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      CEO da Embraer busca apoio nos EUA e afirma que empresa gera 12,5 mil empregos no país

      Francisco Gomes Neto alerta para impacto de tarifa de 50% sobre jatos regionais e defende a relevância da Embraer para a economia americana

      Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto em São José dos Campos - SP (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, intensificou sua atuação diplomática e empresarial nos Estados Unidos em reação à imposição de uma tarifa de 50% sobre as aeronaves exportadas pelo Brasil. A informação foi publicada pelo jornal Valor Econômico, que entrevistou o executivo após uma série de encontros com autoridades americanas de alto escalão. Gomes Neto tem alertado para o impacto negativo da medida e apresentado os números da presença da Embraer no país, onde, segundo ele, são gerados 12,5 mil empregos, sendo 2,5 mil diretos e 10 mil indiretos via fornecedores.

      “Estamos nos tornando quase uma empresa americana”, afirmou o CEO, que passou a se definir, com ironia, como o novo "Chief Tariff Officer" da Embraer. Desde o dia 9 de julho, a empresa vem conduzindo uma ofensiva junto a secretários do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem Gomes Neto se reuniu pessoalmente. Entre os interlocutores estiveram Howard Lutnick (Comércio), Scott Bessent (Tesouro), Sean Duffy (Transportes) e um representante da USTR (Representação Comercial dos EUA).

      Tarifas afetam segmento regional e abrem disputa com Lockheed Martin

      A nova alíquota tarifária, que saltou de 10% para 50%, surpreendeu a companhia. “Foi uma surpresa muito grande”, afirmou Gomes Neto. Ele lembrou que, desde 1979, o setor aeronáutico trabalha com alíquota zero em acordos internacionais. A tarifa coloca em risco, segundo ele, a renovação da frota regional americana, na qual a Embraer detém mais de 80% de participação, com seus jatos de 80 lugares.

      O executivo reconheceu que a atuação da Embraer no mercado de defesa incomoda a gigante americana Lockheed Martin, com quem concorre diretamente com o cargueiro militar KC-390. “Nosso avião é mais moderno, maior, mais rápido e com maior capacidade de carga”, afirmou. “O KC é de 2019, enquanto o C-130 Hércules é dos anos 1950.”

      Apesar da disputa, Gomes Neto sinalizou que a Embraer está disposta a abrir uma nova fábrica nos EUA, caso o governo americano adquira o KC-390. O investimento previsto é de US$ 500 milhões, com a geração de até 2 mil empregos adicionais.

      Superávit comercial e apoio de empresas americanas

      Na tentativa de sensibilizar o governo dos EUA, o CEO apresentou dados que mostram a Embraer como uma parceira comercial vantajosa. “A Embraer planeja comprar US$ 21 bilhões em equipamentos dos EUA nos próximos cinco anos”, disse. Isso resultaria, segundo ele, em um superávit de US$ 8 bilhões para os americanos nesse período. “Compramos equipamentos aqui para aviões que vendemos na Europa e Ásia.”

      O executivo também destacou que a Embraer recolhe impostos em mais de 30 estados americanos, com sua principal base na Flórida. Entre as companhias que apoiam a fabricante brasileira está a American Airlines, cujo CEO, Robert Isom, fez um apelo público ao governo dos EUA pela manutenção da parceria.

      Alckmin engajado, presidente não foi acionado

      No Brasil, as tratativas estão sendo conduzidas diretamente com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. “Ele está muito engajado, bem informado e antenado”, disse Gomes Neto. Questionado se havia conversado com o presidente da República, respondeu: “Com o presidente, não.”

      Gomes Neto também minimizou as especulações sobre motivação política para o aumento da tarifa. “Sou engenheiro. Procuro focar no que tenho controle. A política deixo para outros que entendem mais.”

      Propostas multilaterais e defesa do setor

      A Embraer se articula com outras empresas brasileiras atuantes nos EUA, como Suzano, Weg, JBS, Stefanini e Citrosuco, no âmbito do Fórum de CEOs Brasil-EUA. O grupo busca apresentar ao governo americano uma proposta conjunta para ampliar o comércio bilateral e conter as barreiras tarifárias.

      Enquanto isso, a Embraer mantém otimismo sobre o desempenho em 2025. “Tivemos um trimestre espetacular. Ainda temos a esperança de fazer o melhor ano da história da empresa”, concluiu Gomes Neto. Mas advertiu: “É um perde-perde se ficar assim. Perdem os dois países.”

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