Privatista, Tarcísio diz que "o mercado vai reduzir a desigualdade no Brasil"
Governador de São Paulo defende privatizações e diz que Estado sozinho não consegue enfrentar disparidades sociais
247 - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu nesta sexta-feira (5) que cabe ao mercado — e não ao Estado — a tarefa de reduzir as desigualdades no Brasil. A declaração foi feita durante evento na B3, em São Paulo, após a assinatura da concessão de uma rodovia e poucas horas antes do leilão do túnel Santos-Guarujá.
Segundo a Folha de S. Paulo, Tarcísio exaltou o papel da iniciativa privada: “A gente acredita que é o recurso privado que vai trazer a transformação. A gente acredita que é o mercado que vai proporcionar a redução das desigualdades, que vai proporcionar a explosão de investimento que a gente precisa. O Estado, em si, não daria conta de fazer isso”, afirmou o governador.
De acordo com Tarcísio, o programa de concessões e privatizações de seu governo superou as expectativas. Inicialmente projetado para atrair R$ 220 bilhões em investimentos, já soma R$ 367 bilhões em dois anos e oito meses. “É bastante dinheiro”, disse ao público presente.
O governador também mencionou o leilão do túnel Santos-Guarujá, realizado em parceria com o governo Lula (PT), mas evitou citar o governo federal em seu discurso. “Algo que está sendo esperado só há 101 anos. Mas, felizmente, este time chegou e sabe entregar projetos, sabe fazer acontecer, e é por isso que a espera vai acabar e daqui a alguns anos o túnel Santos-Guarujá vai ser uma realidade”, afirmou.
As declarações de Tarcísio acontecem em meio a especulações sobre sua eventual candidatura à Presidência em 2026. Apesar disso, ele reafirma publicamente a intenção de disputar a reeleição em São Paulo. “Esse lugar é especial”, declarou ao subir no palco da B3, reforçando sua ligação com o estado.
Embora o governador de São Paulo defenda a ideia de que o mercado seria capaz de reduzir desigualdades, o setor privado, por definição, tem como objetivo central a maximização do lucro — não a promoção de justiça social. Em geral, empresas investem onde há maior retorno financeiro, o que tende a concentrar riquezas em áreas já desenvolvidas, deixando regiões mais pobres e populações vulneráveis à margem.
Dessa forma, delegar ao mercado a missão de corrigir distorções históricas pode significar reforçar assimetrias em vez de superá-las. Experiências anteriores de privatizações no Brasil e em outros países mostram que, sem forte regulação e políticas públicas de redistribuição, os benefícios acabam restritos a investidores e grandes corporações, enquanto a população em geral enfrenta tarifas mais altas e acesso limitado a serviços essenciais.