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      Pressão contra Moraes nos EUA cresceu com a posse de Trump e apoio da ultradireita liderada por Bannon

      Articulação contra o ministro do STF foi impulsionada por Eduardo Bolsonaro, Steve Bannon e pelo governo Trump, culminando em sanção diplomática

      (Foto: REUTERS)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Uma ampla ofensiva política contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), vem sendo articulada desde 2024 e ganhou força neste ano, após a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para seu segundo mandato. As informações foram publicadas pela Folha de S.Paulo.

      A investida resultou na revogação do visto de Moraes para entrada nos Estados Unidos, anunciada em 18 de julho pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, responsável pela diplomacia do governo Trump. A ação, segundo a reportagem, é fruto de um esforço coordenado por atores da extrema-direita brasileira e norte-americana, com destaque para o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o ex-estrategista da Casa Branca Steve Bannon.

      Conexões internacionais da extrema-direita

      A ofensiva foi iniciada após a eleição de Trump em novembro do ano passado, quando Eduardo Bolsonaro já indicava que a vitória republicana abriria caminho para restringir viagens de Moraes aos EUA. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Eduardo chegou a afirmar que a eleição de Trump “aumentava as chances” de sanções contra o ministro do STF. Na ocasião, Eduardo estava nos Estados Unidos, onde participou de um jantar com Trump para acompanhar os resultados eleitorais.

      O plano se ancorava em uma legislação que tramitava no Congresso americano desde 2024, destinada a cancelar o visto de autoridades estrangeiras acusadas de ferir a “liberdade de expressão”. Parlamentares republicanos também se envolveram diretamente no processo: em setembro do ano passado, quatro deputados e um senador solicitaram oficialmente ao Departamento de Estado o cancelamento do visto não apenas de Moraes, mas de outros dez ministros do STF.

      Bannon, Rubio e a ofensiva institucional

      A ofensiva se intensificou em janeiro de 2025, com a posse de Trump. Um dos mais estridentes apoiadores da medida foi Steve Bannon, ideólogo da ultradireita e ex-estrategista do presidente norte-americano. Um dia antes da posse, Bannon declarou à Folha que pediria “sanções severas” contra Moraes, o que se confirmou meses depois. Embora afastado oficialmente de Trump, Bannon continua exercendo influência nos bastidores da Casa Branca e do Departamento de Estado, segundo a publicação.

      A movimentação contou também com a atuação do ex-apresentador Paulo Figueiredo, aliado de Eduardo Bolsonaro, que organizou encontros com membros do governo Trump. O grupo investiu em duas frentes: acelerar a tramitação da legislação contra autoridades estrangeiras acusadas de censura e pressionar diretamente o Departamento de Estado por sanções unilaterais, inclusive sugerindo o uso da chamada Lei Magnitsky, que permite congelar bens e restringir a entrada de estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos.

      A eventual aplicação da Lei Magnitsky a Moraes ainda está em avaliação, mas um rascunho de sanção já teria sido encaminhado para aprovação na Casa Branca, aguardando a assinatura do presidente Trump.

      Pressão direta de Eduardo Bolsonaro em Washington

      Entre janeiro e março deste ano, Eduardo Bolsonaro intensificou suas viagens a Washington, tendo realizado quatro visitas formais para articular a campanha contra Moraes junto a autoridades do governo norte-americano. Durante uma de suas viagens, em fevereiro, declarou: “A gente vai fazendo alertas, criando consciência. É isso que a gente tem feito aqui: batido de porta em porta. As portas estão abertas para nós. A gente está muito feliz com esse novo governo. Somos bem recebidos”.

      Com apoio também de Jason Miller, ex-assessor sênior de Trump, a narrativa levada a Washington era de que o Supremo brasileiro exercia poder autoritário e que a ofensiva contra Moraes poderia alterar o cenário judicial em favor de Bolsonaro e seus aliados. O STF, no entanto, sempre rechaçou qualquer influência política sobre suas decisões.

      Escalada em ano eleitoral

      Em maio, o Departamento de Estado anunciou novas diretrizes para impedir a entrada nos EUA de estrangeiros acusados de censura a cidadãos ou empresas americanas. Na avaliação dos bolsonaristas, a medida afetaria diretamente Moraes, o procurador-geral Paulo Gonet, o delegado da Polícia Federal Fábio Schor e outros membros do STF — com exceção dos ministros Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Luiz Fux.

      Ainda em maio, o secretário Marco Rubio admitiu publicamente durante audiência no Congresso que havia “grande possibilidade” de sanção contra Moraes. A ofensiva aumentou ainda mais com a proximidade do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, previsto para ocorrer entre agosto e setembro deste ano.

      Ofensiva culmina com ameaça tarifária de Trump

      Na semana passada, a pressão culminou em um gesto explícito de Donald Trump, que declarou apoio público a Bolsonaro e ameaçou o Brasil com a imposição de tarifas extras de 50% sobre exportações. Segundo a Folha, novos encontros ocorreram em Washington nesta semana, com Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo defendendo sanções ainda mais duras contra autoridades brasileiras.

      O estopim para a decisão de revogar o visto de Moraes teria sido a ordem judicial do ministro, determinando o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida, considerada provocativa pelos aliados de Trump, contribuiu para o endurecimento da postura diplomática americana.

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