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Genocídio em Gaza: Rubio diz que Israel perde apoio global

Chefe do Departamento de Estado aponta a fragilização de Tel Aviv na arena internacional

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio - 16/07/2025 (Foto: REUTERS/Umit Bektas)

247 – O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, admitiu neste domingo (5) que o massacre em curso na Faixa de Gaza abala profundamente o prestígio e o apoio internacional de Israel, em meio a um crescente isolamento diplomático do regime de Tel Aviv. A declaração foi feita ao programa Face the Nation, da CBS News, e publicada pela agência Reuters, que detalhou a atuação norte-americana na ONU durante o conflito.

“Quer você ache que foi justificado ou não, certo ou errado, não se pode ignorar o impacto que isso teve na posição global de Israel”, afirmou Rubio, num raro reconhecimento público do desgaste do país diante da comunidade internacional.

O secretário respondia a uma pergunta sobre declarações do presidente Donald Trump, que criticou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e reconheceu a perda de apoio global de Israel. “Bibi foi longe demais em Gaza e Israel perdeu muito apoio no mundo. Agora eu vou restaurar todo esse apoio”, disse Trump em entrevista ao canal israelense Channel 12.

As falas refletem o colapso moral e político de um governo acusado por líderes e organizações internacionais de praticar genocídio contra o povo palestino. O conflito, que já dura quase dois anos, deixou mais de 67 mil palestinos mortos, em sua esmagadora maioria civis, segundo autoridades de saúde locais.

O isolamento dos Estados Unidos e a cumplicidade no genocídio

A Reuters lembra que, mesmo diante das atrocidades cometidas por Israel, os Estados Unidos têm usado seu poder de veto na ONU para impedir ações de cessar-fogo e proteção humanitária. Foram seis vetos em dois anos, todos com o objetivo de blindar o governo de Netanyahu de sanções ou condenações internacionais.

Na mais recente votação, em setembro, os EUA bloquearam uma resolução que exigia um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente, além do fim das restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza. Os outros 14 membros do Conselho de Segurança votaram a favor, isolando completamente Washington.

A posição norte-americana expôs a contradição entre o discurso de “direitos humanos” e a prática de conivência com o massacre. Até mesmo uma declaração condenando ataques em Doha, capital do Catar, só foi aprovada após os EUA insistirem em retirar o nome de Israel do texto.

A ONU denuncia, mas o genocídio continua

Com o Conselho de Segurança paralisado pelos vetos dos Estados Unidos, a Assembleia Geral da ONU passou a refletir o clamor global pelo fim do genocídio. As resoluções, embora não vinculantes, têm mostrado o isolamento crescente de Israel e de seu protetor norte-americano.

A mais recente, aprovada com 149 votos favoráveis e apenas 12 contrários, exigiu um cessar-fogo permanente e acesso irrestrito à ajuda humanitária. Em votações anteriores, os números foram igualmente expressivos: 120 países em outubro de 2023, 153 em dezembro de 2023 e 158 em dezembro de 2024 — um movimento cada vez mais contundente contra a guerra.

A realidade das ruas de Gaza, marcada por cidades arrasadas, hospitais destruídos e milhares de crianças mortas, contrasta com o silêncio cúmplice das potências ocidentais que continuam a fornecer armas e apoio político a Israel.

Cresce o reconhecimento do Estado palestino

Em meio à devastação, cresce o número de países que reconhecem a Palestina como Estado soberano. Rubio reconheceu que, “devido à duração e à condução desta guerra”, potências como França, Reino Unido, Austrália e Canadá romperam o alinhamento automático com Washington e passaram a apoiar formalmente o reconhecimento do Estado palestino.

Em julho, França e Arábia Saudita lideraram uma conferência na ONU para estabelecer um roteiro de dois Estados, retomada em setembro com uma nova cúpula. No mês passado, a Assembleia Geral aprovou por ampla maioria uma resolução que respalda “passos tangíveis, com prazos definidos e irreversíveis” rumo à criação de um Estado palestino.

Apesar disso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu insiste que “nunca permitirá um Estado palestino”, demonstrando total desprezo pela comunidade internacional. Seu governo, apoiado militar e politicamente por Washington, segue ampliando a ofensiva em Gaza e consolidando a ocupação de territórios palestinos.

A origem do conflito e a tragédia humanitária

O genocídio em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em território israelense que matou 1.200 pessoas, segundo dados de Israel. Desde então, a resposta israelense ultrapassou qualquer limite moral ou jurídico, com bombardeios indiscriminados e punição coletiva contra a população civil palestina.

Logo no início da guerra, o secretário-geral da ONU, António Guterres, já alertava para a desproporção das ações israelenses. “O número de civis mortos mostra que há algo claramente errado nas operações militares de Israel”, afirmou. E acrescentou: “Não é do interesse de Israel ver todos os dias as imagens terríveis do sofrimento do povo palestino. Isso destrói o país diante da opinião pública global.”

Com dezenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e uma infraestrutura em ruínas, Gaza tornou-se o símbolo contemporâneo da barbárie e da impunidade internacional. Enquanto isso, Washington e Tel Aviv seguem isolados, enfrentando o julgamento da história.

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