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Lula debate pacote fiscal em reunião com Hugo Motta e Arthur Lira – e sem a participação de Haddad

Atual presidente da Câmara e seu antecessor cobraram emendas parlamentares e medidas de “corte de gastos”

Hugo Motta e Lula (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu neste sábado (14) com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com seu antecessor, o deputado Arthur Lira (PP-AL), para discutir a crise entre o Executivo e o Legislativo em torno do pacote fiscal apresentado pelo governo. A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo. A ausência notável do encontro foi a do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que não foi convidado, apesar de o tema central ser justamente a arrecadação e o equilíbrio fiscal.

A reunião, realizada no Palácio da Alvorada, foi convocada após a cúpula da Câmara sinalizar que a Medida Provisória com aumento de impostos — entre eles a elevação da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) — enfrenta resistência e não avançará sem a inclusão de medidas efetivas de corte de despesas. Segundo os parlamentares, a relação com o governo está deteriorada e o Congresso se recusa a arcar, mais uma vez, com o ônus político de votar por aumento de tributos sem contrapartidas.

A principal cobrança feita a Lula por Motta e Lira foi a execução das emendas parlamentares previstas no Orçamento. Até o momento, o governo empenhou apenas R$ 85 milhões de um total de R$ 50,4 bilhões reservados para 2025 — o que representa 0,1% do valor previsto. Além disso, parlamentares acusam o Planalto de não ter cumprido promessas anteriores de pagamento de verbas extras em troca do apoio ao ajuste fiscal votado no fim de 2024. O clima entre o Legislativo e o Executivo, nas palavras de líderes da Câmara, é de “desconfiança total”.

Durante o encontro, Motta reiterou a Lula que não vê mais espaço político para novas rodadas de aumento de impostos, alertando que a sociedade está exaurida e que o Congresso já enfrentou desgaste suficiente. “Não dá para discutir um novo pacote a cada três meses”, teria dito o presidente da Câmara, em referência ao ritmo acelerado com que o governo tem tentado recompor suas finanças.

Também foi apontado como ponto de atrito o conteúdo da própria medida provisória, que, segundo os líderes, introduziu dispositivos não debatidos com o Congresso, como a limitação ao uso de compensações tributárias. A falta de propostas mais estruturantes de corte de gastos e contenção de despesas de médio e longo prazo também foi criticada.

Diante da pressão, Lula buscou compreender a reação de Motta após a reunião com Haddad no domingo anterior. Na ocasião, Motta havia classificado o encontro como “histórico”, mas no dia seguinte se posicionou publicamente contra as medidas propostas. Segundo ele, sua postura reflete um apelo de mais de 300 deputados, e não uma decisão isolada.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que também participou do encontro, comprometeu-se a agilizar a liberação de emendas, prometendo empenhar ao menos R$ 600 milhões ainda no fim de semana. Ela explicou que parte do atraso se deve às mudanças impostas pelo Supremo Tribunal Federal na execução das emendas, que agora exigem apresentação de plano de trabalho pelas prefeituras antes do repasse.

A articulação de Hugo Motta inclui a votação, já nesta segunda-feira (16), do requerimento de urgência para o projeto de decreto legislativo que visa barrar o decreto do governo sobre o IOF. Isso pressiona ainda mais o Planalto a reequilibrar sua relação com o Congresso e encontrar soluções para o financiamento do Estado sem aprofundar a carga tributária.

O silêncio do ministro Haddad sobre o episódio e sua exclusão da reunião evidenciam o isolamento crescente da equipe econômica. Enquanto isso, Lula tenta segurar sua base de apoio com promessas de liberação de recursos — uma estratégia já desgastada pelo histórico recente de descumprimento.

Ao final do encontro, Lula deixou o Alvorada sem fazer declarações, partindo para uma agenda no Nordeste relacionada ao sistema de alertas da Defesa Civil. A crise com o Congresso, no entanto, continua a se aprofundar, com o risco de o governo ver seu pacote fiscal desidratado antes mesmo de começar a tramitar.

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