TV 247 logo
      HOME > Entrevistas

      Breno Altman: “Vladimir Putin fez barba, cabelo e bigode”

      Jornalista afirma que posições da Rússia prevaleceram no encontro do Alasca e que acordo exigirá concessão territorial da Ucrânia e neutralidade na Otan

      Breno Altman: “Vladimir Putin fez barba, cabelo e bigode” (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque | Divulgação)
      Dafne Ashton avatar
      Conteúdo postado por:

      247 - Breno Altman avaliou que a Rússia saiu vencedora do encontro no Alasca e que a negociação para encerrar a guerra na Ucrânia se moverá nos termos apresentados por Moscou. Em suas palavras, “Vladimir Putin fez barba, cabelo e bigode”. As declarações foram dadas no programa Bom Dia, em que Altman concentrou sua leitura no balanço político-diplomático do diálogo entre lideranças internacionais e seus desdobramentos para um possível acordo de paz

      Segundo o jornalista, “a Rússia sagrou-se como triunfante no encontro do Alaska, porque as teses russas se impuseram”. Ele organizou essa “vitória” em dois eixos: “Quais são as duas grandes teses russas? A primeira tese de que só haverá paz se forem aceitas reivindicações territoriais russas. E [...] que a Ucrânia permaneça como estado neutro, ou seja, que ela não ingresse na OTAN”. A segunda é processual: “A segunda tese russa é repudiar a ideia de um cessar fogo para negociar [...] As negociações são realizadas em combate”.

      O que está na mesa, segundo Altman

      Altman sustenta que, diante do campo de batalha e da correlação de forças, “quem pagar para ver assistirá a Rússia avançando sobre o território ucraniano”. Para ele, isso empurra Kiev e aliados a aceitar um pacote que combine concessões territoriais com neutralidade militar da Ucrânia, deixando um cessar-fogo apenas como etapa final de um acordo de paz.

      Ao comentar a dimensão militar como lastro da diplomacia, citou Viacheslav Molotov: “Não há melhor arma na diplomacia do que o exército”. Na leitura do jornalista, “a Rússia provou que tem exército, um exército poderoso, apesar dos erros cometidos, especialmente nos momentos iniciais da guerra”. Ele descreve um reposicionamento operacional: a Rússia “avança lentamente, mas avança eh sobre o território ucraniano e isso obrigará uma solução favorável à Rússia”.

      Pressões internas nos EUA e papel de Donald Trump

      Para Altman, a política doméstica norte-americana é determinante: “os Estados Unidos, Donald Trump, cederam no fundamental a as exigências russas”, porque o presidente busca apresentar um desfecho rápido do conflito ao eleitorado: “Ele quer poder ir ao público norte-americano e dizer: ‘Esta guerra absurda é uma invenção dos democratas e eu, fui eu quem acabou com essa guerra’”. Altman também sublinhou a assimetria no trato pessoal: “Donald Trump respeita a Rússia e respeita Putin” e relatou um momento simbólico do encontro: “O próximo encontro em Moscou, não Trump”.

      Repercussões esperadas para Kiev e Europa

      Na sequência das conversas com Volodymyr Zelensky e com líderes europeus, Altman projeta uma imposição de termos: “Trump vai impor uma posição de que a guerra acabou e de que a Ucrânia tem que aceitar um acordo nos termos gerais que a Rússia propôs e negociar detalhes”. Sem o apoio dos Estados Unidos, diz, “a União Europeia não tem como sustentar o esforço de guerra ucraniana”. A avaliação inclui o cenário doméstico em Kiev: “a situação interna de Zelensky é muito delicada”, com protestos e desgaste acumulado. Assista: 

       

      Artigos Relacionados