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"EUA rasgaram a Carta da ONU, declararam guerra ao Irã e terão de lidar com isso", diz professor iraniano

Seyed Mohammad Marandi afirma que o ataque americano foi um ato de guerra e que a retaliação iraniana será inevitável, mas cuidadosamente calculada

Seyed Marandi (Foto: Divulgação)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em entrevista concedida ao canal do analista geopolítico Glenn Diesen no YouTube (assista aqui), o professor Seyed Mohammad Marandi, da Universidade de Teerã e ex-assessor da equipe de negociação nuclear do Irã, afirmou que os Estados Unidos cometeram uma violação grave ao atacar diretamente território iraniano. “Os americanos rasgaram a Carta da ONU, rasgaram o direito internacional e entraram em guerra contra os iranianos. Isso é algo com que eles terão que lidar”, declarou Marandi.

Apesar de reconhecer que os danos físicos causados pelo ataque foram limitados, o professor frisou que a dimensão simbólica e estratégica da ação é imensurável. Para o Irã, o gesto representa uma agressão direta e deliberada, e não será ignorado. “Eles declararam guerra. Estão em guerra. São iguais a Netaniahu”, comparou, referindo-se ao primeiro-ministro israelense.

Retaliação será certa, mas racional

Segundo Marandi, o Irã já está conduzindo operações contínuas com drones e mísseis contra o território israelense e deverá retaliar diretamente os Estados Unidos de forma proporcional. No entanto, o professor destacou que essa resposta será estratégica, pensada não apenas em termos militares, mas também políticos. “O Irã não é emocional. Ele é calculista. Quer punir os americanos e, ao mesmo tempo, manter o apoio do Sul Global e da opinião pública mundial.”

Marandi mencionou que os alvos possíveis incluem bases militares americanas na região do Golfo Pérsico, navios de guerra e até mesmo a ilha de Diego Garcia, no Oceano Índico. Ressaltou também que o poder de fogo iraniano — com dezenas de milhares de mísseis e drones de longo, médio e curto alcance — foi desenvolvido especialmente para enfrentar uma eventual guerra contra os Estados Unidos.

TNP, AIEA e o colapso do direito internacional

Durante a entrevista, o professor levantou dúvidas sobre a continuidade da permanência do Irã no Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), e criticou duramente a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), acusando-a de servir aos interesses do Ocidente. “A AIEA atua como agente do Ocidente, repassando informações aos adversários do Irã. Isso expõe nossos ativos e vidas ao perigo”, disse. Para Marandi, a atual crise evidencia que “a Carta da ONU não impede mais agressões, guerras ou genocídios”.

Ele denunciou a hipocrisia de potências ocidentais que acusam o Irã de buscar armas nucleares sem provas concretas, enquanto ignoram o arsenal de Israel. “O argumento de que Israel tem o direito de se defender enquanto massacra crianças é grotesco. Criaram um mundo distópico onde as palavras já não significam mais nada”, criticou.

O peso da guerra e os riscos globais

Ao longo da entrevista, Marandi advertiu que, caso o conflito se amplifique, o mundo enfrentará uma crise global de proporções devastadoras. “Se houver guerra total, os Estados Unidos perderão todos os seus ativos no Golfo. Regimes aliados aos americanos serão varridos”, alertou. Ele lembrou que o Irã tem apoio de forças poderosas na região, como o Hezbollah, o Exército iraquiano e os houthis do Iêmen.

“O Irã não quer guerra total, mas está preparado para ela. Quer deixar claro que é o lado responsável, enquanto os EUA, Israel e seus aliados agem como forças descontroladas”, concluiu. Ainda segundo ele, se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, for sensato, recuará. Caso contrário, o Irã responderá com força, o que poderá desencadear um conflito de grandes proporções com consequências imprevisíveis para o mundo. Assista:

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