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      Investidores preveem tombo de big techs e se protegem com ‘puts do desastre’

      Operadores de Wall Street recorrem a derivativos para conter risco de uma queda brusca no Nasdaq 100

      Operadores na bolsa de Nova York - 12/02/2025 (Foto: REUTERS/Brendan McDermid )
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - O clima de tensão voltou a dominar os mercados de tecnologia em Wall Street. Segundo reportagem publicada pelo Valor Econômico, investidores estão recorrendo a instrumentos conhecidos como “puts do desastre” para se protegerem de uma eventual derrocada das gigantes do setor, em um cenário que lembra o estouro da bolha da internet no fim dos anos 1990.

      O índice Nasdaq 100 acumula alta de quase 40% desde a forte queda registrada em abril, quando as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, derrubaram os papéis de tecnologia. O impulso veio principalmente das chamadas Sete Magníficas — grupo que inclui Nvidia, Meta e Microsoft — cujo desempenho disparou quase 50% desde então. Apesar do rali, analistas alertam que os ganhos recentes podem esconder fragilidades que podem emergir nos próximos dias, com gatilhos como o simpósio do Federal Reserve em Jackson Hole e os resultados trimestrais da Nvidia.

      Sinais de risco e comparação com a bolha da internet

      Para Jeff Jacobson, chefe de estratégia de derivativos da 22V Research, os operadores parecem menos preocupados com uma correção rotineira e mais atentos à possibilidade de repetição do colapso de abril. “O mercado teve uma alta tão grande. Uma infinidade de fatores pode fazer as big techs desabarem”, afirmou. Entre esses fatores, estão o impacto da inteligência artificial sobre empresas de software e a pressão inflacionária que pode levar o Fed a rever cortes de juros já precificados.

      Torsten Slok, economista-chefe da Apollo Management, destacou em nota a clientes que o movimento das ações de tecnologia hoje se mostra “surpreendentemente semelhante” ao observado antes do colapso da bolha das pontocom. Já Michael Hartnett, estrategista do Bank of America, reforçou que enxerga uma bolha em ativos de risco desde dezembro e prevê queda das bolsas logo após Jackson Hole.

      “Puts do desastre” e estratégias defensivas

      O aumento do chamado put skew — a diferença no custo de proteção contra quedas acentuadas e moderadas — atingiu o maior nível em quase três anos, segundo Jacobson. Esse movimento evidencia a corrida de investidores por opções de venda, que permitem lucrar ou reduzir perdas em caso de queda.

      “Pode haver uma rotação saindo dessas sete gigantes e indo para outras áreas que ficaram para trás”, avaliou Jacobson. Ele sugeriu ainda que parte do mercado aposta em um movimento de “venda no fato” após os resultados da Nvidia ou mesmo após o simpósio do Fed.

      Divergência entre analistas

      Apesar da postura cautelosa, nem todos em Wall Street acreditam que apostar contra o Nasdaq 100 seja uma boa estratégia. Analistas do J.P. Morgan sugerem o movimento contrário: vender o índice Russell 2000, de empresas menores, e comprar o Nasdaq 100.

      Jacobson, contudo, mantém seu tom de alerta. “Claramente, há essa possibilidade, certo? Você tem uma concentração tão forte nesses nomes. Não seria preciso muito”, concluiu.

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