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      Wall Street Journal traça dois cenários possíveis para a Ucrânia; conheça

      Nos dois casos, Zelensky é derrotado

      O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, fala durante uma entrevista à Reuters, em meio ao ataque da Rússia à Ucrânia, em Kiev, Ucrânia, em 20 de maio de 2024 (Foto: REUTERS/Gleb Garanich)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O Wall Street Journal publicou uma ampla análise sobre os possíveis rumos da guerra na Ucrânia após a cúpula entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, realizada no Alasca. O encontro, que despertava esperanças de um cessar-fogo, terminou sem avanços significativos e reforçou a percepção de que o desfecho do conflito ainda está distante.

      Segundo a publicação, a guerra pode caminhar para dois cenários principais: de um lado, a Ucrânia sobreviveria como um Estado soberano, embora com território reduzido; de outro, poderia perder não apenas terras, mas também sua autonomia, retornando à esfera de influência de Moscou.

      Putin insiste em discutir “causas profundas”

      Após o encontro, Putin deixou claro que não pretende encerrar a ofensiva sem que a Rússia alcance objetivos estratégicos de longo prazo. O líder russo declarou:

       “Estamos convencidos de que, para que a solução ucraniana seja sustentável e de longo prazo, todas as causas profundas da crise, que têm sido repetidamente discutidas, devem ser eliminadas, todas as preocupações legítimas da Rússia devem ser levadas em conta, e deve ser restaurado um equilíbrio justo no campo da segurança na Europa e no mundo como um todo”.

      A ênfase nas “causas profundas” evidencia que Moscou segue determinada a frear a aproximação de Kiev com o Ocidente e a expansão da Otan na região, reforçando seu objetivo histórico de reconstituir a influência russa no Leste Europeu.

      Cenário 1: Partição com proteção

      Neste primeiro cenário, Kiev aceitaria tacitamente que não possui capacidade militar para retomar todas as áreas ocupadas. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky já teria sinalizado disposição para negociar, desde que haja um cessar-fogo que congele as atuais linhas de frente.

      O modelo se assemelharia ao da Coreia do Sul após 1953: um território dividido, mas protegido por fortes garantias militares. Reino Unido e França articulam enviar tropas como fator de dissuasão, e Trump teria mostrado abertura para discutir algum tipo de participação dos EUA nesse arranjo.

      Para Putin, no entanto, esse desfecho representaria um fracasso histórico, já que manteria apenas 20% da Ucrânia em ruínas, enquanto veria o restante do país consolidado sob proteção ocidental.

      Cenário 2: Partição com subordinação

      O segundo cenário seria mais drástico para Kiev. Moscou exigiria não apenas a cessão de parte do território, mas também restrições ao tamanho das Forças Armadas ucranianas, limitação no uso de armamentos ocidentais e mudanças constitucionais e políticas internas.

      Nesse caso, a Ucrânia se tornaria um protetorado russo, com soberania reduzida e vulnerável a novas invasões. Para Putin, esse seria o verdadeiro objetivo estratégico: controlar não apenas terras, mas também a trajetória política e cultural do país vizinho.

      Apesar do desgaste do Exército ucraniano após mais de três anos de guerra, especialistas ouvidos pelo WSJ destacam que a resistência ainda é sólida, apoiada em novas tecnologias como o uso intensivo de drones, que favorecem a defesa.

      Michael Kofman, analista militar do Carnegie Endowment for International Peace, afirmou:

       “Não vejo o exército ucraniano colapsando. Mas, em uma linha de tempo mais longa, se a Ucrânia não resolver seus problemas de geração e gestão de forças, poderá não ser derrotada em campo, mas ficará cada vez mais exaurida”.

      Um futuro ainda indefinido

      Embora a Rússia conte com vantagens demográficas, econômicas e militares, analistas lembram que a Ucrânia tem demonstrado resiliência e capacidade de adaptação. Para o momento, as perspectivas permanecem em aberto: ou o país sobrevive como um Estado reduzido, mas protegido, ou é forçado a uma subordinação que comprometa sua independência.

      O que está em jogo, conclui o Wall Street Journal, é não apenas o destino da Ucrânia, mas também o equilíbrio de forças na Europa e a capacidade do Ocidente de conter as ambições geopolíticas de Moscou.

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