Zema admite que pode disputar presidência sem apoio de Bolsonaro em 2026
Governador de Minas mantém promessa de anistia o ex-mandatário, culpa Lula pelo tarifaço dos EUA e defende a remoção compulsória de moradores de rua
247 - Às vésperas de oficializar sua pré-candidatura à Presidência da República, prevista para este sábado (16), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), reconheceu que pode entrar na disputa de 2026 sem o respaldo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista à BBC News Brasil, Zema afirmou que “a direita terá alguns candidatos” e admitiu a possibilidade de Bolsonaro apoiar outro nome no primeiro turno, embora preveja união no segundo.
“Muito provavelmente estaremos caminhando de maneira solitária no primeiro turno, mas juntos no segundo”, disse o mineiro, destacando que não abrirá mão da candidatura mesmo sem a “benção” do ex-presidente.
O Novo, partido de Zema, corre risco de não superar a cláusula de barreira caso não eleja pelo menos 13 deputados federais ou não alcance 2,5% dos votos válidos para a Câmara e 1,5% em nove estados. Uma candidatura própria ao Planalto, ainda que sem apoio bolsonarista, é vista como estratégia para impulsionar votos e evitar fusão ou incorporação da sigla.
Mesmo diante de pesquisa Datafolha, divulgada no início de agosto, que aponta que 61% dos eleitores rejeitam candidatos que prometem anistiar Bolsonaro por suposta tentativa de golpe de Estado, Zema reafirmou que manteria a proposta.
“Eu não estou à procura de voto, estou à procura de solução. Temos que passar uma régua nisso, uma borracha, e olhar para o futuro”, declarou.
O governador disse apoiar as sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o ministro Alexandre de Moraes, mas considerou equivocada a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros. “Se tem um país como os Estados Unidos retaliando alguém aqui, ao lado de ditadores, de Cuba, de Venezuela e de outros países, eu acho que isso é um alerta para o Brasil. Acho que o governo dos Estados Unidos não deveria ter colocado tarifaço. Deveria, sim, ter retaliado as pessoas que estão provocando esses problemas aqui no Brasi”, disse Zema.
O governador também criticou Lula pela postura com Washington, afirmando que os EUA, responsáveis por 12% das exportações brasileiras, deveriam ser tratados como “cliente importante” e que o presidente “deu motivos” para retaliações. “Há anos o nosso presidente Lula tem criticado de maneira sistemática os Estados Unidos, tem feito descaso, tem feito ironia, tem questionado o dólar e [os EUA] são o segundo maior cliente do Brasil. Eu fui varejista minha vida inteira. Cliente, a gente trata bem. A gente não fica fazendo ironia, não fica agredindo. E o presidente Lula fez isso e, além disso, se aproximou de países, de ditadores, nitidamente antiamericanos. Então, me parece que ele deu todos os motivos para os Estados Unidos quererem fazer alguma retaliação aqui”, afirmou.
Zema também disse não concordar com a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vem atuando junto a integrantes do governo estadunidense para impor sanções ao Brasil. 'Ninguém, nenhuma pessoa, nem o presidente, está acima de uma nação com mais de 200 milhões de habitantes. Nenhum ex-presidente, nenhum ministro, ninguém. Então, não concordo', disse Zema sobre o filho do ex-mandatário.
Zema também afirmou que aceitaria cooperação internacional, inclusive de militares americanos, para combater facções criminosas no Brasil, desde que acordada previamente. Ele citou o exemplo de El Salvador, defendendo penas mais duras contra o crime organizado.
O governador voltou a propor lei que proíba pessoas em situação de rua de dormir ou acampar em vias públicas, comparando o caso ao de veículos estacionados irregularmente que são “guinchados”. Disse que essas pessoas deveriam ser encaminhadas a abrigos, mesmo contra a própria vontade.
Também prometeu “aprimorar” o Bolsa Família, defendendo que beneficiários possam manter o pagamento por um período após conseguirem emprego — mecanismo que já existe desde 2023, mas que Zema disse desconhecer.
Com patrimônio declarado de quase R$ 130 milhões, Zema afirmou apoiar a reforma do Imposto de Renda para tributar mais os mais ricos. Defendeu ainda uma “CLT 2” que amplie a possibilidade de pejotização por escolha do trabalhador.
Sobre a Zona Franca de Manaus, Zema disse ser favorável a um “desmame” gradual, criticando subsídios permanentes. Negou preconceito contra o Norte e o Nordeste, mas voltou a apontar práticas políticas que, segundo ele, prejudicam o desenvolvimento.
Questionado sobre declarações que relativizaram a ditadura, Zema disse apoiar plenamente a democracia, mas afirmou que o período militar foi “semelhante a uma guerra”, com excessos dos dois lados.
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