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      Secretário do MCTI alerta para ameaças dos EUA em soberania tecnológica, mas vê alternativas com BRICS

      Luis Fernandes afirma que entraves impostos por Washington impulsionam independência tecnológica brasileira e integração do Sul Global

      Luis Fernandes, secretário executivo do MCTI (Foto: Divulgação/MCTI)
      Guilherme Paladino avatar
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      247 - Há duas semanas, os Estados Unidos ameaçaram o Brasil dizendo que poderiam desligar o acesso do país ao sistema global de posicionamento por satélite GPS - medida que poderia gerar um baque na segurança nacional e na economia e soberania tecnológica do país. Em conversa com o “Denise Assis Convida”, que irá ao ar neste domingo (17), às 12h, na TV 247, o secretário executivo do ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luis Fernandes - que já ocupou o cargo no primeiro governo Lula -, falou sobre o assunto. Para ele, as ameaças e os entraves criados pelo governo estadunidense se transformaram em um desafio, levando o país a buscar desenvolver sistemas próprios. 

      “A cada dificuldade nós buscamos solução. Uma delas, por exemplo, é a rota dos cabos de fibra ótica a que o Brasil está ligado. Eles vêm dos Estados Unidos e da Europa e praticamente a totalidade dos nossos dados trafegam por eles. A partir de um acordo com a China, nós buscamos uma alternativa nos acoplando à rota feita por ela, que passa pela Índia, pela África do Sul e nós vamos trazê-los até o Brasil, fazendo uma integração com esses países do BRICS. Na verdade, a ideia é levá-los também para o Chile e fazer, de fato, a integração do Sul Global”, explicou.

      Nota do INPE e da AEB

      O secretário lembrou que tanto o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) quanto a Agência Espacial Brasileira (AEB) já emitiram uma nota de esclarecimento sobre o tema. Segundo o comunicado, os Estados Unidos irão interromper o compartilhamento de dados meteorológicos de satélites, o que pode afetar a Previsão Numérica de Tempo e Clima no Brasil.

      No entanto, a avaliação é de que o impacto será reduzido.

       “Para amenizar o primeiro impacto do desligamento do GPS, pelos Estados Unidos, uma das respostas estratégicas do governo brasileiro é buscar por alternativas como os sistemas Galileo (União Europeia) e BeiDou (China), os avanços do Programa Espacial Brasileiro e a importância das parcerias internacionais, especialmente dentro dos BRICS”, diz a nota.

      Ainda segundo o documento:

       “A falta destes dados afetaria a qualidade da análise do Global Forecast System (GFS), um modelo de previsão do tempo do National Centers for Environmental Prediction (NCEP) dos EUA. Isto é o que nos afeta diretamente: a qualidade da análise do GFS. (…) Porém, como estes dados constituem uma fração pequena dos dados usados no processo, o impacto, relativo a uma eventual ausência destes dados, neste momento, teria um baixo impacto para nossas previsões”.

      Avanços tecnológicos e independência

      Apesar do cenário de tensões, Fernandes ressaltou que a crise abre espaço para acelerar a independência tecnológica do Brasil. Ele destacou os avanços da Inteligência Artificial (IA), já integrada à Nova Indústria Brasil, e mencionou também progressos em tecnologia quântica, com aplicações em saúde, petróleo, gás e exploração de terras raras — setor em que o Brasil detém a segunda maior reserva mundial.

      “Temos a segunda maior reserva de terras raras e ainda patinamos na exploração e processamento, enquanto a China tem a maior reserva e consegue transformar 70% dos minérios críticos, sendo a maior exportadora para os Estados Unidos, o que a colocou em excelentes condições para negociar a redução de tarifas”, observou.

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