Ocidente adota subsídios enquanto acusa a China de distorção de mercado
Políticas industriais europeias e norte-americanas revelam contradições ao atacar o modelo chinês de desenvolvimento
247 – A crescente tensão em torno de subsídios e políticas industriais ganhou novo capítulo com acusações recentes de políticos europeus contra a China, que estaria “distorcendo o mercado” e “inundando o mundo com capacidade subsidiada”. A análise foi publicada pelo Global Times, que questiona a narrativa ocidental e aponta para uma clara tentativa de conter o avanço econômico chinês sob o pretexto de defender o livre comércio.
Segundo o jornal, enquanto líderes ocidentais exigem que Pequim “assuma maior responsabilidade” pelos efeitos de seu modelo de crescimento guiado pelo Estado, a própria Europa e os Estados Unidos intensificam o uso de medidas protecionistas. Dados do Banco Mundial mostram que o uso de políticas industriais cresceu nove vezes entre 2017 e 2023, com países ricos liderando esse movimento. Apenas em 2023, economias de alta renda foram responsáveis por quase dois terços das novas medidas industriais globais.
O exemplo europeu e a seletividade das críticas
O Global Times cita exemplos claros de como a União Europeia (UE) pratica políticas que favorecem suas próprias empresas, ao mesmo tempo em que acusa a China de interferir no mercado. Entre eles, está o leilão do EU Hydrogen Bank, de 1,2 bilhão de euros, que impõe um limite de 25% de componentes chineses nas plantas participantes. Outro caso é o Clean Industrial Deal State Aid Framework, adotado pela Comissão Europeia em 25 de junho de 2025, que concede às indústrias europeias de alta intensidade energética descontos de até 50% na conta de eletricidade por três anos — medida justificada pela “necessidade de compensar desvantagens” frente a países com políticas climáticas “menos ambiciosas”, em alusão direta à China.
Essas iniciativas, envoltas em termos como “resiliência” ou “transição verde”, deixam clara, segundo a análise, a intenção de blindar empresas locais contra a concorrência global, em evidente contradição com o discurso de defesa do livre mercado.
O modelo chinês e a disputa ideológica
O texto do Global Times defende que as políticas industriais chinesas seguem as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), com foco em pesquisa e desenvolvimento e estímulo ao consumo interno, sem se enquadrar como “subsídios proibidos”. Além disso, a China envia notificações regulares à OMC, demonstrando transparência.
O jornal enfatiza que a força manufatureira chinesa deriva menos de incentivos estatais e mais de cadeias produtivas eficientes, competição doméstica intensa e inovação contínua. Assim, os ataques ocidentais revelariam, sobretudo, incômodo ideológico diante de um modelo alternativo de modernização.
A necessidade de novas regras multilaterais
Para reduzir conflitos e fortalecer o comércio global, a análise sugere que as regras multilaterais devem ser aplicadas de forma consistente, independentemente da origem da política industrial. Entre as medidas propostas estão:
- Resolver divergências sobre subsídios dentro do marco da OMC, evitando ações unilaterais;
- Garantir que políticas industriais sejam transparentes e não discriminatórias;
- Assegurar o direito de países em desenvolvimento de adotar políticas industriais adequadas às suas necessidades;
- Manter compromisso firme com o multilateralismo econômico.
A reportagem alerta que proteger mercados internos por meio de unilateralismo e protecionismo pode gerar ganhos políticos imediatos, mas ameaça a estabilidade econômica global. No cenário atual, sustentar o comércio livre e o verdadeiro multilateralismo é visto como essencial para reconstruir a confiança e fomentar crescimento sustentável.
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