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Presidente da Embraer defende negociação com EUA e concessões mútuas

Francisco Gomes Neto rejeita retaliação contra tarifa de Trump, alerta para risco da empresa e pede restauração da alíquota zero no setor aéreo

Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto em São José dos Campos - SP (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, afirmou ser contrário a qualquer tipo de retaliação comercial por parte do governo brasileiro em resposta à nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A declaração foi dada em entrevista à Folha de S.Paulo. Segundo o executivo, o melhor caminho para o Brasil é buscar um acordo por meio do diálogo, evitando um aumento na tensão comercial entre os dois países. “Acho que tem que esgotar primeiro a parte negocial, e é exatamente isso que nosso governo está fazendo”, disse.

Gomes Neto relatou que empresários brasileiros já apresentaram uma proposta alternativa ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que prevê concessões dos dois lados como forma de mitigar os efeitos das sobretaxas. “Não dá para resolver tudo, mas acho que dá para fazer o movimento dos dois lados”, declarou. A ideia é ampliar o comércio bilateral, favorecendo tanto exportações quanto importações e promovendo equilíbrio na balança comercial.

O presidente da Embraer ressaltou que a medida adotada pelo governo de Donald Trump ameaça diretamente a saúde financeira da empresa brasileira, já que o mercado americano responde por 60% da receita da companhia. “A sobretaxa de 50% coloca em risco uma parte significativa do nosso faturamento”, alertou. A Embraer tem atualmente 181 pedidos firmes de empresas americanas, como Republic e American Airlines, além de manter forte integração com a indústria dos Estados Unidos. “A gente deve comprar dos EUA mais de US$ 20 bilhões em equipamentos nos próximos cinco anos”, detalhou.

Gomes Neto destacou ainda o apoio que vem recebendo de clientes norte-americanos. “Eles gostam do avião, precisam para os negócios deles e gostam de trabalhar com a Embraer”, afirmou. O executivo defendeu a restauração da tarifa zero no setor aéreo, ressaltando que a aviação sempre operou sem tributação desde 1979 justamente por sua natureza altamente globalizada.

Apesar da nova política tarifária americana, a Embraer vem atravessando um período positivo. Em 2024, a empresa alcançou resultados históricos, com recordes de faturamento, vendas e carteira de pedidos. “Ano passado foi um ano espetacular”, afirmou Gomes Neto. Para 2025, a Embraer projetava receita de até US$ 7,5 bilhões, mas a nova tarifa pode forçar uma revisão nas projeções. “Naturalmente, vamos ter que revisar. Não tem como”, admitiu.

O executivo reconheceu que a manutenção da tarifa poderia provocar um efeito comparável ao da pandemia. “Mitigar o impacto desse tamanho é muito difícil, diria que é praticamente impossível”, avaliou. Por ora, não houve cancelamentos ou adiamentos de encomendas, mas ele não descarta dificuldades caso a tarifa se mantenha. “Se os clientes, no futuro, não quiserem receber mais aviões por causa da tarifa, não tem outra alternativa senão a gente reduzir a produção”, alertou.

Gomes Neto se mostrou otimista com o papel do governo brasileiro na condução das negociações. “O governo está engajado, entende a importância e a relevância do timing”, destacou. Sobre a atuação do governador paulista, Tarcísio de Freitas, o presidente da Embraer afirmou que qualquer apoio é bem-vindo, mas a responsabilidade pelas negociações é do governo federal. “Quem comanda esse processo é o governo federal”, concluiu.

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