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iFood mira se tornar banco comercial completo em até três anos

Empresa quer oferecer depósitos remunerados já em 2026 e expandir serviços financeiros para além de restaurantes

Diego Barreto, presidente do iFood (Foto: Felipe Gonçalves/Brasil 247)

247 – O iFood, líder no mercado brasileiro de delivery, quer deixar de ser apenas uma plataforma de entrega de refeições para se transformar em um banco comercial. Em entrevista ao jornal O Globo, o CEO Diego Barreto afirmou que a empresa pedirá ao Banco Central, em 2026, licença para oferecer depósitos remunerados e que, no horizonte de três anos, pretende operar como um banco completo.

“O curto prazo é o restaurante. O médio prazo envolve a pessoa física, mas dentro de uma lógica de gerar sinergia no meu ecossistema”, disse Barreto. Segundo ele, a estratégia é fortalecer a relação com restaurantes e usuários com base em tecnologia, serviços financeiros integrados e novos hábitos de consumo. “A construção de hábito não é baseada no dinheiro, e sim na experiência do produto”.

Da comida ao sistema financeiro

O iFood atua como fintech desde 2022, oferecendo crédito a pequenos e médios restaurantes. Atualmente, a empresa desembolsa cerca de R$ 160 milhões por mês, com prazo médio de 18 meses, e prevê chegar a quase R$ 2 bilhões em 2025.

Barreto afirmou que o próximo passo será oferecer depósito remunerado já no ano que vem. “Hoje, já tenho uma conta digital, fluxo de pagamentos e serviços financeiros, mas quero, a partir do ano que vem, passar a oferecer depósito remunerado para os restaurantes”.

A meta final é clara: “Serei um banco comercial completo. Quando a gente pensa em um banco comercial completo, você pode imaginar isso acontecendo em até três anos”.

Expansão do ecossistema: do delivery ao mundo físico

A empresa está investindo também no atendimento dentro dos restaurantes, criando integração entre o ambiente digital e o presencial. Em algumas cidades, o cliente pode ser identificado ao informar o telefone ou passar o cartão. No aplicativo, a função “Comer fora” já está disponível em São Paulo com descontos, cashback e saldo para quem consome no local.

Essa movimentação física está diretamente ligada ao plano financeiro do iFood: quanto mais fluxo nos estabelecimentos, maior a capacidade de oferta de crédito e serviços.

Tecnologia e inteligência artificial como motores de crescimento

A transformação do iFood também passa por tecnologia. O executivo cita o Ailo, ferramenta de inteligência artificial generativa, e o desenvolvimento do Large Commerce Model (LCM), sistema com 32 bilhões de parâmetros e 10 trilhões de tokens de dados. O grupo investirá R$ 17 bilhões em 2025 e mais de R$ 20 bilhões em 2026.

Com o uso de IA, a plataforma deixará de enviar mensagens genéricas como “Oi, está na hora de comer” para disparos personalizados, baseados no comportamento dos usuários.

Inovação como resposta à concorrência de 99Food e Keeta

A volta da 99Food e a chegada da chinesa Keeta, da Meituan, aumentam a disputa no setor. Para Barreto, a única forma de manter liderança é inovando. “A única forma de se destacar e efetivamente chegar a uma posição de liderança é inovando. Qualquer outra forma não é sustentável”.

Questionado sobre uma possível disputa por taxas menores aos restaurantes, ele comparou estratégias agressivas com promoções temporárias: “Depois que essa fase passa, e ela passa, onde é que você fica?”.

Exclusividade e Cade

Enquanto 99Food e Keeta travam disputa no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre exclusividade de restaurantes, o iFood diz não querer entrar na briga.

“Não tenho nenhuma pretensão de ingressar nessa discussão. A exclusividade tem que existir quando você investe. Exclusividade baseada apenas em dinheiro não é positiva para o setor”.

Novas categorias e expansão do marketplace

Além de comida, o iFood cresce em outras frentes:

  •  Conveniência e bebidas: +250%
  •  Farmácia: +80%
  •  Supermercados: +60%

O próximo ciclo inclui pet shops, flores, presentes e, futuramente, vestuário dentro de uma lógica de conveniência. “Não me veja como concorrente do Mercado Livre”, disse Barreto.

Aquisições e investimentos

A empresa mira duas aquisições de tecnologia no Brasil e pretende investir ao menos US$ 100 milhões nos próximos 12 meses.

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