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      Empresa chinesa de delivery é acusada de concorrência predatória

      Keeta, braço internacional da Meituan, enfrenta greves, denúncias de vazamento de dados e críticas por estratégia agressiva em Hong Kong

      (Foto: Reprodução)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – A expansão internacional da Meituan, gigante chinesa do setor de delivery, vem sendo acompanhada de polêmicas em Hong Kong. Segundo reportagem do The New York Times, sua marca Keeta foi acusada de adotar práticas consideradas predatórias para dominar rapidamente o mercado, ao mesmo tempo em que enfrenta greves, queixas de entregadores e questionamentos sobre segurança de dados.

      Em 2025, cerca de 270 entregadores da Keeta realizaram protestos e greves, alegando que os ganhos por entrega caíram de forma significativa. As queixas incluíam ainda a adoção do sistema automático de distribuição de pedidos, que favorece entregadores com mais horas disponíveis ou notas mais altas no algoritmo. Trabalhadores relataram que o modelo impõe jornadas longas, imprevisíveis e sob intensa pressão, beneficiando a empresa enquanto precariza as condições de trabalho.

      Além das disputas trabalhistas, a Keeta enfrentou pelo menos dois episódios graves de vazamento de dados, expondo informações sensíveis de entregadores e clientes, como nomes reais, números de identidade e telefones. Mesmo com promessas de anonimização por meio de pseudônimos e criptografia, os sistemas permaneceram vulneráveis, gerando desconfiança sobre a capacidade da empresa de proteger dados pessoais.

      Outro ponto de crítica é o modelo de negócios da Keeta, descrito por analistas como uma “queima de caixa” predatória. A empresa usou subsídios artificiais, entregas gratuitas e pagamentos temporariamente altos para atrair restaurantes e entregadores e conquistar consumidores rapidamente. Essa política, segundo especialistas ouvidos pelo New York Times, criou uma aparência de eficiência e acessibilidade, mas teve efeitos colaterais: a quebra de concorrentes e a precarização das relações de trabalho.

      A saída da Deliveroo de Hong Kong, após nove anos de operação, foi interpretada como resultado direto da estratégia agressiva da Keeta. Para críticos, a concentração de mercado ameaça reduzir opções para consumidores e trabalhadores, reforçando a percepção de que o domínio da Meituan não veio sem custos sociais e econômicos.

      Em nota ao 247, a Keeta negou ter realizado “práticas predatórias” e também rechaçou ter havido “vazamentos de dados” envolvendo seus empregados no mercado de Hong Kong. Confira o posicionamento da empresa na íntegra abaixo:

      NOTA

      A entrada bem-sucedida da Keeta em Hong Kong não foi impulsionada por “práticas predatórias”, como alegado sem evidências. Ela foi resultado de nossos investimentos em tecnologia e da expertise operacional adquirida ao longo de 15 anos de atuação sólida no setor de entrega de alimentos na China. 

      Ampliamos nossa participação de mercado oferecendo aos consumidores uma experiência superior e dobrando o volume de pedidos dos comerciantes nos últimos dois anos. Nossos entregadores parceiros ganham, em média, HK$ 20,000 por mês — uma renda que está alinhada aos ganhos da maioria dos trabalhadores de Hong Kong, segundo o Departamento de Censo e Estatísticas da região.

      Também é falso afirmar que houve “vazamentos de dados” envolvendo a Keeta no mercado de Hong Kong. A empresa está em total conformidade com a regulamentação local de proteção de dados e nunca foi investigada por qualquer órgão institucional — seja nesse mercado ou em qualquer outro em que atua — por descumprimento destas normas.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

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