FIEMG se reúne com Lula e entrega propostas contra impacto de tarifas dos EUA
Federação das Indústrias de Minas propôs medidas urgentes que incluem aplicação imediata de antidumping, flexibilização trabalhista e tributária
247 - O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe, entregou nesta sexta-feira (29) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um documento com medidas emergenciais para reduzir os impactos da tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A entrega ocorreu durante agenda oficial em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O principal pedido da entidade é a agilização e aplicação de medidas antidumping. Roscoe alertou que, embora haja processos em andamento, em muitos casos a adoção de medidas provisórias previstas em lei não acontece, o que deixa a indústria nacional exposta por meses à concorrência desleal.
“É fundamental que, sempre que houver determinação preliminar confirmando a prática de dumping e o dano à indústria brasileira, os direitos antidumping provisórios sejam aplicados de forma imediata. Trata-se de proteger empresas, investimentos e empregos no Brasil”, afirmou.
O dirigente citou dois setores já sob forte pressão. No caso do aço, segundo ele, mesmo com dezenas de medidas em investigação ou vigentes, as importações da China cresceram 50% em volume no primeiro semestre de 2025, a preços 10% menores. Já no setor têxtil, destacou o aumento de 245% nas importações de malha de poliéster, ainda em investigação, mas já comercializada a valores inferiores aos de 2021.
Medidas propostas
O documento entregue ao presidente reúne um pacote que vai além da pauta antidumping, contemplando:
- Suspensão de prazos de obrigações ambientais, como taxas de fiscalização, nos moldes adotados durante a pandemia de COVID-19;
- Parcelamento de contas de energia e flexibilização da demanda contratada;
- Medidas trabalhistas alternativas, como antecipação de férias e feriados, banco de horas com prazo de compensação ampliado, suspensão do recolhimento do FGTS e possibilidade de contratos suspensos para cursos de qualificação;
- Flexibilização tributária, incluindo postergação de prazos de recolhimento de IRPJ e CSLL, aumento dos créditos do Reintegra de 0,10% para 3% e revisão da trava de compensação de créditos fiscais.
As propostas contam com o apoio do Fórum Estadual Pró-Emprego e Renda, que reúne entidades empresariais e centrais sindicais mineiras.
Roscoe ressaltou que a adoção rápida das medidas é essencial para evitar consequências severas. “Outro exemplo de dano claro à indústria é o caso da malha de poliéster, atualmente em investigação, mas cujas importações já cresceram 245% a preços menores do que os praticados em 2021”, destacou.
Segundo o presidente da FIEMG, a falta de reação imediata pode gerar “danos irreversíveis a setores estratégicos, como o aço e a indústria têxtil, que já registram aumento expressivo de importações a preços artificialmente baixos”.