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Lula defende transição energética e maior participação dos países do Sul Global nas cadeias de valor

A Terra não comporta o uso intensivo de combustíveis fósseis, afirmou o presidente na COP

Fotografia oficial da Cúpula do Clima (COP30) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (7), durante a Cúpula do Clima (COP), em Belém (PA), que as decisões globais sobre o setor energético serão determinantes para o êxito ou fracasso no enfrentamento às mudanças climáticas. O chefe de Estado defendeu que a transição para fontes renováveis deve ser justa, ordenada e equitativa, ressaltando que a dependência de combustíveis fósseis tornou-se insustentável para o planeta.

Segundo Lula, “as decisões que tomarmos com relação ao setor energético definirão nosso sucesso ou fracasso na batalha contra a mudança do clima”. O discurso do presidente foi reproduzido por veículos de imprensa que acompanham a COP em Belém, reforçando o protagonismo do Brasil nas discussões ambientais.

Durante sua fala, o presidente alertou que 75% das emissões de gases de efeito estufa vêm da produção e do consumo de energia. “A Terra não comporta mais um modelo de uso intensivo de combustíveis fósseis. Não podemos nos omitir ou intimidar diante da magnitude desse dado”, afirmou. Ele destacou que a transição não exige paralisação imediata de indústrias ou motores, mas uma adaptação baseada em ciência e tecnologia: “Não é preciso desligar máquinas e motores nem fechar fábricas ao redor do mundo de um dia para o outro. Ciência e tecnologia nos permitem evoluir de forma segura para um modelo centrado nas energias limpas”.

Lula observou que essa transformação já está em curso, com o uso de renováveis tendo triplicado na última década. “Em muitas regiões, energia solar e eólica já são mais baratas do que as geradas por combustíveis fósseis. Os preços de baterias caíram 90%”, afirmou.

O presidente ressaltou ainda o papel de liderança do Brasil no setor energético sustentável. “O Brasil não tem medo de discutir a transição energética. Somos líderes nessa área há décadas. Somos pioneiros no desenvolvimento de motores flexíveis e o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis”, lembrou. Ele enfatizou a composição da gasolina e do diesel nacionais, com 30% de etanol e 15% de biodiesel, respectivamente, e defendeu o etanol como uma “alternativa eficaz e imediatamente disponível” para setores de difícil descarbonização, como transporte e indústria.

Lula criticou as resistências internacionais que retardam avanços na transição. “É lamentável que pressões e ameaças tenham levado a Organização Marítima Internacional a adiar esse passo”, disse, referindo-se à adoção de biocombustíveis no transporte marítimo.

Encerrando o discurso, o presidente classificou a transição energética como um novo paradigma de desenvolvimento econômico e social. “Em 2023, o setor foi responsável por 10% do crescimento do PIB global e empregou 35 milhões de pessoas”, destacou. Ele também defendeu que países em desenvolvimento participem plenamente da cadeia de valor dos minerais críticos usados em tecnologias limpas. “Para gerar emprego e renda, e gozar de segurança energética, os países em desenvolvimento precisam participar de todas as etapas dessa cadeia global de valor”, concluiu Lula.

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