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China endurece regras contra “corrida insana” de preços e mira inovação industrial

Nova proposta de emenda à Lei de Preços visa conter guerras de preços predatórias e fortalecer competitividade baseada em qualidade

Braços robóticos montam carros na linha de produção de veículos elétricos da Leapmotor em uma fábrica em Jinhua, província de Zhejiang, China, em 26 de abril de 2023 (Foto: China Daily via REUTERS)

247 - A China deu mais um passo decisivo para reorganizar sua economia com base na qualidade e inovação. Segundo reportagem do Global Times, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) e a Administração Estatal de Regulação do Mercado (SAMR) divulgaram, nesta quinta-feira (24), uma proposta de emenda à Lei de Preços que busca coibir a chamada “competição em estilo corrida de ratos”, marcada por cortes excessivos de preços e margens de lucro reduzidas.

O documento, atualmente em consulta pública, detalha critérios mais rigorosos para a identificação de práticas abusivas, como dumping, cartelização, preços abusivos e discriminação de preços. O objetivo é estabelecer um ordenamento mais justo no mercado e eliminar condutas que, apesar de atraírem consumidores no curto prazo, comprometem a sustentabilidade e capacidade de inovação das empresas no longo prazo.

Reforço ao combate à involução industrial
Desde o início do ano, o governo chinês vem reforçando sua ofensiva contra práticas que enfraquecem o tecido produtivo nacional. No relatório do Governo ao Congresso Nacional do Povo (NPC), em março, já havia o compromisso de “eliminar o protecionismo local e a segmentação de mercado” e de “remover obstáculos à livre circulação de fatores de produção”.

Em maio, a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis lançou uma iniciativa conclamando as empresas de veículos elétricos a evitarem estratégias de monopolização e preservarem a competição justa. A entidade advertiu que grandes fabricantes não devem sufocar os concorrentes menores nem violar seus direitos legítimos.

“O modelo de competição baseado apenas em corte de preços enfraquece a força competitiva da indústria”, alertou Hu Qimu, secretário-geral adjunto do Fórum 50 para Integração das Economias Digital e Real. “Pode haver algum benefício para consumidores sensíveis a preço, mas, no médio e longo prazos, a redução das margens prejudica a capacidade das empresas de inovar”, disse ele ao Global Times.

Nova ofensiva regulatória: alimentos e carros no radar
A ofensiva regulatória também se estendeu a outros setores, como o de entregas e o de cimento. No dia 18 de julho, a SAMR convocou as três maiores plataformas de entrega de comida do país — Meituan, Ele.me e JD.com — para exigir adequação às leis, padronização de promoções e compromisso com a concorrência justa.

No dia seguinte, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação, a NDRC e a SAMR realizaram uma reunião dedicada à concorrência no setor de veículos elétricos, com medidas de monitoramento de preços e fiscalização da qualidade.

A campanha contra a involução — termo utilizado na China para descrever competições destrutivas que não levam à evolução econômica — tem obtido respaldo de várias indústrias. Fabricantes de automóveis decidiram limitar os prazos de pagamento a fornecedores em até 60 dias, enquanto a associação nacional de cimento emitiu diretrizes para conter a competição predatória. No setor da construção civil, 33 grandes empresas firmaram um pacto contra a involução.

Para além do crescimento: aposta em qualidade e inovação
A proposta de emenda à Lei de Preços se insere em um movimento mais amplo do governo chinês de reposicionar o crescimento econômico, favorecendo inovação, sustentabilidade e equidade de mercado. Ao desestimular o "vale-tudo" por fatias de mercado, o país pretende garantir um ambiente competitivo mais estável e atrativo para investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

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