Alvo de ‘fogo amigo’ e de ataque do Congresso, Haddad antecipa férias
Ministro da Fazenda decide se ausentar na mesma semana em que Hugo Motta pauta decreto contra aumento do IOF
247 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu antecipar suas férias em meio a uma intensa pressão política, tanto vinda do Congresso quanto de aliados do próprio governo Lula. A informação é da CNN Brasil, que destaca que o afastamento de Haddad ocorre na mesma semana em que a Câmara dos Deputados poderá votar, com urgência, um decreto que revoga o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medida proposta por sua pasta.
Haddad estará de férias entre os dias 16 e 22 de junho, sendo substituído interinamente pelo secretário-executivo do ministério, Dario Durigan. Inicialmente, o período de descanso seria entre 11 e 20 de julho, mas a antecipação foi formalizada no Diário Oficial da União no último dia 5 de junho.
A decisão acontece num momento de forte desgaste político. Haddad é alvo de um Congresso insaciável na busca por novas emendas parlamentares e, simultaneamente, sofre ataques de setores do próprio governo — o chamado "fogo amigo".
Pauta explosiva na Câmara
O centro da crise gira em torno do aumento do IOF, anunciado em maio como parte do esforço do governo para ampliar a arrecadação. A medida foi mal recebida por lideranças do Congresso e gerou uma onda de resistência. Desde o anúncio, foram apresentadas 37 propostas na Câmara e cinco no Senado para sustar o aumento.
Na quinta-feira (12), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que pretende pautar a urgência do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que visa barrar a medida. “O clima na Casa não é favorável para o aumento de impostos com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais”, disse Motta.
Caso a urgência seja aprovada, o texto poderá ser analisado diretamente no plenário, acelerando sua tramitação e colocando em risco os planos de arrecadação do Ministério da Fazenda.
Recuo estratégico e articulações tensas
Após a repercussão negativa, o governo recuou parcialmente e apresentou uma “recalibragem” das medidas em 11 de junho. No novo formato, a estimativa de arrecadação caiu de R$ 20 bilhões em 2025 para cerca de R$ 7 bilhões, mantendo a expectativa de alcançar R$ 31,4 bilhões até 2026 com a nova medida provisória (MP) apresentada.
Mesmo assim, a resistência parlamentar persiste. Haddad tentou conter os danos e se reuniu em 8 de junho com Hugo Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), buscando apoio para a versão revisada do decreto. As tratativas, no entanto, surtiram pouco efeito prático.
No sábado (14), um novo encontro entre Motta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado Arthur Lira (PP-AL) foi realizado no Palácio da Alvorada. O conteúdo da reunião não foi oficialmente divulgado, mas tudo indica que o IOF e sua possível revogação estiveram no centro da conversa.
Guimarães nega crise, mas clima é de tensão
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), minimizou o impasse. Segundo ele, “não há crise”, e o compromisso firmado com Motta seria apenas para a votação da urgência, e não do mérito da proposta em si. Ainda assim, o cenário é de clara pressão sobre Haddad, que se vê cada vez mais isolado na condução da política fiscal.
Com sua saída temporária, Haddad evita o embate direto com o Congresso, mas deixa Dario Durigan em meio a uma batalha política que poderá comprometer as metas de arrecadação.
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