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Globo defende agressão de Trump e Netanyahu ao Irã

Em editorial alarmante, jornal legitima bombardeio ilegal dos EUA contra o Irã e ecoa retórica belicista de Washington e Tel Aviv

Donald Trump (à esq.) e Benjamin Netanyahu (Foto: Kevin Lamarque / Reuters)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em editorial publicado nesta segunda-feira, 23 de junho, o jornal O Globo defendeu de forma explícita a agressão militar comandada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra instalações nucleares do Irã — uma ação unilateral que fere o direito internacional e aumenta o risco de uma guerra de grandes proporções no Oriente Médio. O texto, intitulado “Ataque americano redefine futuro do Oriente Médio”, chega a comemorar os bombardeios, sugerindo que o mundo estaria “mais seguro” após a destruição de parte do programa nuclear iraniano.

Ao ecoar a retórica da extrema-direita norte-americana e de Israel, o editorial assume uma postura que abandona qualquer noção de diplomacia ou equilíbrio jornalístico. Afirmar que o ataque “obliterou completamente” o programa nuclear iraniano, citando as palavras de Trump como verdade incontestável, é adotar sem filtros a versão de Washington para uma operação que, na prática, coloca em risco dezenas de milhares de vidas e pode comprometer a estabilidade global.

O Globo chega a qualificar como “correta” a decisão de Trump de bombardear a usina de Fordow — encravada numa montanha — e outras instalações subterrâneas, como Natanz e Isfahan, ignorando por completo o fato de que tais alvos são, segundo o próprio Irã, voltados à produção de energia com fins civis. A tese de que os ataques aumentam a segurança global não só carece de evidências, como omite o fato de que o Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), ao contrário de Israel, que jamais reconheceu oficialmente possuir artefatos nucleares, embora os tenha.O jornal também reproduz a narrativa de que o Irã está “enfraquecido” militarmente, citando o enfraquecimento do Hamas, do Hezbollah e do governo sírio — agrupando de forma genérica e simplista uma série de atores distintos e complexos da geopolítica regional. Pior: em vez de buscar uma análise ponderada sobre os riscos da escalada militar, o Globo sugere que o Irã deveria “aceitar a derrota e negociar um cessar-fogo”, como se se tratasse de um conflito simétrico entre dois exércitos regulares, e não de uma operação de agressão comandada por uma potência nuclear global em aliança com outra força nuclear não declarada.

A tentativa de justificar o uso de armas inéditas para atingir estruturas subterrâneas no Irã e a aposta de que a resposta iraniana será limitada — como se os 40 mil soldados americanos espalhados por bases no Golfo não fossem potenciais alvos — ignora o histórico de desestabilização provocado por intervenções unilaterais, como as invasões do Iraque e do Afeganistão, cujas cicatrizes ainda sangram.

Ao endossar as ações de Trump e Netanyahu, o Globo não apenas se alinha aos setores mais belicistas da política internacional, como também negligencia o papel fundamental da imprensa de promover o diálogo, a paz e o respeito às normas internacionais. A legitimação da violência como forma de contenção só contribui para aprofundar a instabilidade, com consequências imprevisíveis para a região e para o mundo.

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