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Imprensa quer Bolsonaro "eliminado da cena política" e a volta da "velha direita", diz Altman

Imprensa de direita quer e precisa que Bolsonaro seja condenado, afirma o jornalista

Imprensa quer Bolsonaro "eliminado da cena política" e a volta da "velha direita", diz Altman (Foto: Brasil247 | REUTERS/Carla Carniel)

247 - Em entrevista à TV 247, Breno Altman, jornalista e analista político, discutiu as expectativas em torno do julgamento de Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado e ataques à democracia. Altman afirmou que não há surpresa no julgamento, antecipando que Bolsonaro será condenado na próxima semana. Segundo o analista, a única dúvida que persiste é o tamanho da pena e o local onde o ex-presidente cumprirá sua sentença.

"Bolsonaro deve ser condenado a algo entre 30 e 40 anos de prisão", destacou Altman. Ele também afirmou que a principal dúvida se refere ao cumprimento da pena: "Será prisão domiciliar ou algum tipo de prisão em estabelecimento militar, como é comum a ex-presidentes". Altman também levantou questões sobre a pressão que o julgamento está exercendo sobre a estabilidade política do Brasil, comparando a situação com a do julgamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018, quando a imprensa de direita desempenhou um papel importante na pressão por sua condenação. Ele destacou que, assim como no caso de Lula, a mídia de direita deseja enfraquecer o bolsonarismo para dar espaço à "velha direita" brasileira, representada por partidos como o PSDB e o MDB.

A condenação de Bolsonaro, para Altman, é vista como uma necessidade política para que a direita tradicional recupere seu protagonismo. "O Bolsonaro precisa ser eliminado da cena política para que a velha direita volte a comandar o bloco conservador", afirmou. Ele destacou que, assim como ocorreu com Lula, a imprensa está agindo para minar a possibilidade de o bolsonarismo ter uma continuidade no cenário político brasileiro.

Altman também fez uma análise sobre o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo. Embora tenha expressado confiança no comportamento da corte, ele mencionou que há expectativas de um confronto interno entre os ministros, especialmente no que diz respeito à forma como as penas serão aplicadas. Ele se referiu à divergência que deve surgir em torno da tentativa de distinguir entre "tentativa de golpe de Estado" e "tentativa de abolição do Estado democrático de direito", um tema que será discutido durante o julgamento.

Além disso, Altman abordou as recentes declarações de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, que se comprometeu a conceder um indulto a Bolsonaro, caso seja eleito presidente. Para o analista, a proposta de Tarcísio é uma estratégia política. "Ele precisa do apoio de Bolsonaro para a sua eleição. Se estivesse no lugar dele, faria o mesmo", afirmou. Altman ainda observou que, ao contrário do que fez Fernando Haddad em 2018, Tarcísio está colocando suas cartas na mesa, deixando claro que o apoio de Bolsonaro é essencial para sua candidatura.

A entrevista de Altman também revelou uma análise crítica da política externa e das pressões internacionais no contexto do julgamento. O analista questionou o impacto das sanções norte-americanas sobre o Brasil, afirmando que medidas punitivas adotadas pelo governo de Donald Trump não têm gerado os resultados esperados. "As sanções pioram a situação de Bolsonaro e reforçam o repúdio à sua figura", disse Altman. Segundo ele, a estratégia de Trump e o bolsonarismo, em vez de unificar a opinião pública, têm acirrado as divisões no país.

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