Estadão diz que Tarcísio só tem uma saída: esconjurar Bolsonaro
Em editorial desta quarta-feira 16, jornal afirma que o governador de São Paulo se encardiu no golpismo e recebe como pagamento o desprezo do clã Bolsonaro
247 – O jornal O Estado de S. Paulo publicou nesta quarta-feira (16) um duro editorial em que sentencia o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a uma escolha decisiva: romper com Jair Bolsonaro para preservar alguma dignidade política. No texto intitulado O teorema de Tarcísio, o jornal avalia que o ex-ministro da Infraestrutura se contaminou com o golpismo bolsonarista e, como contrapartida, tem sido tratado com desdém pelo próprio ex-presidente e sua família.
“O teorema de Tarcísio foi bem mais simples: assim como um mais um é igual a dois, quem entrega a alma a Jair Bolsonaro, como fez o governador de São Paulo, vale zero para o ex-capitão e sua família”, afirma o Estadão. Segundo o jornal, o corolário é claro: “Tarcísio de Freitas se encardiu de bolsonarismo e, em troca, recebeu dos Bolsonaros o mais absoluto desprezo”.
No pior dos dois mundos
A análise do jornal destaca que Tarcísio conseguiu o pior dos cenários políticos. Primeiro, mostrou submissão ao bolsonarismo ao apoiar atos golpistas e ataques às instituições democráticas. Depois, foi rechaçado pelo próprio clã Bolsonaro, especialmente após buscar uma posição pragmática diante da crise gerada pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos paulistas.
O Estadão ressalta o papel de Eduardo Bolsonaro, deputado licenciado e filho do presidente, na articulação do tarifaço junto ao governo de Donald Trump como retaliação às investigações judiciais contra Bolsonaro no Brasil. A tensão aumentou após Tarcísio abrir canais de diálogo com empresários paulistas e com o encarregado de negócios dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, para defender os interesses econômicos do estado. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Eduardo Bolsonaro reclamou: “O Tarcísio tem que entender que o filho do presidente está nos Estados Unidos e tem acesso à Casa Branca. Nós já provamos que somos mais efetivos até do que o próprio Itamaraty”.
Em publicações nas redes sociais, Eduardo acusou Tarcísio de “subserviência servil” às elites, evidenciando que, no bolsonarismo, a defesa dos interesses dos brasileiros — mesmo dos paulistas — é considerada crime quando contraria os desejos do clã.
A lição amarga do bolsonarismo
O Estadão lista a extensa galeria de ex-aliados humilhados por Bolsonaro e afirma que Tarcísio entra para esse rol de traídos. “Ninguém se associa aos vândalos políticos do clã Bolsonaro impunemente”, escreve o jornal. A promessa de indulto a Bolsonaro em 2026 e a defesa pública dos ataques golpistas não impediram que Tarcísio fosse publicamente atacado, mesmo ocupando o principal governo estadual do país.
O jornal também cita a possibilidade de Eduardo Bolsonaro perder o mandato por faltas excessivas, como vem sendo apontado pela própria Coluna do Estadão. “Certamente o rapaz não fará falta”, sentencia o editorial.
Um caminho possível: romper com o bolsonarismo
O Estadão conclui com uma sugestão ao governador: “A boa notícia, para Tarcísio, é que ainda há uma porta de saída honrosa aberta diante do governador paulista: esconjurar Bolsonaro, pública e peremptoriamente”. Para o jornal, se quiser manter uma trajetória digna na política, Tarcísio precisará se afastar do bolsonarismo e construir uma identidade própria, vinculada a valores democráticos e liberais.
“Se Tarcísio de Freitas é um genuíno democrata, e não temos razões para duvidar disso, então ele não se importará de perder a próxima eleição se esse for o preço a pagar pela reafirmação dos mais caros valores da democracia brasileira”, conclui o texto.
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