Na COP, Lula defende "direcionar parte do lucro do petróleo para a transição energética"
Presidente ainda propôs medidas para abandonar o combustível fóssil, como ampliar a produção e uso de biocombustíveis
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta sexta-feira (7), durante discurso na Cúpula do Clima (COP), em Belém (PA), que países em desenvolvimento destinem parte dos lucros obtidos com a exploração do petróleo para financiar ações de transição energética. A proposta, segundo ele, é uma forma de garantir que a mudança rumo a fontes limpas ocorra de maneira justa, ordenada e equitativa.
O discurso de Lula foi reproduzido por veículos que acompanham a conferência e destacou a urgência de uma reestruturação global do modelo energético. "A Terra não comporta mais um modelo de uso intensivo de combustíveis fósseis. As decisões que tomarmos com relação ao setor energético definirão nosso sucesso ou fracasso na batalha contra a mudança do clima", afirmou.
O presidente anunciou que o Brasil criará um fundo voltado ao enfrentamento das mudanças climáticas e à promoção da justiça ambiental, financiado com recursos da exploração de petróleo. "Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento", disse. Lula também defendeu a criação de mecanismos inovadores, como a troca de dívida por investimentos em mitigação climática e em tecnologias verdes.
O líder brasileiro destacou que 75% das emissões globais de gases de efeito estufa provêm da produção e do consumo de energia. Ele alertou que, em 2024, o setor energético registrou recorde de emissões de carbono, o maior índice desde 1957, enquanto instituições financeiras continuam a impulsionar os combustíveis fósseis. "No ano passado, os 65 maiores bancos do mundo se comprometeram a conceder US$ 869 bilhões para o setor de petróleo e gás", lembrou Lula.
O presidente também chamou atenção para as contradições do sistema internacional, que destina mais recursos a guerras do que ao combate às mudanças climáticas. "Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático. Não haverá segurança energética em um mundo conflagrado", afirmou.
Lula defendeu ainda que o debate sobre transição energética inclua metas sociais, como o fim da pobreza energética. "Dois bilhões de pessoas não têm acesso a combustíveis adequados para cozinhar, e 200 milhões de crianças frequentam escolas sem luz elétrica. Sem energia, não há hospitais funcionando, agricultura moderna ou conexão digital", disse.
O presidente reforçou o protagonismo do Brasil no tema, lembrando que o país é pioneiro em biocombustíveis e em motores flex. Ele anunciou o apoio ao Acordo de Dubai, que prevê triplicar a produção de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030, além do Compromisso de Belém, que pretende quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.
"É tempo de diversificar nossa matriz energética, ampliar fontes renováveis e acelerar a produção e uso de combustíveis sustentáveis", concluiu Lula, destacando que a transição energética não é apenas uma meta ambiental, mas também um projeto de desenvolvimento econômico e social.


