Mídia internacional repercute sanções dos EUA contra Moraes: 'Trump se vinga da esposa do juiz'
Sanções determinam o congelamento dos ativos de Viviane Barci de Moraes nos EEUA e a proibição de transações com cidadãos ou empresas estadunidenses
247 - A decisão dos Estados Unidos de sancionar Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, abriu um novo capítulo de tensão diplomática entre Washington e Brasília. A medida, anunciada nesta segunda-feira (22) pelo Departamento do Tesouro, foi justificada com base na Lei Magnitsky Global e repercutiu em veículos internacionais. As informações são da RFI.
Bens congelados e restrições nos EUA
As sanções determinam o congelamento dos ativos de Viviane nos Estados Unidos e a proibição de qualquer transação com cidadãos ou empresas norte-americanas. Segundo o governo do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a empresária teria ligação indireta com negócios familiares que se beneficiaram das decisões de Moraes no julgamento de Bolsonaro.
Julgamento de Bolsonaro e reação dos EUA
O caso remonta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar se manter no poder após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Sob relatoria de Alexandre de Moraes, o STF condenou Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
A decisão foi vista pela Casa Branca como perseguição política. Em julho, Moraes já havia sido alvo direto de sanções dos EUA. Agora, a inclusão da esposa marca um novo patamar da ofensiva.
O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que as sanções têm como objetivo “responsabilizar Moraes por abuso de autoridade, censura e perseguição política”. Já o secretário do Tesouro, Scott Bessent, reforçou que Washington continuará mirando “quem oferece apoio material às violações atribuídas ao juiz”.
Repercussão internacional
A imprensa mundial repercutiu com destaque. O francês Le Monde descreveu pressão crescente dos EUA sobre autoridades brasileiras. Na Suíça, o 20 Minutes falou em “vingança de Trump contra a esposa do juiz” e ressaltou que Viviane perde oportunidades de negócios nos EUA. No Canadá, o TVA Nouvelles classificou a medida como uma “escalada diplomática sem precedentes entre democracias”.
Risco de uso político da lei magnitsky
Especialistas alertam para o risco de instrumentalização da Lei Magnitsky, criada para punir abusos de direitos humanos, mas que agora passa a ser usada em disputas políticas entre países democráticos.
No Brasil, juristas e parlamentares criticaram a decisão, considerando-a ingerência externa que ameaça a independência do Judiciário e pode comprometer a cooperação bilateral em comércio, segurança e direitos humanos.


