas e a libertação dos reféns.