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      Governo Trump avalia compra de participação na Intel em meio à crise da fabricante de chips

      Negociações podem garantir investimentos em megacomplexo industrial no estado de Ohio e marcam mais uma intervenção direta do presidente

      Logo da Intel entre duas placas de informática - 06/03/2023 (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – A administração do presidente Donald Trump está em negociações com a Intel Corp. para que o governo dos Estados Unidos adquira uma participação na fabricante de semicondutores, segundo informações da Bloomberg publicadas nesta quinta-feira (14). Pessoas com conhecimento do assunto afirmaram que o objetivo é apoiar o projeto de um grande polo industrial da empresa em Ohio, que já sofreu diversos adiamentos. A companhia havia prometido transformar o local na maior fábrica de chips do mundo, mas enfrenta dificuldades financeiras.

      De acordo com a reportagem, ainda não há definição sobre o tamanho da participação que o governo pretende adquirir. As conversas ocorrem poucos dias depois de Trump pedir publicamente a saída do CEO da Intel, Lip-Bu Tan, alegando que ele estaria “altamente em conflito” devido a vínculos anteriores com a China. Apesar disso, as tratativas atuais indicam que Tan continuará no comando da empresa.

      Objetivo e contexto das negociações

      O plano ganhou força após uma reunião, nesta semana, entre Trump e Tan. Fontes ouvidas pela Bloomberg afirmaram que a ideia é que o governo pague pela participação acionária, mas ressaltaram que as negociações ainda estão em estágio inicial e podem não resultar em um acordo.

      A proposta é vista como parte de uma política industrial mais agressiva do governo, voltada a fortalecer empresas consideradas estratégicas para enfrentar a competição com a China. Geoffrey Gertz, pesquisador do Center for a New American Security, declarou à Bloomberg Television: “Nos últimos meses, vimos o governo desempenhar um papel muito mais ativo na economia, com uma política industrial mais prática nesses setores críticos”.

      Histórico de intervenções econômicas

      A possível entrada do governo como acionista da Intel repete estratégias recentes de Trump. Sua administração já garantiu 15% de participação em determinadas vendas de semicondutores para a China, adquiriu uma “golden share” na United States Steel Corp. e, no mês passado, o Departamento de Defesa anunciou a compra de US$ 400 milhões em ações preferenciais da produtora de minerais raros MP Materials Corp., tornando-se seu maior acionista.

      Segundo a reportagem, dentro do governo há a percepção de que esse tipo de operação — combinando investimento acionário, garantias de compra, empréstimos e parcerias — transmite segurança aos investidores e fortalece projetos estratégicos sem comprometer excessivamente recursos públicos.

      Impactos no mercado e reação da Intel

      A notícia impulsionou as ações da Intel, que subiram até 8,9% durante o pregão e fecharam em alta de 7,4%, a US$ 23,86, elevando o valor de mercado para cerca de US$ 104,4 bilhões. Após o fechamento, os papéis continuaram a subir, chegando a registrar alta adicional de 4%.

      Em comunicado, a empresa afirmou estar “profundamente comprometida em apoiar os esforços do presidente Trump para fortalecer a liderança dos Estados Unidos em tecnologia e manufatura” e declarou que continuará trabalhando com a administração para “avançar essas prioridades comuns”. No entanto, reforçou que “não vai comentar rumores ou especulações”.

      Já o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, alertou que “discussões sobre negócios hipotéticos devem ser tratadas como especulação, a menos que sejam oficialmente anunciadas pela administração”.

      Desafios da Intel e cenário político

      A Intel, pioneira no setor de semicondutores, vem enfrentando perda de participação de mercado e atraso tecnológico. O megaprojeto em Ohio, apresentado pelo antecessor de Tan, Pat Gelsinger, como parte de um plano de recuperação, já foi adiado para a década de 2030. Tan, que assumiu em março, tem priorizado o ajuste financeiro da companhia.

      Politicamente, o estado de Ohio é relevante para Trump: ele venceu ali em suas três eleições presidenciais, e os republicanos conquistaram uma vaga no Senado em 2024. O atual vice-presidente dos EUA, JD Vance, foi senador por Ohio, que deve voltar a ser um campo de disputa em 2026, quando o ex-senador democrata Sherrod Brown tentará recuperar o mandato.

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