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      Haddad promete apoio econômico aos setores atingidos pelo tarifaço

      Ministro reafirma esforço diplomático para reverter tarifa de 50% imposta por Trump e assegura apoio a segmentos afetados sem comprometer meta fiscal

      Ministro da Fazenda, Fernando Haddad 10/07/2025 (Foto: REUTERS/Mateus Bonomi)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo brasileiro seguirá firme nas negociações com os Estados Unidos para evitar a adoção da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para o país norte-americano. A declaração foi dada em entrevista à Rádio CBN, conforme reportado pela Agência Brasil.

      Haddad ressaltou que, mesmo diante da ameaça do chamado “tarifaço” anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Brasil não abandonará a mesa de negociação e manterá o diálogo aberto com o governo norte-americano. “O Brasil não vai sair da mesa de negociação. A determinação do presidente Lula é de que nós não demos nenhuma razão para sofrer esse tipo de sanção”, declarou.

      Esforço conjunto do governo brasileiro

      O ministro detalhou que o vice-presidente Geraldo Alckmin, o Ministério da Fazenda e o Itamaraty seguem engajados em tratativas permanentes. Haddad mencionou o envio de duas cartas ao governo dos Estados Unidos, a primeira em maio e uma segunda na semana passada, ambas sem retorno até o momento. “Nós vamos insistir na negociação comercial para que possamos encontrar um caminho de aproximação dos dois países que não têm razão nenhuma para estarem distanciados”, enfatizou.

      Haddad também confirmou a existência de um grupo de trabalho empenhado em desenvolver planos de contingência para apoiar os setores brasileiros que seriam mais impactados pelas novas tarifas. “A pedido do presidente Lula, nós estamos desenhando os cenários possíveis, tanto da abertura de negociações por parte dos Estados Unidos — o que não aconteceu ainda — até uma resposta eventual às duas cartas que nós mandamos”, explicou.

      Alternativas em estudo e apoio aos setores afetados

      Entre as alternativas em análise, Haddad afirmou que estão sendo consideradas tanto medidas de reciprocidade quanto políticas de apoio aos segmentos econômicos mais prejudicados. “Temos um grupo de trabalho se preparando para apresentar [propostas] essa semana para o presidente. Quais são as alternativas que temos? Tanto em relação à lei da reciprocidade quanto em relação a um eventual apoio que o presidente eventualmente queira considerar em relação aos setores mais prejudicados”, afirmou.

      Ele assegurou ainda que essas medidas não devem comprometer o equilíbrio fiscal. Citando a ajuda emergencial às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, Haddad lembrou que o governo atuou com linhas de crédito e mecanismos financeiros que não impactaram o resultado primário. “Não necessariamente isso vai implicar em gasto primário”, reforçou.

      Críticas à interferência política da extrema direita

      Durante a entrevista, Haddad destacou o caráter político do conflito comercial, citando a relação pessoal entre a família Bolsonaro e o presidente Donald Trump como um agravante para o Brasil. “Nesse momento é hora de unidade no país na defesa do interesse nacional e da percepção, que é real, de que nós não estamos sozinhos nessa questão com os Estados Unidos. Mas nós temos uma particularidade que é o fato de que tem uma força política de extrema direita no Brasil que está concorrendo contra os interesses nacionais”, criticou.

      O ministro também contestou a justificativa econômica para a tarifa, lembrando que o Brasil é deficitário em sua balança comercial com os Estados Unidos. “Estamos longe de ser o problema dos Estados Unidos”, apontou.

      Sinalizações contraditórias dos EUA

      Haddad estranhou a mudança abrupta da postura americana. Segundo ele, houve reuniões recentes em que autoridades dos Estados Unidos indicaram abertura para negociar uma redução de tarifas. “Eu estive com o secretário do Tesouro na Califórnia dois meses atrás, discutindo uma tarifa de 10% como sendo injusta e ele estava aberto ao diálogo. O que mudou de dois meses para cá para que uma autoridade dos Estados Unidos estivesse aberta a discutir uma redução de tarifa de 10% e, no meio do caminho, você acorda com a notícia de que de 10% passou a 50%?”, questionou o ministro.

      Para Haddad, a resposta está no vínculo pessoal de Trump com o ex-presidente Bolsonaro. “O que sobra na verdade para manutenção dessa tarifa de 50%? A questão individual da relação do Trump com o ex-presidente Bolsonaro. Do meu ponto de vista é muito grave o que aconteceu, você fazer do destino de uma pessoa que tentou efetivamente se manter no poder pela força e articulou as forças nacionais em proveito próprio”, criticou.

      Defesa do Pix

      Outro ponto abordado na entrevista foi a investigação anunciada pelo governo norte-americano sobre o Pix. Haddad ironizou a iniciativa, afirmando que o Pix é um sistema de sucesso internacional, comparável a tecnologias que substituem antigas práticas. “O Pix é um modelo exitoso de transações financeiras a custo zero”, disse, classificando como absurda a alegação de que o sistema representaria uma ameaça aos Estados Unidos. “Como que o Pix pode representar uma ameaça a um império?”, indagou.

      O ministro concluiu reafirmando que o governo Lula continuará a trabalhar pela defesa dos interesses nacionais, tanto no plano diplomático quanto na proteção dos setores econômicos brasileiros mais sensíveis ao conflito comercial.

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