Ações da Intel sobem com possível entrada do governo dos EUA no capital

247 - A Intel avançou quase 4% nesta sexta-feira (15) após a circulação de informações de que o governo dos Estados Unidos avalia comprar uma participação na companhia para reforçar sua guinada industrial. 

A alta veio à tona depois de reportagem da Bloomberg e ocorre na esteira de uma reunião, na segunda-feira (11), entre o CEO Lip-Bu Tan e o presidente Donald Trump, que exigira a saída do executivo por supostos vínculos “altamente conflitantes” com empresas chinesas. Segundo Trump, o encontro foi “muito interessante”. As informações foram publicadas pela Reuters. 

De acordo com a agência, a Casa Branca estuda utilizar recursos do CHIPS Act — lei sancionada em 2022 — para entrar no capital da Intel. No ano passado, a fabricante recebeu quase US$ 8 bilhões em subsídios, o maior desembolso sob o programa, destinados a novas fábricas em Ohio e outros estados. O plano industrial foi redimensionado por Tan, que desacelerou a obra em Ohio e condicionou a expansão ao volume de demanda, movimento que pode colidir com a pressão de Trump por reforçar a manufatura doméstica. Intel e Casa Branca não comentaram. 

Analistas veem alívio financeiro, mas cobram plano tecnológico

Para parte do mercado, um aporte federal daria tempo à Intel para reerguer a divisão de fundição, hoje deficitária, porém não resolveria gargalos técnicos. “Pode ser um ‘divisor de águas’”, disse Matt Britzman, analista da Hargreaves Lansdown, ponderando que “o apoio do governo pode ajudar a sustentar a confiança, mas não corrige a lacuna de competitividade nos nós avançados”. Já o Bernstein foi direto: “A Intel também precisa de capacidade; o governo dos EUA pode fazer algo para ajudar aqui?” Sem um roteiro sólido de processos, advertiu a casa, “todo o exercício seria economicamente equivalente a simplesmente atear fogo a dezenas de bilhões de dólares”.