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Importadora dos EUA processa governo Trump por tarifa de 50% sobre suco de laranja brasileiro

Empresa alega que medida não tem base legal e elevará preços ao consumidor em até 25%, com impacto de US$ 68 milhões nos próximos 12 meses

Presidente dos EUA, Donald Trump - 16/07/2025 (Foto: REUTERS/Umit Bektas)

247 - A Johanna Foods Inc, uma das principais distribuidoras de suco de laranja dos Estados Unidos, abriu um processo contra o governo do presidente Donald Trump em reação à tarifa de 50% imposta às importações do Brasil, informa o Metrópoles. A nova taxação entrará em vigor no dia 1º de agosto.

Segundo a ação, protocolada na sexta-feira (18), a empresa questiona a legalidade da tarifa imposta por Trump, argumentando que ela carece de justificativas concretas para se enquadrar como uma medida emergencial — condição necessária para driblar o Congresso e impor unilateralmente novos encargos sobre importações.

A Johanna Foods, com sede em Nova Jersey, afirma que os motivos listados pelo presidente — como o tratamento dispensado a Jair Bolsonaro (PL), críticas à liberdade de expressão e à integridade eleitoral no Brasil e uma “relação comercial histórica injusta” — não configuram ameaças “extraordinárias ou incomuns” à segurança nacional, conforme exigido pela legislação dos EUA. 'A carta [de Trump] não menciona nenhuma base legal ou estatutária para a tarifa', destaca a empresa no processo.

“Ameaça existencial” aos negócios - A empresa calcula que a nova tarifa elevará em US$ 68 milhões seus custos com a importação de suco de laranja não concentrado do Brasil no período de um ano, impactando diretamente os preços ao consumidor norte-americano, que podem subir entre 20% e 25%. A Johanna Foods alerta que a medida representa uma “ameaça existencial” à continuidade de suas operações.

A contestação judicial foi apresentada também em nome da Johanna Beverage Co., companhia irmã localizada no estado de Washington.

Além dos impactos econômicos diretos, a petição judicial chama atenção para a falta de base formal da medida, sublinhando que a carta emitida por Trump não tem status de ordem executiva nem altera diretrizes anteriores. “O presidente não identificou qualquer ameaça extraordinária ou incomum vinda do exterior à segurança nacional, política externa ou economia dos EUA”, assinala a empresa, reforçando que não houve declaração de estado de emergência que justificasse a ação.

Brasil é líder no fornecimento aos EUA - De acordo com a denúncia, o Brasil é o principal fornecedor de suco de laranja para o mercado norte-americano, respondendo por mais da metade de todo o produto consumido no país. A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) corrobora essa estimativa e ressalta que o mercado dos Estados Unidos é “insubstituível”, representando sozinho cerca de 40% de todas as exportações brasileiras de suco.

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