Trump mira o Brasil, mas acerta o bolso dos americanos: “inflação vai explodir”, alerta Pedro Paiva
Jornalista critica tarifas de Trump e alerta para efeito inflacionário direto sobre consumidores dos EUA
247 - Em participação no programa Brasil Agora, transmitido pela TV 247, o jornalista Pedro Paiva, correspondente nos Estados Unidos, fez um alerta contundente sobre os impactos da política tarifária adotada pelo presidente Donald Trump. Segundo ele, as medidas anunciadas contra o Brasil podem sair caro — não apenas para o governo brasileiro, mas também, e sobretudo, para os próprios consumidores norte-americanos. “A inflação vai explodir”, afirmou Paiva, destacando os efeitos diretos da sobretaxa sobre produtos essenciais como café, carne e açúcar.
A entrevista ocorreu no contexto da ordem executiva assinada recentemente por Trump, que impõe tarifas de até 50% a produtos brasileiros. Paiva explicou que, apesar de o decreto prever exceções para cerca de 700 itens, entre eles o suco de laranja, muitos dos principais produtos de exportação do Brasil, como café e carne bovina, continuam fora da lista de isenções. “Café está caro no mundo todo. Se Trump mantém essa tarifa, o impacto no mercado americano será inevitável, principalmente porque um terço do café consumido nos EUA vem do Brasil”, explicou o jornalista.
A situação, segundo ele, é comparável à crise do ovo enfrentada pelos norte-americanos no início do ano, quando o preço disparou devido à gripe aviária. “A cartela de ovos chegou a custar US$ 12 em Nova York. Isso cria a percepção de que a inflação está fora de controle. O mesmo pode acontecer com o café, que é consumido diariamente por 76% dos americanos”, analisou.
Paiva lembrou ainda que o impacto das tarifas não será imediato, já que produtos que estavam em trânsito no momento da assinatura do decreto ainda podem entrar com uma tarifa reduzida de 10% até outubro. “Existe uma margem de tempo, mas o impacto virá. E será muito sentido”, advertiu.
Outro ponto discutido foi o silêncio da Casa Branca sobre a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Paiva, o fato de Trump não ter se manifestado publicamente sobre o aliado indica que, ao menos neste momento, o governo dos EUA evita assumir uma postura de confronto direto com o Brasil. “A nota crítica partiu de uma subsecretaria do Departamento de Estado, e não da Casa Branca. Isso é sintomático”, afirmou.
No programa, o jornalista também comentou a movimentação diplomática da China, que aproveita o desgaste nas relações Brasil-EUA para aprofundar laços comerciais com o país sul-americano. Recentemente, a Embaixada da China publicou mensagens nas redes sociais celebrando a chegada de produtos brasileiros como café e açaí ao mercado chinês. Paiva avalia que a sinalização do governo chinês representa uma abertura estratégica: “Eles estão dizendo: estamos dispostos a comprar o que os americanos estão taxando”.
Na avaliação de Paiva, Trump, ao tentar penalizar os países do Brics, acaba fortalecendo o próprio bloco. “Brasil, Índia e Rússia estão no topo da pirâmide tarifária de Trump. Se a lógica continuar, a tendência é que esses países se articulem ainda mais entre si”, disse. Ele lembrou que, nos próximos dias, a Rússia poderá ser incluída em uma nova rodada de sanções, com tarifas de até 100%, caso não aceite um cessar-fogo na Ucrânia, como exigido por Trump.
Paiva também comentou o movimento de aproximação entre Trump e a Apple, com o presidente norte-americano preparando um anúncio de US$ 100 bilhões em investimentos da empresa. Para ele, o gesto tem objetivo de justificar a política tarifária com a promessa de geração de empregos — promessa que, até o momento, não se concretizou. “Desde o início do governo, o número de vagas na indústria caiu em 37 mil”, destacou.
Ao final da entrevista, o jornalista fez um alerta sobre o clima político nos EUA. “A oposição democrata ainda não conseguiu se reorganizar. Enquanto isso, Trump segue ditando a pauta e tensionando as instituições. Há sinais cada vez mais claros de autoritarismo”, concluiu. Assista:
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