Cade monitora chegada da Meituan após condenação por práticas anticoncorrenciais na China
Multada em R$ 2,5 bilhões por abuso de mercado em seu país, empresa chinesa planeja operar no Brasil sob alerta de autoridades por violações trabalhistas
247 - A entrada da Meituan no mercado brasileiro de delivery será acompanhada de perto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A gigante chinesa carrega um histórico de práticas questionáveis que já lhe renderam uma condenação por conduta anticoncorrencial em seu país de origem, com multa de cerca de 2,5 bilhões de reais — equivalente a 3% de sua receita anual. A punição foi aplicada pelas autoridades antitruste da China após a empresa impor contratos de exclusividade a restaurantes parceiros, restringindo a concorrência.
A informação foi revelada pela Revista Veja e acendeu um alerta no Brasil, onde a empresa pretende iniciar operações ainda em 2025. Embora a Meituan já tenha anunciado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um investimento de R$ 5,6 bilhões, durante visita oficial à China, o passado recente da companhia levanta dúvidas sobre as práticas que ela adotará por aqui. O Cade, responsável por zelar pela livre concorrência no país, acompanha os desdobramentos com atenção.
Além da condenação por abuso de mercado, a Meituan também é alvo de críticas severas por suas condições de trabalho. Uma reportagem da CNN Internacional, exibida em outubro de 2024, retratou o ambiente de pressão extrema imposto aos entregadores da plataforma, submetidos a metas exaustivas, longas jornadas e penalidades por pequenos atrasos, tudo gerido por algoritmos que priorizam produtividade acima de qualquer outro critério. Os trabalhadores relataram episódios de “colapsos nervosos” e desgaste físico e mental profundo.
O South China Morning Post também trouxe à tona denúncias de entregadores da Meituan em Hong Kong, que enfrentam exaustão crônica, problemas respiratórios e doenças relacionadas ao excesso de trabalho. A promessa de “autonomia” e “flexibilidade” vendida pela empresa contrasta com relatos de exploração moderna, precarização e ausência de apoio institucional. Mesmo na China, país conhecido por uma legislação trabalhista mais permissiva, a Meituan já foi duramente criticada por acadêmicos, jornalistas e movimentos sociais.
Um documentário intitulado China’s Food Delivery Meltdowns, disponível no YouTube, reforça esse cenário ao mostrar entregadores em situação de colapso diante das exigências da plataforma. As imagens revelam como a tecnologia, quando utilizada de forma desumana, pode se transformar em ferramenta de controle e opressão.
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