Pequim recomenda que empresas evitem chip H20 da Nvidia após Trump retomar vendas à China
Orientação mira usos ligados ao governo e segurança nacional e pode limitar ganhos da medida que reverteu restrições dos EUA
247 - Pequim está orientando empresas chinesas a evitarem o uso do processador H20 da Nvidia, especialmente em aplicações ligadas ao governo e à segurança nacional, segundo reportagem da Bloomberg.
A recomendação, enviada nas últimas semanas a companhias estatais e privadas, ocorre mesmo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizar a retomada das vendas do chip ao país asiático — revertendo uma proibição anterior.
Fontes consultadas pela agência afirmam que a diretriz não constitui um banimento formal, mas desencoraja o uso do H20 em setores sensíveis, incluindo projetos de empresas estatais. Analistas apontam que, apesar da pressão política, muitos grupos chineses ainda valorizam o chip por seu desempenho em determinadas aplicações de inteligência artificial. “Chips de fabricantes domésticos estão melhorando muito em qualidade, mas talvez não sejam tão versáteis para cargas específicas”, disse Homin Lee, estrategista sênior do Lombard Odier em Cingapura.
A medida de Pequim também afeta processadores da norte-americana AMD, como o MI308, embora não esteja claro se o modelo foi citado nominalmente nas comunicações. O movimento impulsionou as ações da chinesa Cambricon Technologies, especializada em chips de IA, que subiram 20% no pregão, liderando ganhos no setor.
Mesmo com o aval de Washington para retomar vendas de modelos menos avançados — mediante a polêmica exigência de repasse de 15% da receita ao governo norte-americano —, Nvidia e AMD enfrentam agora o desafio de lidar com clientes pressionados a priorizar fornecedores locais. Pequim tem reforçado a necessidade de substituir chips ocidentais por soluções domésticas, integrando essa estratégia a políticas mais amplas de desenvolvimento tecnológico e segurança nacional.
Os avisos coincidem com reportagens da mídia estatal chinesa que questionam a segurança e confiabilidade do H20, levantando suspeitas sobre possíveis funções de rastreamento e desligamento remoto — alegações negadas pela Nvidia, que afirmou que o produto “não é militar nem destinado a infraestrutura governamental” e que a China “nunca dependeu de chips americanos para operações estatais”.
A orientação atual se concentra em usos sensíveis, de forma semelhante às restrições já aplicadas a veículos da Tesla, iPhones da Apple e chips da Micron Technology em determinados setores. Contudo, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, Pequim avalia ampliar as restrições para outras áreas.
O H20 foi desenvolvido especificamente para atender às limitações impostas por Washington, com menos capacidade de processamento, mas alta largura de banda de memória, ideal para a etapa de inferência em IA. Empresas como Alibaba e Tencent utilizam o modelo, enquanto a chinesa Huawei enfrenta dificuldades para atender à demanda com chips próprios. Segundo estimativas do governo norte-americano, perder acesso ao H20 poderia tornar de três a seis vezes mais caro para companhias chinesas processar modelos avançados de IA.
Para Trump, o produto “ainda tem mercado” na China, embora também o tenha chamado de “obsoleto”. Membros de seu governo defendem manter o ecossistema de IA chinês dependente de tecnologia norte-americana menos avançada, enquanto outros alertam que a medida pode fortalecer rivais como a Huawei. Há ainda alegações, de parte da administração, de que o relaxamento das restrições estaria ligado a acordos sobre minerais raros — algo que, segundo o secretário de Comércio Howard Lutnick, estaria “resolvido”.
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