247 - Uma das principais apostas no mercado de delivery nacional vive a ameaça de um recuo. Após ver os lucros afundarem 97%, com queda de 13% nas ações no segundo trimestre de 2025, a Meituan, dona da marca Keeta, admite a possibilidade de atrasar o início das operações no Brasil.
Numa teleconferência com analistas de bancos internacionais, o CEO e fundador da Meituan, Xing Wang, respondeu o seguinte a uma pergunta de Alicia Yap, do Citigroup, sobre o que pretende com o mercado brasileiro: “Quanto ao Brasil, acho que ainda estamos fazendo pesquisas de mercado. Temos uma pequena equipe lá e planejamos expandi-la, estamos preparados para a entrada no mercado. Estamos bastante otimistas quanto ao potencial, mas entendemos que, embora seja um dos cinco maiores mercados de delivery do mundo, a concorrência também será bastante intensa. Então, não vejo que estejamos com pressa. Queremos garantir que façamos nossa pesquisa, que tenhamos uma boa equipe no lugar e, então, possamos realmente criar novos valores para consumidores, restaurantes e entregadores".
Somente na última quinta-feira, Wang viu seu patrimônio despencar em US$ 1,1 bilhão. Sua explicação contradiz os porta-vozes da Meituan no Brasil, que anunciaram o início dos trabalhos em novembro, com a meta de chegar a 5 regiões metropolitanas do Brasil até junho de 2026. A “equipe pequena” conta hoje com 700 funcionários espalhados em dois prédios no descolado bairro da Vila Madalena, em São Paulo.
No mercado de delivery, o alerta fica para os restaurantes que têm fechado acordos exclusivos com a Meituan. Com o atraso de entrada, eles terão impactos logísticos e comerciais.
Em nota enviada ao Brasil 247, a Meituan declara: A alegação de que a Keeta estaria recuando em suas operações no Brasil é equivocada e falsa. O compromisso da empresa com o país continua inabalável, assim como o plano de lançar seu serviço em uma cidade-piloto no próximo trimestre.
Como amplamente comunicado e celebrado pelo setor, o investimento de longo prazo da Keeta no Brasil totaliza 5,6 bilhões de reais ao longo dos próximos cinco anos. Em apenas alguns meses, já ampliamos nossa equipe para 800 colaboradores no país, com a meta de chegar a 1.000 até o fim do ano, além de termos estabelecido nossa sede em São Paulo.
Já nos reunimos com diversos representantes do governo, incluindo o prefeito de São Paulo na semana passada, para desenvolver iniciativas conjuntas e discutir como a Keeta pode gerar impacto positivo no ecossistema, especialmente em áreas como segurança e bem-estar dos motociclistas parceiros.
Mais de 120 mil entregadores já se cadastraram em nossa plataforma, o que evidencia a demanda clara por mais concorrência e opções no mercado. Além disso, estamos apoiando a criação de um centro de atendimento ao cliente no Nordeste, que vai gerar mais de 3 mil oportunidades de trabalho indiretas.
Estamos comprometidos em construir um negócio sustentável que gere empregos para brasileiros, amplie o potencial de ganhos dos entregadores parceiros, impulsione a inovação e o avanço tecnológico para os restaurantes, e ofereça mais opções e escolhas para consumidores. Não vamos nos desviar dessa missão.
A Keeta está extremamente otimista quanto ao crescimento de longo prazo de suas operações, não apenas no Brasil, mas também internacionalmente, com planos de alcançar USD 100 bilhões em GMV nos próximos 10 anos.

Guilherme Levorato

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Economia

Meituan ensaia recuo nas operações

247 – As ações da Meituan, gigante chinesa de entregas sob demanda, despencaram 12,6% na Bolsa de Hong Kong após a divulgação de um tombo de 97% no lucro líquido do segundo trimestre de 2024. A informação foi publicada pelo <a href="https://www.yicaiglobal.com/news/meituan-sinks-after-second-quarter-profit-dives-97-amid-food-delivery-price-war">portal Yicai Global</a>. O resultado reflete a crescente guerra de preços no mercado de delivery de alimentos na China, onde rivais como JD.Com e Alibaba (por meio do Ele.me) aumentaram agressivamente seus investimentos para disputar consumidores e prestadores de serviço.
Segundo o balanço, o lucro líquido da companhia foi de 365,3 milhões de yuans (US$ 51,3 milhões) entre abril e junho, contra 11,4 bilhões de yuans (US$ 1,6 bilhão) no mesmo período do ano passado. Apesar disso, a receita cresceu 12%, alcançando 91,8 bilhões de yuans (US$ 12,9 bilhões).
<h3>"Uma nova fase de competição intensa"</h3>
Em teleconferência com investidores, o fundador e CEO da Meituan, Wang Xing, reconheceu que a empresa enfrenta um cenário de disputas cada vez mais duras.
<blockquote>&nbsp;“No segundo trimestre, a dinâmica competitiva tanto do setor de entrega de comida quanto, de forma mais ampla, do varejo sob demanda, evoluiu rapidamente. A indústria entrou em uma nova fase e em outra rodada de competição intensa”, afirmou.</blockquote>
Wang também alertou que a empresa deve continuar sentindo pressão no curto prazo:
<blockquote>&nbsp;“Esperamos que a competição feroz continue e isso trará impacto negativo sobre nossos resultados financeiros.”</blockquote>
<h3>Rivalidade e impacto financeiro</h3>
A entrada da JD.Com no mercado de entregas no início de 2024 desencadeou uma resposta imediata da Meituan e da Alibaba, que intensificaram gastos em subsídios e incentivos para atrair consumidores e entregadores. Com isso, as despesas de vendas e marketing da Meituan dispararam 52%, atingindo 22,5 bilhões de yuans.
A pressão também atingiu os rivais. A JD.Com anunciou em 14 de agosto que seu lucro líquido do segundo trimestre caiu 51%, para 6,2 bilhões de yuans, puxado principalmente pelos investimentos pesados em seu novo braço de delivery.
Neste mês, Meituan, JD.Com, Ele.me e outras plataformas firmaram compromisso para encerrar práticas consideradas predatórias, como promoções de “compra zero-yuan”, em um esforço para conter a chamada “involução” (neijuan) — competição autodestrutiva que gera retornos cada vez menores.
Apesar disso, Wang Xing reiterou o compromisso da companhia:
<blockquote>&nbsp;“O cenário competitivo intensificado não mudará nossa determinação em construir um ecossistema saudável. Nosso foco será melhorar a experiência do usuário, fortalecer a oferta e trazer a competição de volta ao caminho da criação de valor.”</blockquote>
<h3>Segmentos em foco</h3>
<ul>
 <li>&nbsp;Comércio local (food delivery): a receita cresceu 7,7% para 65,3 bilhões de yuans, mas o lucro operacional despencou 76%, para 3,7 bilhões de yuans, reduzindo a margem de 25,1% para apenas 5,7%.</li>
 <li>&nbsp;Novas iniciativas (group buying e serviços inovadores): alta de 23% na receita, para 26,5 bilhões de yuans, mas prejuízo operacional ampliado em 43%, alcançando 1,9 bilhão de yuans.</li>
 <li>&nbsp;Varejo instantâneo: os mercados de cidades menores cresceram 50% no trimestre, movimento que, segundo Wang, será sustentado no longo prazo não apenas por subsídios, mas também pelo amadurecimento de hábitos de consumo.</li>
 <li>&nbsp;Expansão internacional (Keeta): aumento expressivo de pedidos e transações, com meta de atingir um volume bruto de 100 bilhões de yuans (US$ 14 bilhões) em uma década. A marca Keeta, braço internacional da Meituan, já iniciou operações no Brasil, expandindo sua presença para além da Ásia.</li>
</ul>
<h3>Risco para o mercado brasileiro</h3>
A chegada da Meituan ao Brasil com a marca Keeta acende um alerta no setor de entregas nacional. O histórico recente na China mostra que a competição baseada em subsídios agressivos e guerras de preços pode levar a uma deterioração das margens e colocar em risco a sustentabilidade do mercado como um todo.
Se replicada no Brasil, essa lógica de competição predatória pode fragilizar concorrentes locais e reduzir a rentabilidade de todo o ecossistema, em um cenário que já é marcado por forte pressão sobre trabalhadores e plataformas.
<h3>Perspectivas do setor</h3>
Para o analista Chen Liteng, do centro de pesquisa de e-commerce da NetEase, a disputa entre Meituan, Alibaba e JD.Com se transformou em uma “batalha multidimensional”. Enquanto o Taobao deve acelerar a integração de seus serviços locais via Ele.me, a Meituan deve reforçar presença em lojas físicas e serviços locais, e a JD.Com tende a priorizar estratégias voltadas à qualidade.
Com mais de 101,7 bilhões de yuans em caixa e 69,4 bilhões de yuans em investimentos de curto prazo até 30 de junho, a Meituan tem fôlego financeiro para sustentar a competição. No entanto, o risco de que o mesmo modelo de competição destrutiva se replique em mercados emergentes, como o Brasil, levanta preocupações entre analistas e reguladores.

Redação Brasil 247

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Meituan despenca após queda de 97% no lucro do segundo trimestre em meio à guerra de preços na China

247 - A Keeta, marca internacional de delivery da chinesa Meituan, acionou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a 99Food. Segundo reportagem do Valor Econômico, a empresa acusa a concorrente de inserir cláusulas de exclusividade em contratos com restaurantes em troca de incentivos financeiros.
Especialistas ouvidos pela publicação avaliam que a investigação pode não avançar devido à baixa participação de mercado da 99Food. O setor é dominado pelo iFood, que concentra cerca de 70% das entregas no país, de acordo com dados da Euromonitor Internacional. Procurados, tanto a 99 quanto o Cade não comentaram o caso.
<h3>Denúncia na Justiça e apoio da Abrasel</h3>
Antes de acionar o Cade, a Keeta já havia ingressado com ação judicial contra a 99Food em São Paulo, em agosto. A acusação é de que a rival estaria limitando a atuação de restaurantes também contra outras plataformas, como a Rappi.
A denúncia recebeu apoio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Em nota, a entidade afirmou que se opõe a contratos de exclusividade, pois “prejudicam a livre escolha dos empresários, limitam a inovação e a competitividade e causam prejuízos aos consumidores”.
<h3>Argumentos da defesa</h3>
Francisco Todorov, advogado da Keeta, afirmou que a apuração no Cade deve ocorrer mesmo sem posição dominante da 99. “Se tem um efeito anticompetitivo, o Cade tem que investigar, independentemente de o agente não ter o maior ‘market share’”, disse.
Fontes ligadas à 99 alegam que a empresa não se opõe à exclusividade, mas a práticas de companhias dominantes que comprometam a concorrência. A 99, controlada pela chinesa DiDi, retomou sua operação de delivery em 2024, após interrompê-la em 2023, e investiu R$ 1 bilhão na retomada. Atualmente, o serviço opera em Goiânia, São Paulo e região metropolitana.
<h3>Precedentes e novos conflitos</h3>
Em 2023, o Cade já havia firmado um Termo de Compromisso de Cessação (TCC) com o iFood, após denúncia da Rappi. O acordo limitou a duração e o alcance de contratos de exclusividade. À época, a 99 também se manifestou contra as práticas do iFood.
No mesmo setor, a Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT) moveu pedido contra o iFood por suposta discriminação a vales-refeição concorrentes. A entidade acusa a empresa de usar dados sensíveis e favorecer seu próprio serviço, o iFood Benefícios. O iFood nega irregularidades e afirma aceitar todos os principais vales.
<h3>Posição oficial da Keeta</h3>
Após a publicação da denúncia, a Keeta declarou ao Valor que “está comprometida em promover condições justas no setor de delivery de comida no Brasil, apoiando os princípios de livre concorrência e livre mercado”. A empresa também afirmou que “restaurantes, consumidores e entregadores parceiros devem ter a liberdade de escolher entre todas as plataformas e serviços disponíveis”.

Luis Mauro Filho

Brasil

Keeta questiona contratos da 99 no mercado de entregas e pede investigação ao Cade

247 - Segundo a Bloomberg, a Meituan, maior plataforma de entrega de alimentos da China, emitiu um alerta de fortes perdas para o trimestre atual enquanto trava uma disputa agressiva de preços com rivais como Alibaba e JD. A sinalização ocorre após um resultado considerado sombrio e é o indício mais contundente de que o domínio da companhia no lucrativo mercado doméstico está sob pressão.
De acordo com a agência Bloomberg, o lucro líquido da Meituan desabou 97% no segundo trimestre, para 365,3 milhões de yuans (cerca de US$ 51 milhões), apesar de a receita ter aumentado 12%. O choque de lucratividade, atribuído pela empresa à “concorrência irracional”, alimentou a irritação de investidores que já viram a ação perder aproximadamente um quarto do valor de mercado em 2025.
A deterioração do resultado marca o momento mais desafiador da Meituan em anos. Até recentemente, rivais como a Ele.me, do Alibaba, e a JD.com vinham cedendo terreno no mercado de refeições. Em 2025, porém, o tabuleiro mudou: buscando crescimento em meio à fraqueza do consumo chinês, JD e Ele.me passaram a oferecer subsídios generosos a consumidores com orçamento apertado, comprimindo margens em todo o setor.
A ofensiva tripla corroeu a rentabilidade e obrigou a Meituan a defender seu core business em várias frentes. Neste mês, a JD.com reportou que seu lucro líquido trimestral caiu pela metade, enquanto o Alibaba registrou crescimento modesto e deve divulgar seus resultados na sexta-feira (29). Nos últimos meses, as três empresas despejaram bilhões de dólares em incentivos e na contratação de entregadores — estratégia que desagradou ao mercado: investidores venderam papéis de Meituan e JD, eliminando, em certo momento, cerca de US$ 100 bilhões do valor combinado das duas.
Em uma teleconferência pós-balanço, o diretor financeiro da Meituan, Chen Shaohui, afirmou que a companhia prevê “perdas significativas para seus principais negócios de comércio local, incluindo entrega de alimentos, no trimestre atual”. Ele acrescentou: “Esperamos que haja uma concorrência acirrada e contínua no curto prazo“ e reconheceu: “Isso terá um impacto negativo em nossos resultados financeiros”.
Após uma advertência de reguladores do setor, Meituan, Alibaba e JD se comprometeram, em agosto, a encerrar a “concorrência desordenada” e evitar uma guerra de preços autodestrutiva. Ainda assim, o período recente evidenciou os custos da disputa: a Meituan relatou aumento de 27% no custo das receitas no trimestre, parcialmente atribuído à expansão internacional.
Com a pressão sobre margens na China, a Meituan intensifica a busca por crescimento fora do país. Sua própria política agressiva de preços contribuiu para a retirada da Deliveroo de Hong Kong após uma década na cidade. O aplicativo de delivery da companhia, o Keeta, passou a operar em grandes centros da Arábia Saudita desde sua estreia no mercado em 2024. A empresa planeja investir US$ 1 bilhão ao longo de cinco anos para levar seu serviço ao Brasil e mira ainda mercados como Qatar e Kuwait nos próximos três anos, segundo a mídia local.
No curto prazo, porém, o foco volta-se ao impacto das promoções no caixa e à resposta de investidores diante da continuidade da guerra de preços. Com o Alibaba prestes a apresentar resultados na sexta-feira (29), o setor aguarda novos sinais sobre a disputa que reconfigurou o delivery na China.

Meituan perde um quarto do valor e prevê perdas em meio à guerra de preços na China

247 – As autoridades da China anunciaram neste sábado a abertura de uma consulta pública sobre um projeto de regulamentação para os atos relacionados a preços praticados por empresas da chamada economia de plataformas. A informação foi divulgada pelo Global Times. O objetivo é promover o desenvolvimento saudável do setor, garantir mais transparência e fortalecer a proteção dos direitos de consumidores e operadores.
O projeto de regulamentação foi elaborado conjuntamente pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), a Administração Estatal de Regulação de Mercado e a Administração do Ciberespaço da China. O texto propõe diretrizes para que as plataformas digitais definam preços de forma independente, em conformidade com a lei, estabelecendo regras claras para rotulagem de preços e regulando a concorrência no setor.
<h2>Transparência e previsibilidade</h2>
De acordo com a NDRC, a intenção é criar um mecanismo regulatório transparente e previsível, capaz de evitar práticas abusivas. "Os operadores da economia de plataformas são obrigados a indicar claramente os preços ou padrões de cobrança de produtos e serviços em seus sites e canais relacionados, sem cobrar taxas adicionais além do que estiver indicado", afirma o projeto.
A proposta foi formulada com base nas leis e normas já vigentes no país e busca preservar um ambiente justo de mercado, equilibrando os interesses das empresas e a proteção aos consumidores.
<h2>Consulta pública</h2>
O texto ficará disponível para contribuições da sociedade durante um mês. Com essa medida, o governo chinês pretende recolher sugestões que possam aprimorar o marco regulatório, assegurando que o setor digital siga expandindo-se de maneira saudável e em consonância com as diretrizes de desenvolvimento econômico do país.

Alibaba vai fundir unidades de entrega de alimentos na China para enfrentar Meituan, dizem fontes

Mundo

China abre consulta pública sobre regras de preços na economia de plataformas

247 – A Administração Estatal de Regulação de Mercado da China (SAMR, na sigla em inglês) afirmou nesta sexta-feira (22) que continuará a intensificar a supervisão sobre o e-commerce por transmissão ao vivo e outras práticas da economia de plataformas, com foco em coibir abusos e fortalecer o desenvolvimento sustentável do setor. As informações foram divulgadas pelo jornal Global Times em coletiva de imprensa.
De acordo com Deng Zhiyong, vice-ministro da SAMR, a economia de plataformas na China atravessa um momento decisivo de transformação. Nos últimos cinco anos, a rápida integração da tecnologia digital com diversos setores impulsionou novos modelos de negócios e fontes de crescimento. No entanto, advertiu o dirigente, esse avanço trouxe também riscos como priorização de tráfego, abuso de algoritmos e competição desordenada, que afetam a saúde do ecossistema digital.
<h2>Combate a irregularidades e casos emblemáticos</h2>
Durante o período do 14º Plano Quinquenal (2021-2025), a SAMR intensificou investigações e punições contra práticas abusivas no setor. Deng destacou que houve atenção especial ao comércio eletrônico por transmissão ao vivo, com casos relevantes envolvendo empresas como o grupo Three Sheep.
Além disso, a autoridade reguladora pressionou plataformas de comércio online a eliminar restrições consideradas injustas, como a política de “apenas reembolso”, o “ajuste automático de preços” e a exigência de seguro obrigatório de frete. Também foram tomadas medidas para tornar as estruturas de taxas mais transparentes e justas.
Plataformas de entrega de comida, por sua vez, receberam orientações para padronizar práticas promocionais, evitar concorrência predatória e colaborar para um ambiente mais equilibrado. De acordo com dados divulgados na coletiva, campanhas conjuntas com outros órgãos governamentais resultaram na remoção de 4,541 milhões de anúncios de produtos ilegais, na suspensão de 58 mil lojas virtuais e no tratamento de 105 mil casos relacionados à internet.
<h2>Regulação e promoção do setor</h2>
Segundo Deng, a estratégia do governo chinês combina rigor e flexibilidade. “Mantemos uma abordagem equilibrada de regulação e promoção, unindo firmeza e flexibilidade para garantir ordem nas transações online e fomentar um ambiente digital mais limpo”, afirmou.
A SAMR também trabalhou na atualização do arcabouço jurídico, revisando leis antimonopólio e de combate à concorrência desleal, além de criar comitês técnicos nacionais para padronizar a governança da economia de plataformas. Foram introduzidas normas para supervisão de transações online, coordenação de fiscalização e regulamentação de lojas virtuais individuais.
<h2>Próximos passos</h2>
A agência tem investido ainda em sistemas de compartilhamento de dados para detectar irregularidades de forma mais eficiente e vem mantendo diálogo constante com comerciantes, entregadores e influenciadores digitais. Em eventos de grande porte, como os festivais de compras “6·18” e “Duplo 11”, são emitidos lembretes de conformidade para orientar promoções dentro da legalidade.
Para os próximos anos, Deng Zhiyong assegurou que a SAMR pretende aperfeiçoar o sistema regulatório de longo prazo, aprimorando a supervisão proativa e abrangente da economia de plataformas. “Nosso objetivo é promover o crescimento sustentado e saudável do setor digital”, concluiu.

China promete coibir abusos no e-commerce e fortalecer crescimento saudável da economia de plataformas

247 – A entrada da Keeta, braço brasileiro da gigante chinesa Meituan, no mercado de delivery já começou marcada por polêmica judicial. Segundo revelou a coluna <a href="https://veja.abril.com.br/coluna/radar-economico/chineses-da-keeta-tomam-pito-de-vara-em-guerra-do-delivery/">Radar Econômico, da revista Veja</a>, a empresa ingressou com uma ação na Justiça para questionar supostas cláusulas de exclusividade praticadas por concorrentes.
O problema é que a petição foi apresentada em uma Vara Cível, foro inadequado para esse tipo de discussão. Pela legislação brasileira, questões de natureza empresarial devem ser apreciadas pelas Varas Empresariais. A juíza responsável determinou, então, o cancelamento da distribuição e devolveu o processo, orientando a multinacional a protocolar a ação no foro correto.
A situação representa um tropeço estratégico para a Keeta, que anunciou planos de investir bilhões no Brasil para disputar espaço com empresas já consolidadas no setor de entregas rápidas. O equívoco jurídico expõe as dificuldades de adaptação de players internacionais ao ambiente regulatório brasileiro, conhecido pela complexidade e pela forte segmentação das áreas de competência judicial.

Justiça barra ação da Keeta em disputa pelo mercado de delivery

247 – O iFood, líder do mercado brasileiro de delivery, registrou um avanço expressivo em sua operação em Goiânia, consolidando-se como a principal plataforma de pedidos da capital. Segundo dados divulgados pela própria empresa, e publicados originalmente pelo portal que trouxe a notícia, julho marcou um crescimento de 31% em comparação ao mesmo mês de 2024, impulsionado por um aumento de 28% na base de usuários — com destaque para a adesão de consumidores da Classe C.
O desempenho se manteve positivo mesmo após a entrada de novos concorrentes na cidade, em meados de junho. Nos 45 dias seguintes, o volume médio diário de pedidos avançou mais 9%, evidenciando a fidelidade dos clientes ao aplicativo.
<h2>Estratégia para manter e ampliar a liderança</h2>
De acordo com o iFood, a combinação entre a manutenção de restaurantes tradicionais na plataforma e ações comerciais agressivas foi decisiva para sustentar o crescimento. Atualmente, são 70 mil itens com preços promocionais e frete grátis em mais de 4 mil estabelecimentos parceiros.
Para reforçar ainda mais sua competitividade, a empresa lançou em Goiânia o programa Hits iFood, que reúne pratos de melhor custo-benefício, com preços a partir de R$ 15 e entrega gratuita. Testado desde 2024 em cidades como Salvador e Fortaleza, o projeto já demonstrou impactos relevantes: aumento de até 32% nas receitas dos restaurantes participantes e redução média de 43% nos preços para os consumidores.
<h2>Mercado aquecido e foco no cliente</h2>
O cenário revela que, mesmo em um ambiente de maior disputa, o iFood conseguiu preservar e expandir sua base, explorando oportunidades de fidelização e atração de novos clientes. A estratégia de preços acessíveis e benefícios adicionais, como o frete grátis, se mostra central para o desempenho na capital goiana — um mercado onde a concorrência cresce, mas a liderança segue firme nas mãos da plataforma.

iFood amplia liderança e acelera crescimento em Goiânia

247 - O iFood divulgou um ambicioso plano de investimentos durante o evento iFood MOVE 2025, realizado nesta terça-feira (5) em São Paulo, que prevê o aporte de R$ 17 bilhões no Brasil entre abril de 2025 e março de 2026. De acordo com a empresa, essa será a terceira vez consecutiva que seus investimentos anuais ultrapassam os R$ 10 bilhões — um aumento de 25% em relação ao período fiscal anterior.
A empresa também confirmou a contratação de 1.100 novos colaboradores diretos, com 500 já contratados e outras 600 vagas previstas, principalmente para áreas de tecnologia. Com isso, a equipe total ultrapassará os 8.600 funcionários, representando uma expansão de 19% em sua força de trabalho.
O plano de investimentos abrange principalmente ações para atrair mais consumidores à plataforma, estimular a recorrência de pedidos e ampliar os segmentos de atuação do iFood. A companhia destaca o desenvolvimento de soluções em inteligência artificial — já são mais de 190 modelos próprios — como uma das frentes estratégicas para modernizar o ecossistema e otimizar a experiência de clientes, restaurantes e entregadores.
Parte relevante dos recursos será direcionada à concessão de crédito para restaurantes parceiros, a fim de fomentar o crescimento dos pequenos negócios. Há ainda uma expectativa de aportes adicionais de até R$ 500 milhões em startups brasileiras, que não estão contabilizados no montante oficial.
Com o impulso esperado na demanda, o iFood projeta um volume total de R$ 5,2 bilhões em repasses aos entregadores no período, o que representaria um crescimento de 27% em comparação com o último ano. A remuneração dos entregadores que realizam mais de 90 horas mensais pelo aplicativo deve ficar entre 1,8 e 4,1 vezes acima do salário mínimo.
A plataforma também oferece medidas complementares, como antecipação gratuita dos pagamentos, acesso a seguros, assistência jurídica e psicológica, programas de capacitação como o “Meu Diploma do Ensino Médio” e o “iFood Decola”, além de sistema de recompensas com ganhos extras, descontos e serviços gratuitos.
Um levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), apresentado no evento, apontou que as atividades do iFood movimentaram R$ 140 bilhões em 2024, o equivalente a 0,64% do PIB nacional. O índice representa uma evolução significativa em relação aos anos anteriores: 0,55% em 2023 e 0,53% em 2022. 
O estudo revela, ainda, que as operações do iFood geraram mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos no último ano, o equivalente a cerca de 1% da população ocupada no país — mais do que toda a população de cidades como Natal (RN) e Florianópolis (SC).
Outro dado relevante divulgado durante o iFood MOVE 2025 é o crescimento médio real de 17,6% nas vendas dos restaurantes parceiros entre 2022 e 2024. Segundo dados do IBGE citados pela empresa, esses estabelecimentos cresceram 2,3 vezes mais do que a média do setor entre 2023 e 2024.
A entrada na plataforma também teve impacto positivo no emprego: os restaurantes que passaram a vender pelo iFood registraram, em média, aumento de 6,9% no número de postos formais de trabalho. Entre os pequenos estabelecimentos, o crescimento foi ainda mais expressivo, chegando a 10,2%.
Com 55 milhões de clientes e atuação em 1.500 cidades brasileiras, o iFood alcançou a marca de 120 milhões de pedidos mensais em 2025. Atualmente, a empresa digitaliza 400 mil estabelecimentos, gerando renda para cerca de 400 mil entregadores em todo o país.
Para o diretor do iFood, Diego Barreto, os números refletem a confiança da empresa no mercado brasileiro. “Desde 2011, o iFood investe no Brasil, acreditando no potencial do país e contribuindo para um ecossistema de inovação que beneficia milhões. Ultrapassarmos os R$ 10 bilhões em investimentos pelo terceiro ano consecutivo não é apenas uma marca significativa; é a prova de que nossa operação cresce de forma sustentável, gerando impacto positivo na economia e fortalecendo cada parceiro em nossa rede.”

iFood anuncia R$ 17 bilhões em investimentos até março de 2026

247 - No efervescente mercado digital chinês, uma outra guerra comercial preocupa as empresas. Segundo reportagem da revista The Economist, tudo começou em fevereiro, quando a JD.com, anunciou sua entrada no mercado de entregas de comida.&nbsp;
O anúncio foi recebido como uma ameaça direta à Meituan, o superaplicativo dominante no setor, e também à Alibaba, que seu próprio serviço de delivery.&nbsp;
Desde então, as três gigantes intensificaram uma disputa, que terminou por atingir em cheio os restaurantes e comerciantes chineses. &nbsp;
A ofensiva das empresas se baseou na combinação de descontos agressivos, ampliação de ofertas e prazos de entrega cada vez mais curtos. O Alibaba passou a oferecer “compras instantâneas” de eletrônicos com promessa de entregas ultrarrápidas, enquanto a Meituan respondeu com ofertas semelhantes voltadas a produtos high-tech, detalhou a agência Bloomberg em reportagem recente.&nbsp;
Em meio a essa escalada, bebidas como chá e café passaram a ser vendidas por valores simbólicos, chegando a 1 yuan—ou até gratuitamente.
Mas, à medida que os descontos se intensificavam, comerciantes e pequenos fornecedores começaram a sofrer as consequências, com margens corroídas e aumento dos prejuízos operacionais.
Diante do impacto negativo sobre o ecossistema comercial e os trabalhadores do setor, o governo chinês interveio firmemente.&nbsp;
As empresas se comprometeram publicamente, na última semana, a frear a concorrência desordenada. A medida veio após um comunicado emitido pela Administração Estatal de Regulação de Mercado em 18 de julho, no qual a agência exigiu das plataformas o fim de práticas promocionais abusivas e a adoção de condutas mais racionais no mercado.
De acordo com o site China Daily, ofensiva estatal contra práticas predatórias está em consonância com diretrizes econômicas mais amplas, estabelecidas na Conferência Central de Trabalho Econômico, realizada em dezembro, que previam maior controle sobre monopólios e desorganização no ambiente digital.&nbsp;
O Relatório de Trabalho do Governo de 2025 reforçou esses princípios, defendendo a eliminação de barreiras de entrada e saída do mercado e a construção de um mercado nacional unificado.
Além do impacto econômico, a pressão sobre os trabalhadores também virou alvo de alertas. Segundo o think tank independente ANBOUND, a situação no setor pode levar à escassez de mão de obra.&nbsp;
“O alto crescimento do negócio de entrega de comida na China provavelmente não durará, pois esse simplesmente não é um setor sustentável”, afirma o relatório.&nbsp;
Para Li Mingtao, principal analista de e-commerce do China International Electronic Commerce Center, os compromissos firmados pelas empresas representam uma tentativa “proativa” de corrigir distorções antes que se tornem insustentáveis.&nbsp;

Leonardo Sobreira

Modelo de concorrência predatória no setor de delivery da China é cada vez mais contestado

247 – As principais plataformas de delivery de alimentos da China anunciaram que irão encerrar práticas de competição desordenada e ajustar suas estratégias comerciais, após alertas do governo e do setor sobre os riscos de guerras de preços. A informação foi <a href="https://www.globaltimes.cn/page/202508/1339878.shtml">publicada originalmente pelo Global Times</a>, que destacou a reação imediata de empresas como Meituan, Eleme e JD.com às pressões regulatórias.
Na sexta-feira, as três plataformas divulgaram comunicados prometendo coibir comportamentos promocionais abusivos, interromper a rivalidade baseada em descontos agressivos e promover um ambiente de mercado justo e sustentável. A Meituan assegurou que seguirá rigorosamente a legislação local, incluindo as normas antimonopólio, de comércio eletrônico, concorrência leal e precificação, além de se comprometer a não vender produtos ou serviços a preços muito abaixo do custo.
Já a Eleme, pertencente ao grupo Alibaba, enfatizou em postagem online que irá “resistir firmemente à competição maliciososa” e trabalhar por um ecossistema de ganhos mútuos. A empresa também destacou que planeja organizar melhor a distribuição de descontos e garantir a proteção dos direitos de vendedores parceiros. A JD.com, por sua vez, anunciou que continuará evitando “involução” no setor, rejeitando subsídios extremos, como as promoções conhecidas como “compras a zero yuan”.
O movimento ocorre após uma convocação feita em julho pela Administração Estatal de Regulação do Mercado (SAMR), órgão máximo de fiscalização econômica da China. Na ocasião, Eleme, Meituan e JD.com foram orientadas a adotar competição racional, depois de meses de intensas promoções que dispararam o consumo, mas sobrecarregaram a cadeia de fornecimento. Segundo comunicado da agência, o objetivo é “regular ainda mais as promoções, incentivar a concorrência racional e criar um ecossistema saudável e de ganhos para consumidores, lojistas, entregadores e operadores de plataformas”.
Analistas alertam que, embora os descontos tenham gerado uma onda de consumo, guerras de preços não são sustentáveis a longo prazo e podem afetar toda a cadeia logística. O próprio governo reconhece os riscos da “competição involutiva” e anunciou, por meio da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), que está acelerando a revisão da Lei de Preços. O órgão pretende detalhar o processo de identificação de práticas desleais, como o dumping, e promover estudos de custo em setores mais afetados, incentivando as empresas a ajustar voluntariamente seu comportamento comercial.
Segundo um porta-voz da NDRC, “a competição sem controle não apenas prejudica os direitos legítimos dos consumidores, como também compromete o desenvolvimento dos negócios, levando todo o setor a uma dinâmica ineficiente e, por vezes, prejudicial”. A meta do governo chinês é criar um ambiente em que o crescimento das plataformas de delivery seja sustentável, equilibrando interesses de empresas, trabalhadores e clientes.

Global Times

Plataformas de delivery da China prometem fim da competição desleal após pressão de autoridades

247 - O avanço das plataformas digitais de entrega de comida, como iFood, Uber Eats e Deliveroo, tem trazido benefícios que vão além da conveniência alimentar. Dois estudos independentes – um conduzido por uma pesquisadora brasileira vinculada ao Massachusetts Institute of Technology (MIT) e outro por universidades europeias – revelam que a presença dessas empresas está associada à queda significativa nos índices de criminalidade em cidades do Brasil e da França. As informações são do MIT e do portal VoxEU, vinculado ao Centre for Economic Policy Research.
A pesquisa liderada por Isadora Frankenthal, pesquisadora do MIT, analisou dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e cruzou essas informações com a expansão do iFood nas cidades paulistas. Os resultados mostram uma redução média de 10,4% na criminalidade geral após o início das operações da plataforma, com destaque para os crimes não violentos, que caíram 17,2%.
Segundo Isadora, o impacto positivo não se restringe a áreas específicas da cidade nem depende da intensidade do uso do serviço. “No estado de São Paulo, por exemplo, bairros de menor renda, com taxas de criminalidade elevada, se beneficiam mais da redução da criminalidade devido à ampliação de oportunidades de trabalho. Nessas localidades, a redução em crimes não violentos chega a 20,9%, enquanto crimes violentos recuam 26,7%”, explica a pesquisadora.
O levantamento ainda aponta que a redução de crimes é mais expressiva nos horários de pico dos pedidos por delivery, especialmente em relação a delitos violentos, que caem 23,5% nesses períodos. Já os crimes não violentos recuam 11,2% em bairros com maior demanda por entregas. Para a autora, os dados indicam que o efeito não está condicionado a deslocamentos geográficos ou ao volume de pedidos, mas sim à presença da plataforma como geradora de ocupação e movimentação urbana.
Já o estudo europeu avaliou 435 municípios franceses após a chegada de serviços como Uber Eats e Deliveroo. Os pesquisadores constataram uma queda de 3,2% no índice geral de crimes cinco anos após a instalação dessas plataformas, com recuos acentuados em várias categorias: crimes violentos (−6,9%), delitos relacionados a drogas (−15,5%), pequenos furtos e roubos (−10%) e atos de vandalismo (−15,7%).
Olivier Marie, um dos autores do estudo, destaca a amplitude dos efeitos: “Nossa análise mostra que, dentro de cinco anos após a entrada das plataformas, o crime geral caiu 3,2%, com quedas particularmente grandes em categorias específicas”, afirmou.
Além do impacto sobre a segurança pública, os pesquisadores europeus notaram avanços na inclusão econômica, sobretudo entre jovens imigrantes. O número de entregadores cresceu 18,3 por 10 mil habitantes e 28,2 por 10 mil homens – um aumento de mais de 50%. A maior parte dessas novas ocupações foi preenchida por indivíduos com nomes não europeus, o que sugere uma maior inserção de imigrantes no mercado de trabalho.
A pesquisa também registrou que a taxa de inatividade entre migrantes do sexo masculino caiu 1,2 ponto percentual, enquanto os pedidos de benefícios de renda mínima recuaram 1,8 ponto. Para Olivier Marie, esses achados mostram que “oportunidades de trabalho flexíveis e de baixo acesso, como as oferecidas pelas plataformas, podem ter benefícios sociais importantes quando são inclusivas e acessíveis”.

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