Polícia investiga suspeita de espionagem corporativa contra o iFood; ex-funcionário é alvo de operação
Mandado de busca e apreensão foi cumprido em Piracicaba contra ex-empregado suspeito de repassar informações a concorrente
247 - A Polícia Civil de São Paulo investiga um possível caso de espionagem corporativa e concorrência desleal envolvendo o iFood. Nesta sexta-feira (24), a Unidade de Polícia Judiciária (UPJ) de Piracicaba cumpriu mandado de busca e apreensão contra um ex-funcionário da empresa acusado de transferir milhares de dados internos e informações estratégicas para dispositivos pessoais.
De acordo com informações obtidas pelo Globo, os arquivos contêm dados de mais de 4 mil restaurantes cadastrados na plataforma. Parte desse material teria sido repassada a uma companhia concorrente, onde o suspeito atualmente trabalha. A identidade da empresa não foi divulgada.
As investigações fazem parte de um inquérito que apura prática de concorrência desleal. Segundo a Polícia Civil, o caso teve início após denúncia apresentada pelo próprio iFood, que relatou que o ex-colaborador, ao deixar a empresa, teria levado informações sigilosas e estratégicas.
Durante o cumprimento da ordem judicial, foram apreendidos computadores, celulares e pen drives, que serão enviados à perícia técnica para confirmar a suposta transferência indevida de dados.
Abordagens por consultorias estrangeiras
Ainda segundo O Globo, caso se soma a outra operação conduzida pelo 32º Distrito Policial de São Paulo, na última terça-feira (21), em um imóvel no bairro Vila Carmosina, na zona leste da capital. A ação, determinada pela Vara Criminal do Foro Regional de Itaquera, teve como alvo um homem de 28 anos investigado por furto mediante abuso de confiança e invasão de dispositivo informático.
O processo judicial indica que consultorias estrangeiras vêm abordando funcionários do iFood por meio do LinkedIn, oferecendo pagamentos em troca de informações sigilosas sobre a estrutura e o desempenho da empresa.
Em mensagens e áudios trocados em um grupo interno chamado “Rádio Peão iFood”, um dos funcionários relatou ter recebido mais de R$ 5 mil de uma consultoria identificada como China Insights Consultancy (CIC Global), de origem chinesa. O trabalhador compartilhou capturas de tela com as perguntas enviadas pela consultoria e as respostas que forneceu.
Entre os questionamentos estavam o lucro da empresa, a taxa de entrega por cidade, o volume mensal de pedidos no Brasil e detalhes sobre a concorrência de aplicativos estrangeiros, como 99 e Meituan.
Posicionamento das empresas
Procurado pelo Globo, o iFood confirmou que o caso está sob investigação e informou, em nota, que “os casos tramitam em segredo de justiça e o iFood se manifestará somente nos autos por meio do escritório Feller Advogados”. A empresa afirmou ainda que repudia qualquer prática de concorrência desleal, incluindo “tentativas de espionagem corporativa”, e reiterou o compromisso com um “ambiente transparente e ético no mercado de delivery”.
A Meituan, controladora da plataforma Keeta, também citada nos autos, declarou que “não contrata quaisquer empresas para abordar indivíduos em seu nome” e que não recebeu nenhuma notificação judicial. “A Keeta reitera seu total compromisso com as melhores práticas de mercado e se coloca à disposição para colaborar com as autoridades quando necessário”, informou a empresa.
A China Insights Consultancy (CIC Global) não respondeu ao pedido de posicionamento até o fechamento desta edição.


